Plano prevê ampliar produção de energia

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Plano prevê ampliar produção de energia

Governo estadual aposta no setor privado para desenvolver sistemas renováveis

Vale do Taquari – Fontes renováveis são viabilizadas à medida em que a eletricidade encarece e os custos das novas tecnologias diminuem. O assunto foi debatido ontem, na Univates. Secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker promoveu o 13º encontro para elaborar o Plano Energético.

Leonardo HeisslerPrevisto para ser concluído no fim do ano, o estudo avalia a demanda por eletricidade e identifica quais os desafios para se garantir abastecimento na próxima década. Ao mensurar o potencial gaúcho, o plano detalhará os possíveis investimentos nas energias solar, eólica e biomassa. A aposta é no setor privado.

Projetos sólidos terão crédito. Se os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) diminuem, sobram bancos internacionais dispostos a financiar a implantação de tecnologias do país. Entre eles, o Banco da China procura o rendimento das altas taxas de juros do Brasil.

Empresas iniciam importação de painéis solares chineses, enquanto o laboratório da Univates busca conhecimento na Europa para baratear a produção dos equipamentos da região. A partir de três anos, placas solares e biodigestores podem se popularizar na região e amenizar problemas históricos no abastecimento.

No entanto, o fim da crise energética depende de novos investimentos em setores já consolidados. O Vale do Taquari produz apenas 13 dos 240 megawatts (MW) demandados. Para o presidente da Certel, Erineu Hennemann, o plano do governo estadual é uma ferramenta fundamental para a região vencer a burocracia e ampliar a geração hidroelétrica, junto com alternativas. “Temos o potencial para gerar mais de 280 MW.”

A secretária municipal de Desenvolvimento de Lajeado, Ivanete Fracaro, demonstrou preocupação quanto ao abastecimento do distrito industrial do município. De acordo com a presidente do Codevat, Cíntia Agostini, a oferta de resíduos orgânicos na região garante energia. O Vale produz 30% do frango, 15% de suínos e 9% do leite do Estado.

O presidente da CIC Regional, Ito Lanius, falou sobre a importância de se discutir as questões ambientais, por meio de um plano de ação e investimentos. Lanius entregou um documento a Redecker com sugestões. Para ele, é preciso superar a burocracia e o corporativismo para encontrar um equilíbrio no desenvolvimento econômico e sustentável.

Pesquisa e investimentos

A Univates mede a incidência solar no estado e a oferta de biomassa, enquanto desenvolve pesquisas tecnológicas para baratear a produção de eletricidade. De acordo com o pró-reitor Oto Moerschbaecher, é preciso determinar qual o resultado do investimento em energia solar e biogás.

O detalhamento sobre os resultados dessas tecnologias viabiliza a assinatura de contratos de venda dessa energia, a médio e longo prazo. Com esses dados, se determina a tecnologia de melhor custo-benefício para implantar.

Para aprimorar o desenvolvimento da tecnologia, a Univates se aproxima de centros especializados na Europa. No fim de agosto, o coordenador do laboratório de biorreatores, Odorico Konrath, visita o centro de estudos de biomassa (DBFZ) de Leipzig, na Alemanha.

Lá, os cientistas realizam pesquisas nos laboratórios para simplificar, baratear e tornar mais segura a produção de gás metano por meio dos dejetos. “Podemos agregar o conhecimento dos europeus ou trazê-lo para contribuir com nossas pesquisas”, afirma. A aproximação com o DBFZ também visa promover transferência tecnológica de equipamentos laboratoriais para o Vale do Taquari.

Energia concentrada

A Univates investe em sistemas fotovoltaicos. Eles utilizam lentes para radiação solar em células, e aumentar em dez vezes o resultado. O projeto está instalado e gera economia mensal de 40%. “Traz na prática aquele discurso teórico. Agora podemos mensurar a geração”, avalia Konrath.

A partir dessas obervações, diz, o próximo passo é oferecer os equipamentos. “Pode ser daqui a três ou quatro anos. O custo baixa e a energia encarece. Se continuar nesse processo, torna-se viável.”

Carvão mineral

Em vários momentos do evento, integrantes da SME demonstraram o interesse de explorar a mina de carvão mineral de Candiota. Por questões ambientais, apenas 1,5% da produção energética do país vem do carvão. A mina representa 90% dos recursos.

Investimentosno Vale

A Rio Grande Energia (RGE) anunciou investimento de R$ 30 milhões para instalar uma subestação em Arvorezinha, com linha de transmissão de Guaporé, com 27 quilômetros. A concessionária está em fase de definir o terreno para iniciar o projeto da obra.

Para Lajeado, a terceira subestação, prevista para maio deste ano, deve ficar para 2018. Por dificuldades na obtenção de recursos do BNDES, a empresa que venceu a licitação sequer começou o projeto de licenciamento ambiental. A empresa foi intimada a prestar esclarecimentos. Mas, de acordo com Redecker, é provável que a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) se encarregue da obra. O projeto também prevê nova linha de transmissão de Guaporé.

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