Plano avalia ações de prevenção a cheias

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Plano avalia ações de prevenção a cheias

Defesa Civil busca conscientizar famílias para adaptarem ambiente às inundações

Lajeado – A previsão de enchente para os próximos meses na região evidencia a importância das ações de prevenção a desastres. Plano desenvolvido pela Defesa Civil (DC) do município busca, entre outros quesitos, conscientizar famílias que vivem em área de risco a prepararem o ambiente para possíveis inundações.

Estevão HeislerCoordenador da DC, Gilberto Schmidt, usa como parâmetro programa desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o qual prevê cidades mais resilientes. Nele, são adotadas medidas em favor da redução das perdas causadas por desastres naturais. “Surgiu quando um terremoto devastou uma cidade no Japão. Na reconstrução das casas e prédios, foram usadas estratégias para minimizar impactos de um novo tremor.”

Tal sistemática Schmidt pretende trabalhar com a comunidade local, como nas áreas de risco já mapeadas de Lajeado. Nesses oito setores, estão demarcados 831 imóveis, onde residem cerca de 3,3 mil pessoas. “Queremos mostrar às famílias como elas devem se preparar para eventuais desastres e que não há necessidade de deixar suas casas.”

As pessoas podem permanecer, mas para isso precisam preparar o ambiente. Como exemplo, Schmidt cita o caso de Maria Derci dos Santos, 65, que reside faz mais de 40 anos em um mesmo endereço na rua Carlos Spohr Filho, no São José.

A casa da família, de madeira e com um pavimento, foi destruída pela enchente de 2011. Quase tudo foi perdido. Apesar das contantes inundações no bairro, Maria e o marido Luís Carlos Vasco da Cunha, 59, decidiram recomeçar no mesmo lugar.

Mas, para isso, construíram uma residência de alvenaria com três andares – o último, acima de qualquer cheia já registrada. Enquanto a obra estava em andamento, conduzida por Cunha que é pedreiro, a família ficou hospedada em uma moradia vizinha.

Longe da água

O projeto do casal foi testado e aprovado em meados de 2013, quando uma nova inundação chegou ao terreno. Enquanto o nível da água subia, os pertences existentes no primeiro pavimento foram carregados para cima. “E lá nós ficamos sossegados, apenas observando a cheia do alto”, lembra Maria.

Contudo, o teste mostrou a necessidade de ajustes no ambiente. O serviço de carregar freezeres e demais objetos colocados no andar inferior se tornou demorado e difícil, motivando o projeto criativo de Cunha.

O pedreiro construiu em frente de casa uma balsa de madeira, sustentada com quatro tonéis de plástico. Com quatro metros de comprimento por dois de largura, servirá para abrigar parte dos pertences quando acontecer uma nova cheia. “Ele vai subir com a água e manter nossas coisas protegidas”, aponta Maria.

Conscientização

Apesar da importância de investimento em prevenção, o coordenador Schmidt reconhece que ações concretas levam tempo para ocorrer. Para isso, aposta na conscientização das famílias. “É um trabalho de médio a longo prazo e estamos trabalhando em conjunto com a comunidade.”

Como exemplo, Schmidt cita palestras e encontros promovidos nos bairros, em especial nas escolas. Observa, inclusive, mais compreensão dos gestores públicos com a necessidade de investimentos na área. “Antigamente, quando ocorria um desastre, era só correr para Brasília e buscar dinheiro. Mas isso não funciona mais hoje. Precisamos prevenir e não remediar.”

Tratar das famílias instaladas em áreas de risco requer atenção especial, enfatiza Schmidt, pois trata-se de uma questão social. “Não podemos simplesmente chegar lá e pedir para que saiam. Elas moram há anos ali, muitas tiveram autorização para construir e pagam impostos.” Se não houve um regramento mais específico em outros anos, aponta, hoje isto se faz necessário.

Estrela lança projeto inédito

Proteger as encostas de rios e arroios, como regrar construções neste perímetro, é um grande desafio enfrentado pelos municípios. Nesta semana, o governo de Estrela apresentou projeto pioneiro no estado.

O Plano de Zoneamento Ambiental e Urbanístico das Áreas Especiais de Intervenção Ambiental de Estrela traz uma nova perspectiva para os municípios instalados às margens de rios ou afluentes. Considerados áreas de preservação ambiental, muitos municípios enfrentam dificuldades para aprovação de novas edificações após aprovação do novo Código Florestal, em 2012.

Criado por um grupo formado por técnicos das secretarias, biólogos, geólogos e integrantes da sociedade civil como arquitetos e engenheiros, o plano visa minimizar os impactos ambientais sem atravancar o desenvolvimento. Entre as medidas sugeridas, estão a construção, nessas áreas, de prédios com limitação de andares e que tenham seu próprio sistema de coleta e tratamento da água das chuvas e dos resíduos produzidos, por exemplo.

Para o prefeito Rafael Mallmann, é preciso pensar em desenvolvimento sustentável. “Nosso crescimento deve caminhar junto com a preservação. Um, no entanto, não pode atrapalhar o outro”, enfatiza. Caso não se apresentasse uma proposta, boa parte das construções seria inviabilizada.

No caso do Rio Taquari, a distância de preservação seria de 200 metros, enquanto que nos arroios Boa Vista e Estrela esta distância é de 50 metros.

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