Idosos sustentam 25,2% dos lares na região

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Idosos sustentam 25,2% dos lares na região

No dia dos avós, comemorado neste domingo, importância dos aposentados como provedores das famílias aumenta frente ao momento econômico. Dados do IBGE mostram que do total de 115.918 em 38 cidades do Vale, as pessoas com mais de 60 anos sustentam 29.256 residências.

Vale do Taquari – A participação dos idosos no sustento dos familiares apresenta constante crescimento.

01Conforme dados do Sindicato dos Aposentados do RS, há mais de 2 milhões. Deste total, 65% se dizem responsáveis por manter até quatro gerações.

Frente ao atual cenário de recessão na economia nacional, associada a maior expectativa de vida, essa tendência de idosos chefes das residências tende a se intensificar, diz a coordenadora do sindicato, Eunice da Cunha Luz.

De acordo com ela, cerca de 50% dos aposentados voltam ao trabalho. “O motivo é porque eles ainda estão jovens. Se sentem aptos a continuar na ativa.”

Um exemplo dessa situação é a de José Alberto Wermann, 65. Morador de Estrela, ele voltou a trabalhar para ajudar no sustento da família. “O dinheiro da aposentadoria é insuficiente. Se não fizer algum trabalho extra é difícil se manter.” Trabalha como autônomo, fazendo serviços de jardinagem.

Dados do IBGE mostram que mais de 17 milhões de famílias no país têm um idoso como provedor. Significa que um em cada quatro lares dependem do dinheiro dos aposentados para manter as contas, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).

Atividade econômica

Dados da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV) indicam mudança no perfil do público consumidor. Hoje, as pessoas acima dos 60 anos movimentam mais de R$ 1,85 bilhão na economia gaúcha a cada mês, afirma o presidente da AGV, Vilson Noer.

Além de participarem da criação dos netos financeiramente, eles são muitas vezes chefes de família e querem investir em qualidade de vida, diz. “A condição financeira deste público em razão da aposentadoria, e de muitos continuarem trabalhando, faz com que eles sejam fundamentais neste momento de crise.”

Essa mudança comportamental, revela maior poder aquisitivo para arcar com despesas de saúde, moda e beleza. De acordo com pesquisas da empresa Rohde&Carvalho, 59% das mulheres e 79% dos homens com mais de 60 anos trabalham e, mesmo os aposentados, têm uma nova visão de como gastar o dinheiro.

Para a especialista em pesquisas de mercado, Suzana Carvalho, da Rohde&Carvalho, a sociedade está mudando a sua percepção em relação ao envelhecimento, em especial com as mulheres. “É perceptível que hoje uma mulher com 50 anos ou mais, é mais ativa que em décadas passadas, atuante no mercado de trabalho, preocupada com a saúde e com sua beleza”, frisa. Segundo ela, há algumas décadas, a preocupação das avós era cuidar dos netos.

“Os presentes da vó são sempre melhores”

Diva Richter, 57, comemora a recuperação de uma lesão na coluna, enquanto brinca com a neta Eduarda, 3. “Minha maior alegria é poder segurar ela”, diz. A moradora do bairro Centenário, de Lajeado, afirma ter prazer em ajudar a neta com vestuário e alimentos, apesar de a filha ter independência financeira para cuidar de Eduarda. “Os presentes da vó são sempre melhores”, brinca.

Alguns avós superam perdas familiares e estabelecem nova relação com os netos. Os aposentados Reni dos Santos, 66, e Gedeci da Rosa Santos, 66, assumiram a tutela de Ariene, 13 e Ruan, 17, pela ausência dos pais. “Agora são meus filhos”, diz Gedeci, durante pesquisa de preços no supermercado. “O dinheiro a gente faz durar.”

Maria Celia Nilant, 70, sorri ao encontrar a bisneta Milena, 3, na Escola Infantil Doce Infância, do bairro Conventos, após caminhada de três quilômetros por uma estrada de terra. A depressão pela morte do marido e do filho fica em segundo plano, ao menos por algumas horas. “Saber que ela gosta de mim é um incentivo para caminhar”, relata Maria, ao abraçar a neta em meio aos brinquedos da escola. “É minha esperança.”

A volta para casa é de ônibus. Com a aposentadoria de um salário mínimo e a pensão, paga despesas da casa e ajuda a neta Viviane, 23, a comprar alimentos, fraldas e roupas para Milena. Ela lamenta o constante aumento dos preços, em especial da energia elétrica, e afirma ter dificuldades para garantir os remédios todo mês.

Inadimplência entre idosos

Pesquisa do Serasa aponta um aumento no número de idosos com contas atrasadas. O estudo considera os primeiros cinco meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014. A parcela de devedores com 61 anos ou mais passou de 11,8% para 12,2%. A diferença percentual indica que 600 mil consumidores entraram na lista de inadimplentes.

O crescimento também aparece em dados do SPC. Considerando a população a partir de 65 anos, 4,3 milhões de pessoas estão com o nome sujo. Os motivos, conforme os especialistas, são a inflação, a alta de preços de remédios e dos planos de saúde.

A ajuda a parentes endividados também ocasiona crescimento dos débitos dos aposentados. Alguns recorrem aos empréstimos consignados, fazem operações e não recebem o dinheiro para quitar as parcelas.

Capital mais velha

Porto Alegre é a capital com maior número de aposentados do país. O índice alcança 15,4% da população (ou mais de 211 mil pessoas com mais de 60 anos). Em seguida está o Rio de Janeiro, com 14,9% e depois Belo Horizonte, com 12,6%. Conforme Eunice, na capital gaúcha se destaca o percentual de idosos que se declaram responsáveis pelos lares (62,5%).

No Vale, a cidade com maior percentual de idosos provedores do lar é Coqueiro Baixo. A partir de informações do Senso de 2010, em 44,9% das residências, o orçamento dos aposentados é responsável pelo sustento da casa. Em seguida, aparece Dois Lajeados (41,3%). Praticamente empatados estão Relvado (40,64%) e Travesseiro (40,62%).

Na outra ponta, em Lajeado, o índice de idosos provedores é o menor entre os demais municípios da região. Do total de 24.962 residências, há 4.857 donos do lar com mais de 60 anos (19,4%). Em seguida aparece Teutônia, dos 9.299 lares, os provedores idosos são de 1.892 (20,3%).

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