Em meio a protestos, Estado paga salários

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Em meio a protestos, Estado paga salários

Passeatas contra governo reuniram centenas de alunos e servidores públicos ontem

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Vale do Taquari

Vale do Taquari – As ruas centrais de pelo menos três cidades da região foram tomadas por alunos de escolas estaduais e servidores públicos na manhã de ontem, Dia do Estudante. Insatisfeitas com as ações e propostas do Executivo estadual, centenas de pessoas protestaram. Na mesma manhã, com atraso de 11 dias, o governo quitou valores pendentes da folha salarial de julho.

Crédito: Estevão HeislerO maior protesto no Vale ocorreu em Lajeado, das 10h às 11h25min. Integrantes de sete escolas estaduais do município, da Polícia Civil e servidores da Secretaria Estadual de Saúde se reuniram em frente ao colégio Presidente Castelo Branco, o Castelinho.

Munidos de cartazes, bandeiras e faixas, os quase 400 participantes seguiram em passeata pela rua Júlio de Castilhos. Ao passo que avançavam em direção à av. Senador Alberto Pasqualini, cantavam mensagens de repúdio ao Executivo, voltadas ao governador. “Alunos na rua, Sartori a culpa é tua”, pronunciava um grupo.

Nas calçadas, dezenas de comerciantes, clientes e moradores acompanhavam a caminhada. Grande parcela assistia à manifestação com ar de surpresa. Muitos, inclusive, aplaudiam. A passeata ganhou força no entroncamento da Júlio de Castilhos com a Pasqualini, com a chegada de quase cem estudantes e professores da escola Érico Veríssimo.

Ambos movimentos se uniram em frente ao posto de combustíveis Faleiro, onde foi improvisando um pequeno palanque. Líderes dos grêmios estudantis, do Centro dos Professores do Estado do RS (Cpers), do Sindsaúde e do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores da Polícia Civil (Ugeirm) enalteceram a junção de forças para cobrar melhores políticas do governo gaúcho e proteção do funcionalismo.

“Não podemos aceitar o desrespeito com o povo, com os servidores. Nós elegemos os governantes e eles devem atender ao povo”, destacou o presidente do grêmio da escola Érico Veríssimo, Bruno Cavalheiro, 17.

Presidente do 8º Núcleo do Cpers, Oséias Souza de Freitas, 32, reclamou das políticas de ajustes fiscais, que acabam penalizando servidores e a população.

Freitas ressalta a importância da passeata e agradece o apoio da sociedade aos servidores públicos. Conforme avaliação do presidente do Cpers, as pessoas estão entendendo as dificuldades e carências existentes e ajudando na busca por soluções.

Região mobilizada

Atividade semelhante ocorreu em Estrela. Servidores e estudantes das escolas Vidal de Negreiros e Moinhos, acompanhados de moradores, se reuniram na praça Menna Barreto às 10h. O grupo carregava cartazes feitos pelos alunos ainda na sexta-feira, a partir de análises realizadas nas salas de aula sobre a situação enfrentada no estado.

Quase 300 pessoas participaram. A passeata seguiu da praça até a rua Júlio de Castilhos, cruzou pelo calçadão e seguiu para a frente da sede da Coordenadoria Regional de Educação.

Em Paverama, alunos e professores do colégio estadual fizeram caminhada pelas ruas centrais a partir das 10h15min. Em Cruzeiro do Sul e Bom Retiro do Sul, estudantes tiveram atividades voltadas ao tema em sala de aula.

Novas manifestações estão previstas a partir do dia 18, quando ocorre assembleia geral dos servidores público do Estado para deliberar sobre greve no funcionalismo. Algumas categorias já discutem o assunto ao longo da semana, como é o caso do Cpers. Prevista para as 13h30min de hoje, no Castelinho, em Lajeado, assembleia regional para avaliar a mobilização do dia 18 e deliberar sobre possível greve.

Contas acertadas

Ontem de manhã, os servidores estaduais que estavam com parte do salário atrasado acordaram com as contas em dia. A diferença que excede os R$ 2.150 pagos pelo Estado no dia 31 de julho foi depositada para os trabalhadores no Banrisul. O governo projetava acertar os valores até o dia 25 deste mês, mas postergou outras dívidas para antecipar a quitação.

Foi uma decisão política, tomada no fim da tarde de segunda-feira após análise do ingresso da receita do ICMS. Sartori ordenou à Secretaria da Fazenda atrasar o pagamento da dívida com a União, mesmo sob o risco de o governo federal bloquear os repasses para o Rio Grande do Sul. Além disso, o Estado adiará pendências com fornecedores, incluindo hospitais e o repasse de valores às prefeituras.

O pagamento integral dos salários não significa que servidores públicos estão livres de novos parcelamentos. A quitação de agosto, por exemplo, dependerá da arrecadação e da compreensão da União quanto aos atrasos da dívida do Estado. Mas Sartori garante não faltarem esforços em busca de soluções.

O secretário da Fazenda, Giovani Feltes, detalha como o governo teve condições de quitar a folha de julho. Com o não bloqueio do repasse do Fundo de Participação dos Estados e do IPI de exportação, ingressaram no caixa do Estado R$ 100 milhões. A esse valor somaram-se R$ 250 milhões do ICMS (gasolina, energia e seletivos) e R$ 180 milhões de substituição tributária (forma de cobrança de ICMS que se dá na origem de uma cadeia produtiva).

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