Restrição em POa afeta pacientes do Vale

Você

Restrição em POa afeta pacientes do Vale

Hospitais de alta complexidade alertam para impossibilidade de atender o interior

Estado – O colapso na saúde pública ganha um novo capítulo. O corte dos repasses para manter o atendimento via SUS nos hospitais de Porto Alegre restringe o atendimento a pacientes do interior. O anúncio partiu do prefeito da capital, José Fortunatti. Segundo ele, mais de R$ 60 milhões deixaram de ser repassados à saúde desde 2014.

Arquivo A horaPor ano, mais de dez mil pessoas do Vale são encaminhadas para consultas, exames ou cirurgias aos hospitais de Porto Alegre. De Lajeado, são 25 pacientes levados por dia para atendimento lá. “Às vezes mais, às vezes menos, depende do que a gente consegue agendar lá”, afirma o secretário de Saúde de Lajeado, Glademir Schwingel.

A situação pode piorar na região à medida em que as secretarias municipais de Saúde estudam cortar repasses dos convênios com as casas de saúde. O Hospital Bruno Born (HBB), apesar de ser referência em alguns atendimentos de alta complexidade, também reavalia os custos em determinadas especialidades.

A manutenção deste cenário, de acordo com Schwingel, prova ser impossível manter o ritmo de atendimentos. “Falta de financiamentos ficará insuportável. O resultado será de mais pessoas na fila”, diz. Segundo o ele, a espera por atendimentos eletivos deve aumentar de forma considerável e a responsabilização tende a cair sobre os gestores municipais.

Judicialização da saúde

O Tribunal de Justiça (TJ) negou o pedido liminar do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado que solicitava o repasse imediato, por parte do Piratini, dos recursos atrasados aos municípios e às instituições privadas sem fins lucrativos.

O mandado de segurança coletivo expõe o drama do sistema nos municípios, frente à incapacidade do governo estadual. De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Taquari, André Lagemann, a maioria dos municípios do interior não conseguirá atender a todos os pacientes. “O resultado é a criação de dificuldade para o usuário. Alertamos isso há mais tempo”, frisa.

A curto e médio prazo, sem mudança no quadro atual, aumentará cada vez mais o número de hospitais que restringem serviços. “A grande maioria já enxugou, diminui para poupar.”

Segundo Lagemann, a escassez de serviços resultará em um aumento de processos judiciais de pessoas que buscam a garantia de atendimento, ou de municípios que cobram o atraso nos repasses. “Vai judicializar a saúde, mais do que já está.” Só a minoria da população, com certo poder aquisitivo, conseguirá os serviços na rede privada.

Nessa terça-feira, Canoas teve uma liminar semelhante parcialmente concedida pela Justiça. O Executivo havia ingressado com pedido de liminar alegando que o déficit de repasses ultrapassa R$ 10 milhões.

RS tem 15 hospitais com restrição

De acordo com a Cosems, pelo menos 15 instituições estão fechadas ou com atendimentos suspensos devido à falta de dinheiro. Desse total, três encerraram as atividades. Outras 12 instituições reduziram serviços pelo SUS.

Nos próximos dias, mais podem parar. O Hospital de Caridade de Canguçu, no Sul do estado, já anunciou a possibilidade de fechar. Funcionários da Santa Casa de Santana do Livramento organizam greve a partir de hoje.

Saúde na UTI

Hospitais fechados

•Hospital de Passo do Sobrado

•Hospital Alcides Brum, de Santa Maria

•Hospital Nossa Senhora do Livramento, de Guaíba

Restrição no atendimento

•Hospital de Cardiologia, de Viamão

•Santa Casa de Jaguarão

•Fundação Hospital Santa Terezinha, de Erechim

•Unidade de Pronto Atendimento de Cruz Alta

•Santa Casa de Porto Alegre

•Hospital Centenário, de São Leopoldo

•Hospital de Montenegro

•Hospital São Carlos, de Farroupilha

•Hospital Santa Luzia, de Capão da Canoa

•Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, de Torres

•Hospital Bom Pastor, de Santo Augusto

•Hospital Silvio Scopel, de Cerro Branco

Acompanhe
nossas
redes sociais