Servidores do INSS aderem à greve nacional

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Servidores do INSS aderem à greve nacional

Classe reivindica reposição salarial e novas contratações. Defasagem passa de 30%

Vale do Taquari
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Vale do Taquari – Mais de 70% dos servidores do INSS paralisaram as atividades ontem. No estado, o índice alcança 80% do quadro. Quatro agências do Vale também participaram da mobilização. Apenas a de Teutônia funcionou normalmente. Em Encantado houve atendimento parcial.

Crédito: Renata AgostiniServidores das agências de Lajeado, Encantado e Estrela se reuniram no prédio da Previdência em Lajeado ontem. Hoje, o atendimento retorna na maior parte da região, porém, há chance de alguns servidores manterem a paralisação. Em Taquari, a mobilização se mantém por tempo indefinido.

A classe reivindica melhores condições trabalhistas, com reposição salarial de 27% e incorporação da Gratificação de Desempenho de Atividade do Seguro Social (GDASS) à aposentadoria. Segundo o delegado do Sindicato dos Trabalhadores Federais da Saúde, Trabalho e Previdência no RS (Sindisprev/RS), Alexandre Lorenzon, os servidores da Previdência não recebem aumento de salário desde 2008.

Outro pedido é a realização de concurso público, esperado há dois anos. Apesar de a diretoria do INSS projetar a abertura de cerca de 900 vagas e a nomeação de outros 200 servidores, os números não suprem a demanda nacional. Conforme Lorenzon, em todo o país, são necessários mais de dez mil funcionários.

Só no Vale do Taquari, cinco agências (ver tabela) somam uma defasagem estimada de 30,7% no número de servidores. O déficit no quadro funcional gera acúmulo de trabalho e pressão trabalhista. “A maioria dos servidores tem que trabalhar mais de 30 horas semanais para vencer as metas”, diz.

Situação relatada pela servidora Sandra Takage, em Lajeado. Ela entrou na agência em 2013 para substituir um servidor desligado. Porém, na sequência, outros quatro servidores saíram, sem reposição do quadro funcional. A defasagem reflete no aumento da carga horária diária, para garantir os atendimentos esperados.

Horário estendido

A agência do INSS de Lajeado atende, em média, 400 pessoas por dia. Pelo menos 30 procedimentos diários são agendados. Para conseguir dar conta da demanda, o atendimento nos guichês ocorre em horário estendido das 6h às 18h. Divididos em dois turnos, alguns funcionários ficam sem intervalo.

“Temos 60 minutos para auxiliar a pessoa a encaminhar a aposentadoria. O tempo inclui entrevista, checagem de documentação e encaminhamento”, relata um dos servidores. Segundo ele, os funcionários trabalham sob assédio moral, pressionados a cumprir metas, independentemente da complexidade dos casos que demandam de mais tempo. Em caso de erros, os funcionários recebem punições com desconto salarial.

“Temos preocupação com a qualidade do serviço público”, diz Lorenzon. Segundo ele, o sistema de operação interno também atrasa os atendimentos, ao sofrer trocas constantes e dificultar o trabalho prestado.

Tratativas com o INSS

Desde 2010, a classe tenta um acordo com o INSS. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, se reuniu há menos de 15 dias com integrantes de mais de 40 instituições representativas dos servidores para debater o reajuste salarial, em contraproposta às reivindicações da campanha deste ano.

No encontro, o governo apresentou proposta de 21,3% de ajuste em quatro anos: 5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75% em 2018 e 4,5% em 2019. O Sindisprev recusou a medida. Uma nova reunião com o presidência substituta do INSS ocorreu ontem de manhã, em Brasília.

Ainda não há acordo. O INSS deve emitir respostas por escrito às reivindicações protocoladas em janeiro deste ano.

Prejuízos ao público

Com a paralisação dos serviços, as principais prejudicadas foram as pessoas que procuraram pelo serviço. A agricultor Nilton José Gheno, 51, percorreu mais de 60 quilômetros do interior de Pouso Novo até a agência do INSS em lajeado. Ele e a mulher levaram a vizinha Odila Rama, 56, para encaminhar a aposentadoria.

O horário estava agendado há cerca de 20 dias. Desinformados sobre a greve, precisaram voltar para a casa, em Arroio do Leite, sem atendimento. “Fizemos um esforço para ajudar os vizinhos, eles não têm carro e são bem humildes”, diz Gheno.

Todas as pessoas que compareceram às agências com horário marcado foram orientadas a reagendar o atendimento. Segundo Lorenzon, elas não foram avisadas de forma direta sobre a paralisação. “Não tínhamos como avisar. Alguns decidiram hoje (terça-feira) pelo fechamento.”

Reivindicações da classe

• Carga horária de 30 horas semanais;

• Reposição salarial de 27%;

• Novo concurso público;

• Combate ao assédio moral;

Incorporação do Gdass na aposentadoria.

Defasagem de servidores

Agência Número atual Déficit*
Encantado 7 30%
Estrela 7 41,6%
Lajeado 18 28%
Taquari 6 33,3%
Teutônia 7 22,2%
Total 45 30,7%

*Estimativa

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