Famílias voltam, mas temem nova cheia

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Famílias voltam, mas temem nova cheia

Apesar do prognóstico de chuva, para a Defesa Civil há pouca chance de enchente

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Vale do Taquari – As famílias retiradas das áreas de risco começam a voltar para casa. Foram dois dias em casa de parentes ou nos ginásios improvisados pela região. Ao todo, a Defesa Civil contabilizou a retirada de 90 ribeirinhos na quarta-feira.

Anderson LopesNa manhã dessa sexta-feira, Bruna Alves Soares e o marido Diogo de Moura, limpavam os resquícios da enchente dentro de casa. Iniciaram cedo a retirada dos móveis do Parque do Imigrante, em Lajeado. “É cansativo. Desde quarta, fizemos quatro mudanças.” O casal mora na rua Carlos Spohr Filho.

Na terça-feira, conta Bruna, a noite foi de aflição. “Estávamos acompanhando a possibilidade de cheia. Ouvimos que a Defesa Civil afastava esse risco. Daí dormi tranquila.” De manhã, lembra, acordou com uma vizinha batendo na janela. Naquele momento, o nível do Rio Taquari alcançava 18 metros.

A velocidade do avanço da água obrigou a família a iniciar a retirada dos móveis. A água começou a se aproximar pelos fundos da casa e em seguida pela entrada principal. “Se demorássemos mais um pouco, poderíamos ter ficado ilhados.”

Após a volta para casa, o temor é que haja uma nova enchente na próxima semana. “Fomos orientados a retornar. Nos disseram que não tem perigo de cheia de novo. Mas, pelo jeito, a chuva continua.”

Com receio de uma nova enchente, o pedreiro Marcos Carvalho Machado, morador do bairro Conservas, preferiu esperar mais um dia. “Minha casa ainda está muito úmida.” Em Lajeado desde 2009, lembra da enchente do ano seguinte, em que a água estragou todos os pertences dele. “Eu estava trabalhando quando a chuva veio. Levou tudo.” Aos poucos, conseguiu recuperar os móveis. “Foram mais de seis meses até conseguir tudo de novo.”

Em Lajeado, 12 famílias foram retiradas de casa na quarta-feira. Cinco foram levadas até o Parque do Imigrante. Conforme a Defesa Civil de Lajeado, ainda que a previsão mantenha chuva, a quantidade de água não deve ser suficiente para uma nova enchente.

Monitoramento dos rios

Conforme o coordenador do município, Gilberto Schmidt, as equipes de trabalho no socorro aos ribeirinhos foi desmobilizada. Pelo acompanhamento dos rios, há redução no nível da água. Na tarde dessa sexta-feira, no Porto de Estrela, as réguas marcavam 17,5 metros. O normal é 13 metros.

Pela previsão, é para chover cerca de 60 milímetros. Conforme Schmidt, essa quantidade não é suficiente para avanço no nível dos rios. “Estamos monitorando. Em média, precisa chover mais de 140 milímetros nas cabeceiras para termos uma nova enchente.”

Apesar de pouco possível, Schmidt alerta para a necessidade de acompanhamento constante. “Sabemos que existem variações. Quando se trata de natureza, não podemos descartar nenhuma possibilidade.”

Cuidado com os animais

Município e a ONG Amando, Protegendo e Ajudando Muitos Animais (Apama) retiraram 21 cães das áreas alagáveis. Os animais passaram por avaliação veterinária, foram desverminados, tosados e chipados.

Conforme a presidente da Apama, Ana Rita da Silva Azambuja, as famílias donas dos cachorros preencheram um cadastro. Caso os animais sejam abandonados, é possível saber quem são os responsáveis.

INVERNO CHUVOSO

Depois de meia década, o El Niño retorna. Conforme a MetSul Meteorologia, o fenômeno tende a ser forte neste inverno. Os efeitos começaram a ser sentidos, e devem se acentuar na segunda metade da estação entre agosto e setembro.

A tendência é que o El Niño traga temperatura acima da média, com maior número de dias de temperatura amena ou elevada. A expectativa é que em 2015 haja alternância desses períodos com outros de frio intenso, logo sem frio regular.

Pela análise dos meteorologistas, o fenômeno deve ter um significativo impacto no regime de chuva, com precipitação acima da média e número de dias igualmente acima do normal.

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