Imigrante revive dia de medo, tiroteio e fuga

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Imigrante revive dia de medo, tiroteio e fuga

Passados oito meses, as agências do Banrisul e Bradesco voltaram a ser assaltadas. Ladrões invadiram os estabelecimentos e uma lotérica da Caixa no fim da manhã de ontem. Reféns foram usados como escudo humano. Dinheiro e armas foram abandondados em carro que capotou durante a fuga. Polícia já prendeu cinco suspeitos e busca outros dois em matos.

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Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Imigrante – A manhã tranquila de ontem, de tempo ensolarado e com pouco movimento pelas ruas centrais, prenunciava mais uma semana típica de calmaria. Mas a rotina da cidade com pouco mais de dois mil habitantes transformou-se em medo e agitação quando uma quadrilha de assaltantes de banco interceptou moradores, disparou contra prédios e invadiu as agências do Bradesco, Branrisul e uma lotérica da Caixa.

Crédito: DivulgaçãoEm dois carros – Nissan Tida preto e um Cobalt branco – pelo menos cinco homens armados com fuzis e espingardas calibre 12 chegaram em frente aos estabelecimentos às 11h45min.

Nesse momento, começaram a atirar para diferentes direções e segurar pedestres que passavam pelo local. As vítimas formaram um escudo humano na av. Doutor Ito João Snell.

Em seguida, os assaltantes se dirigiram às agências. A primeira a ser invadida, segundo relato de moradores, foi a do Banrisul. As portas de vidro do estabelecimento foram derrubadas pelos disparos. Depois de pegar o dinheiro, os criminosos entraram no Bradesco e, em seguida, na lotérica.

A ação durou 21 minutos, tempo suficiente para que a Brigada Militar (BM) se organizasse. Enquanto a viatura local permaneceu observando o crime a distância, policiais de Teutônia chegaram à cidade e obstruíram uma das saídas. Ao perceber a movimentação, os criminosos renderam dois seguranças e uma atendente.

A mulher e um dos vigias foram colocados no Nissan Tida, que partiu primeiro para a fuga em direção de linha Imoff. O outro veículo seguiu logo atrás, transportando a terceira vítima. No percurso, os assaltantes dispararam para diversas direções e arremessaram miguelitos sobre a pista. Pelo menos dois tiros acertaram a fachada da prefeitura – um deles cerca de 40 centímetros da janela do gabinete do prefeito.

Ladrões fogem, capotam veículo e perdem dinheiro

A polícia iniciou a perseguição e houve troca de tiros. Quase um quilômetro distante das agências, o motorista do Nissan Tida perdeu o controle do veículo ao passar sobre um quebra-molas e colidiu contra um barranco. O carro rodopiou e acabou de ponta- cabeça.

Os comparsas que seguiam no Cobalt branco pararam para ajudar. Machucado, o homem foi resgatado e as duas vítimas sequestradas liberadas. Ambas com ferimentos leves. Com o policiamento logo atrás, os criminosos acabaram deixando no local grande quantidade de dinheiro, uma espingarda calibre 12, revólver e touca ninja. Ao lado do veículo, ficou ainda um tênis masculino, supostamente de um dos assaltantes.

Na sequência, a quadrilha fugiu em direção à linha Boa Vista 37. Cerca de 60 metros distantes do acesso à comunidade – na entrada de uma propriedade – os ladrões abandonaram o carro, ingressaram em outros veículo e fugiram. A polícia não divulgou o valor roubado dos três estabelecimentos nem quanto foi recuperado. Mas informações extraoficiais dão conta de que pelo menos R$ 200 mil teriam sido deixados para trás.

Encurralados e presos

A quadrilha fugiu pela estrada geral de linha Boa Vista 37. A região liga diversas comunidades e municípios, entre eles, Boa Vista do Sul e Garibaldi. No trecho, policiais militares de Caxias do Sul que seguiam para o município interceptaram um Peugeot preto. A condutora, suspeita de ser motorista dos assaltantes, acabou presa, assim como o homem que estava no veículo.

Outros dois criminosos teriam escapado correndo mata adentro por uma trilha. Um helicóptero da BM foi utilizado na tentativa de localizá-los. Por terra, policiais do Pelotão de Operações Especiais (POE) seguiram as marcas deixadas pelos assaltantes. Diversas barreiras foram montadas na região e, até o fim desta edição, nenhum dos dois fugitivos havia sido localizado. Um deles teria sido baleado.

Outros três suspeitos de participação no crime foram presos no interior de Coronel Pilar. As buscas continuam, garante a BM, até a localização dos homens escondidos no matagal. Participaram ainda da ação agentes da Polícia Civil, do Instituto Geral de Perícias (IGP) e da Delegacia de Proteção ao Consumidor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Decon/Deic).

Terceiro assalto desde 2013

Crime semelhante ocorreu no dia 9 de dezembro do ano passado. Na época, pelo menos sete assaltantes chegaram em frente às agências bancárias atirando e renderam pedestres. As vítimas, como ontem, foram usadas como escudo humano na ação. Para entrar no prédio, os bandidos atiraram contra os vidros e os derrubaram com machadadas. Foram roubados o Bradesco e Banrisul.

Em seguida, o grupo se dividiu em dois veículos e escapou, levando duas empregadas das agências bancárias. Cerca de dois quilômetros distantes, no sentido de linha Imoff, as reféns foram liberadas e um dos carros, incendiado: um Vectra. Os assaltantes continuaram a fuga em outro veículo. Apenas um policial trabalhava naquele horário.

No dia 15 de fevereiro de 2013, o alvo dos criminosos foi apenas a agência do Banrisul no município. Em dez minutos, quatro homens armados renderam funcionários do estabelecimento foram rendidos e fugiram levando o dinheiro.

Suspeito participou de assalto em dezembro

Um dos suspeitos detidos pela BM tem extensa ficha criminal. Considerado o líder da quadrilha, Agripino Brizola Duarte, o “Véio”, 45, já participou de pelo menos outros quatro assaltos a bancos. A forma de atuação é a mesma verificada ontem. Um deles ocorreu em Imigrante, em dezembro de 2014. O coronel Humberto Teixeira Santos, do CRPO do Vale do Taquari, não soube precisar se ele é foragido do sistema penal.

Duarte também foi preso em fevereiro deste ano, acusado de chefiar assalto ao Banco do Brasil de Campestre da Serra, ocorrido no mesmo mês. A última informação referente a ele é de junho, quando a Justiça negou a prisão domiciliar do suspeito, que sofre de câncer. Antes disso, ele havia ganho o benefício, mas fugiu antes mesmo de receber a tornozeleira eletrônica, sendo recapturado dias depois em Vacaria.

Em abril de 2013, Duarte foi preso após furar barreira policial na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ele era suspeito de integrar uma quadrilha de seis criminosos acusada de promover um arrastão nos bancos BB, Banrisul e Sicredi, também em Campestre da Serra, em 28 de março daquele ano. Antes de ser preso, ele trocou tiros com a BM e foi alvejado na nádega.

O suspeito foi capturado pela primeira vez em 1988. Ele já passou por presídios de Porto Alegre, Novo Hamburgo, Charqueadas, Santa Rosa, Lajeado, Viamão, Caxias do Sul e Vacaria. Segundo informações da BM, Duarte tem família em Lajeado, onde seu filho cumpre pena em regime semiaberto por assalto.

A cunhada de Duarte, identificada apenas como Isaura, também foi presa durante a ação de ontem. Além dela, as equipes da polícia conseguiram prender os suspeitos Josué Ribeiro Wolz e João Maurício Machado, de Alvorada e Gravataí, e Paulo Rogério Ferreira.

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