Lajeado – Uma reviravolta na sessão de ontem resultou na suspensão da abertura de uma CPI. A medida serviria para investigar contratos e licitações para serviços de limpeza urbana firmados desde 2005. Com a desistência de dois vereadores, só quatro mantiveram a assinatura no requerimento, número insuficiente para iniciar a apuração parlamentar.
Os vereadores Antônio Schefer (SDD) e Djalmo da Rosa (PMDB) recuaram. Ambos haviam assinado, há duas semanas, o requerimento produzido por uma iniciativa popular. Schefer já havia demonstrado apoio à CPI desde o dia 12 de maio, quando Lorival Silveira (PP) havia tentado abrir a comissão, com uma proposta que teve apoio de outros dois colegas.
O vereador do Partido Solidariedade, que integra a oposição, estima gasto de R$ 20 mil com a CPI. “Teremos que contratar advogado, contador e mais umas duas ou três pessoas.” No entanto, a assessoria jurídica da câmara discorda das necessidades e tampouco dos gastos estimados. O regimento interno também não prevê contratações.
Schefer disse ainda que nenhum vereador se dispôs a fazer parte da comissão. “O presidente não pode. Círio Schneider (PP) não quer. Carlos Kayser (PP) não quer. Waldir Gish (PP) não quer. Djalmo também não. Não vou fazer por fazer”, sustenta.
Ele comenta ter conversado durante uma hora com o promotor de Justiça de Lajeado, Neidemar Fachineto, responsável por um inquérito do Ministério Público (MP) que também investiga os contratos. “Ele me garantiu que em 20 dias o MP vai finalizar a CPI (sic).” Para o vereador, os parlamentares devem aguardar.
Só mantiveram apoio à abertura de CPI os vereadores Mozart Lopes (PP), Círio Schneider (PP), Carlos Ranzi (PMDB) e Delmar Portz (PSDB). “Assinei convicto, pois a sociedade está pedindo para que sejam averiguados os contratos”, defende Schneider. “CPI não é gasto. É investimento. Não me envergonho de ter assinado e mantenho a assinatura”, diz Ranzi.
“Não consultei minha base”
Djalmo da Rosa (PMDB) afirma ter sido orientado “pela sua base” para voltar atrás e retirar a assinatura do requerimento. “Eu assinei sem consultar minhas bases. E eles me pediram para esperar a investigação do MP. Se o parecer do MP for contrário a administração, eu assino.”
Nota do Grupo Vem pra Rua
Grupo Vem pra Rua Lajeado é responsável pelo requerimento assinado por seis vereadores há duas semanas. Em nota, o grupo repudia a atitude dos dois vereadores que retiraram o apoio.
No texto, lamenta “articulações de bastidores que culminaram na retirada da assinatura de dois vereadores da CPI do Lixo, fazendo com que a mesma deixe de investigar os contratos suspeitos de corrupção.”
Ainda de acordo com a nota, o grupo demonstra “profundo lamento pela prática da má e velha política” pelos “vereadores que foram contra as investigações desde o início ou aos dois que não honraram com a sua palavra e assim traíram a sociedade lajeadense.”
Por fim, o grupo convoca uma manifestação popular para o dia 16 de agosto, e garante “não aceitar a política feita através da politicagem de bastidores para servir a conluio de interesses obscuros.”
21 projetos aprovados
Os vereadores aprovaram todos os 21 projetos de lei que estavam na ordem do dia. Seis deles denominam ruas nos bairros Conventos, Jardim do Cedro e Carneiros. Outras quatro propostas autorizam cobrança de contribuição de melhoria para obras de pavimentação.
Também foram aprovados projetos para repasses financeiros à Slan, também para manutenção de UBS e ao Sincovat. O Legislativo autorizou ainda incentivos à empresa Valis Automação, convênio para garantir internet à União Lajeadense de Clubes de Mães, permuta de imóvel no bairro Conventos e alterações de áreas públicas.
