Vale do Taquari – A comemoração do Dia dos Pais, neste domingo, aumenta as vendas na região e alivia os caixas do comércio. Lojistas esperam grande movimento para este sábado e ampliam os horários de atendimento. A data é oportunidade para amenizar os efeitos da desaceleração econômica.
De acordo com a Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), o comércio gaúcho movimentará R$ 345 milhões com a compra de presentes. O valor é equivalente ao registrado no mesmo período de 2014. O desempenho fica estagnado pelo parcelamento do salário dos servidores estaduais, grande parcela dos consumidores.
Presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), de Lajeado, Daniel Dullius confirma as projeções. Para ele, as vendas devem ficar nos patamares do ano passado. “Se isso se confirmar, consideramos como positivo”, diz.
Ele cita as dificuldades enfrentadas pelos lojistas devido às temperaturas acima da média neste inverno. “Perde menos que comprou menos mercadoria de inverno. Mas nesse caso também há menos oferta de verão nas lojas.”
Liquidações ajudam a manter abaixo da inflação os preços de calçados e vestuário, os mais procurados. Anúncios de até 50% de descontos em produtos ganham espaço nas vitrinas. Produtos mais baratos devem vender mais, apontam economistas.
O movimento começou a aumentar há duas semanas, relata o gerente de uma loja de vestuário masculina, Alex Espindola. Estima uma melhora de 20% comparado aos meses anteriores.
Gerente de uma loja de calçados, Fabiana Knopp, espera aumento de 10% nas vendas em relação ao último Dia dos Pais. Ela afirma que a quebra nas vendas do ano passado fez a empresa mudar de estratégia, com maior critério nas compras e na aposta em promoções.
Presentes mais baratos
Pesquisa da instituição apontou que 84% dos gaúchos pretendem presentear os pais neste domingo. Roupas lideram as intenções de compras com 50%, seguidas de sapato com 29,2% e, com 16,7%, perfumaria. Segundo a pesquisa, o preço do presente deve ficar entre R$ 90 e R$ 100. Em 2014, a média foi de R$ 110.
Produtos mais caros, como televisores, são menos procurados devido aos juros e pelo medo dos consumidores se endividarem. A doméstica Ana Luiza Souza, 42, pesquisou preços ontem, com o filho Lucas, 7. Neste ano, diz, será apenas uma lembrança para o pai e marido. “Tudo está mais caro, principalmente a luz. É hora de cuidar pra não entrar no cheque especial.”
“O brasileiro dá um jeito”
A redução do consumo no país era esperada pela equipe econômica do governo, afirma o economista Carlos Giasson. Ao contrário de períodos anteriores, quando as políticas públicas estavam voltadas ao incentivo ao consumo, diz, a realidade atual é diferente principalmente em função da necessidade de combater a inflação.
Segundo o economista, o governo faz isso por meio do aumento de impostos e da taxa de juros, ambas visando retirar dinheiro da economia e desincentivar o consumo. Menos demanda resulta em preços mais baixos, apesar da recessão e do desemprego no curto prazo.
Na prática, segundo Giasson, a queda nos preços ainda demora a acontecer, principalmente pelo aumento no custo dos principais fatores de produção: insumos como energia e combustíveis e mão de obra. Já a desvalorização da moeda torna o produto nacional mais caro, e o câmbio tem encarecido os importados.
Assim, o consumidor está mais precavido com gastos. “O brasileiro terá que se adaptar a uma nova realidade econômica, pois qualquer ajuste leva um tempo para dar resultado.” Nesse meio tempo, de acordo com o economista, as empresas precisam buscar maior eficiência, cortar custos e rever seu planejamento estratégico de curto prazo.
No entanto, Giasson finaliza que, mesmo em tempos difíceis, ninguém fica sem presente nas datas especiais. “O brasileiro dá um jeito.”
Dica do Procon
O consumidor deve se informar sobre as condições de troca da loja onde comprará o produto, indica o Programa de Defesa do Consumidor de (Procon-RS). Antes de pagar por uma calça, por exemplo, deve saber se há possibilidade de troca e quais as regras para adquirir um novo produto. Caso o bem não esteja com defeito, o consumidor só tem direito à troca quando a compra for feita on-line.
