Conflito na câmara repercute em Lajeado

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Conflito na câmara repercute em Lajeado

Discussão entre vereador e representante do Vem Pra Rua interrompeu sessão

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Lajeado

Lajeado – A discussão entre o vereador Ernani Teixeira (PDT) e o representante do Vem Pra Rua, Douglas Sandri, na sessão de terça-feira, 18, repercute na cidade e em redes sociais.

Um vídeo da confusão publicado no Youtube superou 2,2 mil visualizações em menos de 24 horas. Na manhã de ontem, os dois protagonistas participaram de entrevistas em rádios locais.

A plenária dessa terça-feira foi interrompida pela discussão. A confusão ocorreu durante manifestação do vereador Ildo Salvi (PT). Antes, Teixeira leu uma carta, supostamente de alguém que teria se arrependido de participar das manifestações de domingo em Lajeado.

O autor do documento criticava um dos líderes do Vem Pra Rua, de nome Douglas.

Sandri interrompeu a fala de Salvi para questionar sobre a autoria da carta. Os dois saíram do plenário e a discussão subiu de tom.

Houve troca de ofensas e os demais vereadores tentaram arrefecer a confusão. Teixeira voltou ao plenário, mas os demais vereadores e seus assessores continuaram o bate-boca. A reunião foi retomada cerca de dez minutos depois, quando a situação se acalmou.

Jornal A Hora – Como começou a discussão?

Douglas Sandri – Eu cheguei depois do pronunciamento do Ernani e não acreditei no que ele tinha falado sobre a carta, pois não pareceu uma coisa séria. Depois outro vereador também tocou no assunto e eu fui até a tribuna e fiz alguns comentários. Nesse momento o presidente da câmara disse que o público não poderia me manifestar e eu me contive. O vereador Ernani fez contato visual para irmos conversar fora do plenário e aí começa a confusão que está registrada no vídeo.

Quem registrou a cena e como a filmagem foi publicada?

Douglas Sandri – O vídeo foi gravado por um rapaz que participou das manifestações no domingo e veio ontem (terça-feira) pela primeira vez na câmara. Durante o protesto, nós convocamos as pessoas para participarem da sessão. Ele me repassou as filmagens e eu publiquei ontem mesmo no Youtube.

Como você avalia o ocorrido?

Douglas Sandri – Era para ser uma conversa e terminou quase em agressão física. Eu não me exaltei em nenhum momento. Estava fazendo uma cobrança, pois como o vereador vai para a tribuna e lê uma carta anônima citando meu nome sem revelar fontes? Isso inconcebível. Ele alega que falou apenas em Douglas, mas sou o único dos organizadores com esse nome. Não entendo por que o vereador não me disse quem fez a carta e se ele não queria expor a pessoa, não deveria ter lido.

Sabe-se que algumas pessoas do Vem Pra Rua tentam fundar um novo partido. Você tem filiação partidária ou ambições políticas?

Douglas Sandri – Hoje não tenho filiação, mas existe tentativa de fundar o novo partido, com o nome de Partido Novo. Até a fundação não tenho atuação política e meu nome não está à disposição para ser candidato.

Vocês não temem o uso político do Vem Pra Rua por parte dos partidos de oposição já constituídos?

Douglas Sandri – Nós já fizemos crítica a um político do PSDB que foi preso em Lajeado. Quando um corrupto vai para a cadeia, deve ser comemorado. A oposição foi criticada pelo Vem Pra Rua no domingo. Mas, se não houver oposição livre, viveremos em uma ditadura. Sempre vai haver grupos que não concordam com o governo e isso faz parte da democracia. Mas é natural que, quando ocorre um grande número de problemas em determinada administração, ela receba mais críticas. Afinal, quem faz os contratos é o Executivo e quem defende a administração são os vereadores da situação. Queremos investigação. Não é porque teremos um processo eleitoral no ano que vem que vamos parar de criticar.

Jornal A Hora – Como começou a discussão?

Ernani Teixeira – Durante a fala do Ildo Salvi, ele fez sinal para falar comigo. Antes ele já tinha vindo nervoso na beirada falar com os vereadores, pois eu tinha lido a carta. Não pensei que ele ficar fora de si. Quando eu levantei fui até a salinha e ele alterou a voz. Falei para ir para o lado de fora para não dar tumulto. Havia uma sessão em andamento e não valia a pena. Só que ele desceu a escada gritando, pedindo para dar a carta.

Por que você não mostrou a carta?

Ernani Teixeira – Eu recusei porque o autor não quis identificar o sobrenome com medo de ser perseguido. Não vou criar um problema para quem fez a carta e até me arrependi de ter lido. Se o rapaz me desacatou daquela forma, eu que sou vereador antigo e nunca ofendi ninguém na minha vida, imagina o que faria? Ele veio para cima de mim, me peitou. Não olhei vídeo nenhum, mas tenho mais de 20 testemunhas do que aconteceu. Fui agredido verbalmente e afrontado.

Você pretende tomar alguma atitude quanto ao fato?

Ernani Teixeira – Mas não tenho nenhum interesse em levar adiante. Nem mesmo preocupação com o pessoal do Vem Pra Rua. Eles têm direito de se manifestar, mas não têm direito de querer reprimir os outros. Para mim, essa movimentação é política e o Douglas se doeu pela politicagem da manifestação, expressa por quem escreveu a carta.

Na sua avaliação, existem interesses partidários no Vem Pra Rua?

Ernani Teixeira – O Douglas falou em uma rádio que está criando um partido novo. Se está fundado um partido é porque é partidário. Eu não vou dizer que não tenho partido porque não é verdade. Acho que ele está faltando com a verdade e instigando a população a participar dessa baderna. Sei que a ex-prefeita participou, com uma placa contra a corrupção. Justo ela que foi apontada pelo Tribunal e teve que devolver dinheiro. O PP teve 30 anos no governo municipal e criou muitas famílias. Então o partido tem no mínimo 30% dos votos em qualquer eleição. É uma questão política e direcionada para descaracterizar o governo municipal.

Uma das principais críticas ao senhor é a defesa irrestrita do governo municipal. Como você avalia essas críticas?

Ernani Teixeira – Elogio o que é feito de bom e arco, junto com a administração, com a responsabilidade pelos erros. Procuro intervir, conversar e tentar acertar. Qualquer pessoa séria e honesta age dessa forma. Não critico porque faço parte do governo. Seria um hipócrita, safado, se estivesse no governo e aplaudisse obras boas e me escondesse quanto aos problemas.

Você se arrepende do que ocorreu?

Ernani Teixeira – Se eu soubesse que esse rapaz não é democrático, não leria a carta. Eu não estou aqui para tumultuar. A atitude dele relembra o golpe de 1964. Se ele quer iniciar na política dessa forma, começou errado. Eu desempenho meu papel como vereador, e acredito que com satisfação.

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