Lojistas adiantam liquidações e frustram proposta da CDL

Você

Lojistas adiantam liquidações e frustram proposta da CDL

Campanha conjunta está prevista apenas para o início de agosto

oktober-2024

Lajeado – A uma semana de encerrar o primeiro dos três meses do inverno, muitos lojistas decidiram iniciar as liquidações da estação. Descontos de até 60% e facilidades de pagamento são oferecidas desde o começo do mês. Resultado do baixo movimento, em especial devido ao frio tardio e ao receio dos consumidores em relação ao cenário econômico, a medida frustra o plano da Câmara de Dirigentes Lojistas da cidade (CDL).

Crédito: Anderson LopesA instituição prevê campanha conjunta de descontos apenas para agosto. Presidente da CDL, Daniel Dullius, prefere não se manifestar sobre liquidações em andamento. No entanto, reconhece prejuízos ao Liquida Lajeado. “Precisamos ter paciência com as vendas. Não adianta trocar figurinhas”, afirma ao comparar o custo da mercadoria com o valor adotado para atrair os clientes.

O cenário é semelhante ao enfrentado pelo setor varejista no mesmo período do ano passado, quando as promoções começaram na segunda quinzena do mês de julho. De acordo com o economista Carlos Giasson, os descontos antecipados seguem um mesmo propósito: equilibrar a receita das empresas pensando na próxima estação.

Neste ano, observa, duas questões principais influenciam na decisão dos lojistas. A primeira, o frio tardio e abaixo do esperado. Com isso, o período de vendas das mercadorias encurta e os empresários precisam encontrar opções para buscar a receita prevista para as primeiras semanas de inverno. “Eles precisam ter fluxo de caixa para custear, entre outras despesas, as compras da estação seguinte.”

Outro fator, que afeta todos os setores e não apenas o varejista, é a baixa atividade econômica. “As pessoas estão em um compasso de espera, tanto sobre investimentos como em relação aos gastos.” Segundo Giasson, os consumidores passam por um momento de incertezas e, enquanto não há uma estabilidade, preferem guardar dinheiro. Exemplo disso, aponta, ocorreu nas últimas datas comemorativas, quando as vendas ficaram abaixo do projetado.

Planejamento financeiro

De acordo com o economista, empresários devem fazer uma análise criteriosa do custo-benefício das liquidações. A necessidade de promoções, cita, varia conforme a realidade de cada estabelecimento.

A oferta de descontos, ressalta, não significa que determinada empresa está falida. Mas, sim, que ela busca se recapitalizar. “As vezes é mais vantajoso vender barato para evitar a busca por crédito bancário, por exemplo, para comprar as mercadorias da próxima estação.”

Muitos economistas brasileiros defendem a ideia de que o mercado não está em crise, mas que retorna ao patamar de anos anteriores. Com menos créditos à disposição dos consumidores, avalia Giasson, é natural haver redução das vendas. “Grande parcela do crescimento nos últimos anos foi em função disso. Influenciou as pessoas a consumirem mais. Mas o país não soube acompanhar esse aumento.”

Pior maio desde 2001

A Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada ontem pelo IBGE, mostra que o volume de vendas do comércio varejista, em maio, recuou -0,9% na comparação com abril e -4,5% em relação a maio de 2014. O resultado foi o pior para o mês desde 2001.

As maiores quedas ocorreram nos ramos de móveis e eletrodomésticos (-18,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-11,8%). No acumulado de 2015, as vendas recuaram 2,0% ante o mesmo período do ano passado.

Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o crédito mais caro, cuja taxa de juros está no patamar mais elevado em quatro anos, aliado à persistência da inflação e à deterioração do emprego e da renda, tem provocado uma desaceleração mais forte do setor em 2015.

Acompanhe
nossas
redes sociais