Mormo ameaça desfiles tradicionalistas

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Mormo ameaça desfiles tradicionalistas

Estado promete fiscalizar eventos no dia 20 de setembro. Multa chega a R$ 45 mil

Vale do Taquari

Vale do Taquari – Suspeitas de novos focos do mormo ameaçam as cavalgadas do dia 20 de setembro. A doença bacteriana mata equídeos (cavalos, asnos e burros), e pode ser transmitida a pessoas. A Santa Casa, de Santana do Livramento, aguarda o resultado de um exame que pode constatar o primeiro caso.

Crédito: Anderson LopesA doença ressurgiu em uma fazenda de Rolante, município localizado a 175 quilômetros de Lajeado. Por enquanto, esse é o único caso confirmado. Ao menos outras 20 suspeitas no estado são analisadas pela Secretaria Estadual da Agricultura.

Para tentar evitar a disseminação da doença, a fiscalização promete realizar uma força-tarefa durante eventos. Todo cavalo conduzido ou transportado em via pública é obrigado a ter o exame que descarta o mormo, e estar com vacinas em dia. O proprietário deve portar uma Guia de Trânsito Animal (GTA).

A multa para os organizadores de evento que permitirem animais sem o exame é de até R$ 45 mil. Proprietários pagam R$ 1,5 mil. A validade do exame é de dois meses.

Em Fazenda Vilanova, o desfile cívico será a pé ou terá veículos. Reunião entre a Secretaria Municipal de Educação, a Vigilância Sanitária e as entidades tradicionalistas definiu que o desfile ocorrerá sem a participação dos animais para evitar risco de contaminação.

Municípios como Porto Alegre, Vacaria, Santana do Livramento, Bagé, Caçapava do Sul, São Lourenço do Sul e Canguçu já cancelaram as cavalgadas. Nessas cidades, muitos cavalarianos não são ligados a CTGs ou a piquetes, o que dificulta a fiscalização dos organizadores.

É prudente cancelar”

Para o médico-veterinário da Vigilância Sanitária regional, Marco Antônio Reckziegel, todas as exigências estão previstas por lei para evitar a disseminação da doença e a transmissão para humanos, principalmente tratadores e proprietários. Se todos os animais estiverem regularizados e com os exames feitos, não haverá problema.

No entanto, para ele, é difícil para o organizador do desfile saber da procedência de todos os animais. “Às vezes há dificuldade de saber quem vai ingressar na cavalgada no meio do caminho”, diz.

A partir da identificação da doença no estado, segundo Reckziegel, é prudente evitar eventos grandes, com aglomeração de animais de várias origens e regiões.

Para o presidente da Associação Municipal Tradicionalista de Lajeado, Flávio Rodrigues, medida se torna necessária diante dos riscos.

Tradicionalistas temem suspensões

Responsável por uma cabanha em Cruzeiro do Sul, Luiz Carlos Pedroso espera que o medo da disseminação não afete os desfiles na região. “Tem gente que espera e se prepara o ano inteiro para participar.”

Considera exagerada a obrigação dos exames. “A doença está longe daqui”, diz. O estado tem 575 mil cavalos registrados. Desses, ao menos cem mil participam de eventos.

A doença

O mormo é uma doença infectocontagiosa que acomete cavalos, burros e asnos, mas que pode atacar outras espécies, como o homem. É causada pela bactéria burkholderia mallei. Os sintomas mais frequentes são: febre, tosse e corrimento nasal. A contaminação acontece pelo contato com secreções, urina ou fezes. A bactéria penetra por via digestiva, respiratória ou por meio de lesão. Não há tratamento. Em alguns casos, a doença pode matar.

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