Vale do Taquari – A demora para conclusão da obra de asfaltamento entre os municípios de Arroio do Meio e Capitão provocou manifestação na tarde de ontem. Moradores das comunidades de Dona Rita e Arroio Grande bloquearam a passagem da VRS-482 e prometem manter a rodovia trancada até que se tenha uma definição por parte do Daer.
O protesto começou por volta das 14h, em local onde foi construída uma galeria para passagem de água, próximo à Sociedade Esportiva Dona Rita. A comunidade despejou uma carga de terra no desvio realizado pela empresa Giovanella, responsável pela obra.
De acordo com um dos líderes do movimento, o aposentado Luís Alberto Araújo, 63, o desvio fica em uma área particular. “A proprietária cedeu o terreno para que a galeria fosse construída, mas autorizou o bloqueio por causa da demora na obra.”
Relata que a alegação do Daer, de que a obra parou por causa da chuva, não condiz com a realidade, uma vez que faz dez dias que chove e dois meses que os trabalhos cessaram. Conforme o aposentado, o Governo do Estado alega que o trecho é prioritário, mas indica não ter dinheiro disponível para o serviço.
Araújo afirma que o protesto é o primeiro de uma série que está sendo articulada pela comunidade. Segundo ele, serão criadas duas comissões para organizar o fechamento de outros trechos da rodovia nos próximos dias. Os moradores também ameaçam ingressar no Ministério Público, sob a alegação de desperdício de dinheiro público.
O produtor rural Darvil Luiz Meneghini, 56, orienta os motoristas a desviar o caminho pelo bairro Bela Vista. Porém ressalta que o trecho também pode ser bloqueado no próximos dias. “Se não resolverem, vamos fechar os demais acessos por períodos que variam entre duas horas e um dia inteiro.”
Conforme Meneghini, partes já concluídas para a base do asfalto se perderam devido aos atrasos. “Precisarão de mais dinheiro do contribuinte para fazer de novo”, enfatiza. Ele ressalta que as reiteradas promessas não cumpridas pelo Estado esgotaram a paciência da comunidade.
Problemas no trecho
O produtor rural Paulo Froelich, 55, afirma que o trecho da rodovia bloqueado representava risco para os moradores e motoristas. Ressalta que a galeria ficou exposta e que alguns postes de luz caíram na estrada e tiveram que ser substituídos.
“Esses dias um motociclista não conseguiu desviar e caiu no buraco”, lembra. Segundo ele, o que mais revolta a comunidade é o fato de a obra ficar inacabada após ter sido iniciada pela segunda vez.
O aposentado Celso Baioco, 64, lembra que as promessas sobre a rodovia se repetiram em muitos governos gaúchos. Segundo ele, o trecho faria parte do projeto original da BR-386. “Faz mais de 50 anos que se fala nesse asfalto.”
Baioco acredita que ao invés de fazer apenas a base para a pavimentação os trabalhos deveriam ser divididos em trechos menores. “Dessa forma, algumas partes seriam feitas até o fim. Do jeito que está, o dinheiro é gasto e o serviço é perdido .”
17 anos de espera
A pavimentação entre Arroio do Meio e Capitão parou pouco depois de ser iniciada, em 1998. Após concluir parte da base para a colocação do asfalto, a empresa Beter, vencedora da licitação, alegou problemas financeiros para suspender os trabalhos.
Em 2012, o então governador Tarso Genro prometeu solucionar os problemas e reiniciar a obra. No ano passado, o então secretário de Transportes e Mobilidade, João Vitor Domingues, anunciou a subcontratação da empresa Giovanella para dar seguimento aos trabalhos. A empresa seria responsável por 30% dos 16,5 quilômetros da obra, o restante ainda ficaria a cargo da Beter.