Excesso de chuva encarece hortaliças

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Excesso de chuva encarece hortaliças

Produtos como brócolis, alface e couve quase dobraram de preço nos últimos meses

Vale do Taquari – A quantidade atípica de chuva registrada nas últimas semanas repercute de forma negativa no bolso do consumidor. Desde o fim de maio, produtos como chicória, brócolis e couve passam por seguidos reajustes de preço (veja relação na tabela). A umidade do solo dificulta o cultivo, diminuindo a oferta e a qualidade das plantas.

Crédito: Anderson LopesPesquisa do A Hora, com base nas cotações divulgadas pela Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS), aponta que os principais aumentos ocorreram nas folhosas, caso da alface. A dezena da verdura custava, no fim de maio, R$ 6. No mesmo período de junho, passou para R$ 10. Agora, o preço é de R$ 20.

A tendência, visto os seguidos períodos chuvosos, é de maiores elevações. O acumulado de chuva neste mês totaliza 427 milímetros (mm), sendo que a média prevista para julho era 170 mm. De acordo com a Emater/RS-Ascar, locais onde não houve alagamento ficaram molhados em demasia e limitaram o plantio. Em muitas lavouras, as culturas semeadas nos canteiros foram perdidas. No caso das transplantadas, ocorre crescimento retardado devido ao excesso de umidade.

Muitos produtores registraram prejuízos e não conseguem cultivar como de costume para a época. Na propriedade de Rafael Cunha e Leandro Lange, em Arroio do Meio, por exemplo, a umidade causou perda de 80% da área plantada de brócolis e 40% no caso da alface.

“O solo está encharcado e as plantas nem crescem com a ausência do sol. A qualidade está ruim”, avalia Cunha. Caso o tempo permaneça instável nas próximas semanas, algumas variedades podem ficar escassas e o preço continuar aumentando. “A saída para manter a oferta constante seria construir estufas, no entanto, o valor da estrutura é elevado”, aponta Lange.

Sócio de uma fruteira em Marques de Souza, Fábio Mertz cita que, em função do excesso de chuva, as pragas e doenças tomaram conta da propriedade do seu pai nos últimos três meses, de onde vem parte das mercadorias. Em virtude disso, foi necessário um reajuste de 20% nos preços. “Além da menor produção, a qualidade está prejudicada.”

Os fornecedores da fruteira são da Serra Gaúcha, onde o impacto foi menor se comparado ao Vale do Taquari. “Mas o grande problema aconteceu na parte baixa, região da grande Porto Alegre e encosta da serra, pelo fato das inundações.” Em alguns municípios, inclusive, feirantes tiveram de suspender as vendas devido à baixa produtividade.

Alimentação mais cara

Consumidores têm percebido aumento geral no preço da alimentação, seja na hora do supermercado ou em refeições fora de casa. A carne bovina, um dos principais ingredientes da cesta básica, por exemplo, teve incremento de quase 50% nos últimos cinco anos. “O jeito é pesquisar antes de comprar, se não aperta o orçamento”, ressalta a aposentada Ivani Maria dos Santos, 69, de Lajeado.

Apesar do maior preço das verduras, prefere mantê-las no cardápio da família e equilibrar as contas deixando de lado outros alimentos, como a carne. Para Ivani, hortaliças são indispensáveis. “Se pensarmos, elas não representam um valor tão grande e são muito importantes para a saúde.”

Impactos no campo

O acumulado de chuva também prejudica as lavouras de trigo e a produção leiteira. Nas propriedades onde o grão foi semeado, há ameaças de doenças, como o oídio e manchas foliares.

Segundo o engenheiro agrônomo e gerente regional adjunto da Emater de Passo Fundo, Cláudio Dóro, as chuvas provocaram redução de 20% na área do cereal no estado. Com o panorama, o potencial produtivo tende a ser reduzido.

Associada ao grande volume de água, a falta de luz solar prejudica o desenvolvimento das plantas. “Elas nem cobriram o solo ainda. Nas lavouras, doenças se proliferam, a força da água causa erosão e perda de nutrientes”, avalia Dóro. A situação exige atenção. Com plantas debilitadas, aconselha a aplicação de fungicidas e nitrogênio no retorno do tempo seco.

Com o fraco desenvolvimento das pastagens e a pouca oferta de pasto verde, os produtores de leite acumulam queda de 15% na produtividade, conforme levantamento da Emater. Ao mesmo tempo em que o resultado reduz, os custos aumentam. Com menos alimento, o produtor complementa o cardápio nutricional dos animais com silagem e ração. E até retomar a normalidade pode levar até 60 dias.

A situação reflete no bolso dos consumidores. Produtos como a nata registram aumento de até R$ 0,40 na unidade nas últimas duas semanas. Com a escassez de matéria-prima no campo, o preço pago pelo litro foi reajustado em R$ 0,03 em junho.

Preços chegam a triplicar

Produto Maio Junho Julho Variação
Brócolis R$ 15,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 15,00
Alface R$ 6,00 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 14,00
Couve R$ 8,00 R$ 15,00 R$ 15,00 R$ 7,00
Chicória R$ 8,00 R$ 10,00 R$ 15,00 R$ 7,00
Couve-flor R$ 25,00 R$ 25,00 R$ 30,00 R$ 5,00

Produtos são listados pelo valor da dúzia. Fonte: Ceasa/RS

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