Vale do Taquari – A assembleia de recuperação judicial entre produtores, agentes financeiros e a Promilk Laticínios foi suspensa a pedido do Banco do Brasil. A instituição pediu prazo maior para negociações com a empresa e pleitear garantia de pagamento prioritário. Aprovada pela maioria, uma nova assembleia foi marcada para 19 de outubro, às 10h, no ginásio da Comunidade Católica São Vito, em Novo Paraíso, Estrela.
Paralelo a isso, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-RS) apresentou emendas ao plano de recuperação proposto pela empresa. Sugere o pagamento de 50% dos valores devidos aos produtores de forma imediata e que a quitação do restante seja definida em assembleia.
As entidades sindicais ainda sugerem que, quando a LBR quitar as dívidas com a Promilk, esse dinheiro seja destinado para o pagamento dos agricultores. Cleunice Back, presidente da Fetraf, afirma que a classe não concorda com o pagamento de 50% da dívida em dez anos, com dois anos de carência.
Para quitar os R$ 2 milhões iniciais, os sindicatos querem a venda de patrimônio da empresa, como o posto de combustíveis localizado na Rota do Sol, nas imediações da Tangará Foods.
Segundo o procurador jurídico da Fetag, André Estevez, isso afeta aqueles cujo valor a receber é inferior a R$ 5 mil. Os produtores que têm R$ 4 mil a receber, que representam a maioria, receberiam R$ 40 de entrada e só depois de dois anos receberiam parcelas de R$ 15, R$ 20 por mês, ao longo de 15 anos. “Isso é um prazo muito longo, precisa ser revisto.”
Uma comissão com integrantes de sindicatos e cooperativas será formada para apresentar oficialmente a proposta. A direção da Promilk, sem assegurar o pagamento ou aceitação das propostas, quer utilizar parte do lucro gerado pela indústria de queijos, instalada em Rondinha, para auxiliar no pagamento dos valores devidos a bancos, funcionários, fornecedores e agricultores. A projeção é de registrar lucro de até R$ 500 mil ao ano.
Impactos no campo
Décio Gerhardt, de Lajeado, tem R$ 27 mil a receber da Promilk. Segundo ele, esse seria o lucro do ano, obtido pela produção de 30 vacas. Nos primeiros quatro meses após a falta de pagamento, os juros das contas chegaram a R$ 1,2 mil. “É uma falta de respeito. Queremos uma proposta honesta, não de 15 anos. Como o governo quer nos manter na roça? Desse jeito ninguém fica.”
Com Claudenir André Bergmann, de Canudos do Vale, a empresa tem R$ 6,5 mil para quitar. “Isso não é correto. Compraram e venderam nosso produto, mas não nos pagaram. Deveriam pagar um montante por mês.”
O produtor Laurindo Hammes, de Sério, está descrente de receber os R$ 2,4 mil devidos. “Não vamos receber mais nada”, lamenta.
Proposta da Fetag e Fetraf
Têm a receber até R$ 1 mil
pagamento integral em dois anos
Têm a receber até R$ 5 mil
quitar em cinco anos
Têm a receber entre R$ 5 mil e R$ 10 mil
quitar em sete anos
Têm a receber mais de R$ 10 mil
quitar em dez anos com dois de carência.
Proposta da Promilk
R$ 200 mil de entrada dividido proporcionalmente entre as partes envolvidas no processo. O pagamento começaria em dois anos e o parcelamento feito em 10 anos
Valores da dívida
Total: R$ 37 milhões
Produtores têm a receber
aproximadamente R$ 17 milhões
Instituições financeiras cobram
mais de R$ 18 milhões