Exportação deve encarecer carne bovina

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Exportação deve encarecer carne bovina

Nos últimos cinco anos, preço médio nos supermercados teve alta de quase 50%

Vale do Taquari
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Vale do Taquari – A abertura de mercados para a exportação de carne bovina causa euforia no setor produtivo e industrial. Uma alternativa que pode equilibrar parte da crise econômica no país.

No entanto, provoca impactos ao bolso do consumidor. Desde o início do mês, a União anunciou retomada das vendas à Argentina e Estados Unidos. Em seguida, projeta oferecer o produto para novos países.

Crédito: Anderson LopesDe acordo com o economista Adriano Strassburger, a oferta deve acompanhar o crescimento da demanda. Do contrário, os preços sobem. Nos últimos cinco anos, por exemplo, o valor médio da carne bovina teve incremento de quase 50%, conforme dados da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), muito em decorrência da exportação em alta.

Proprietário de uma churrascaria às margens da BR-386 em Marques de Souza, Leandro Pavi ajusta a sistemática do estabelecimento para evitar grandes mudanças no valor do espeto corrido. Mesmo assim, no começo do mês, a refeição passou de R$ 22 para R$ 25. “Repassei apenas parte dos reajustes, mas preciso segurar de outras formas.”

Uma das estratégias adotadas por Pavi é servir apenas determinadas carnes e evitar grandes variedades no cardápio. Assim, além de compensar no valor dos produtos, elimina-se a necessidade de auxiliares para o serviço. “Se não fizesse desta forma, o espeto corrido passaria de R$ 35.”

Outra vantagem apontada para manter os preços é a boa relação com o fornecedor. “Compro sempre da mesma pessoa. Então ela sabe que tem garantia de venda e, em contrapartida, também evita me repassar aumentos.”

As exportações, contudo, devem favorecer a estabilidade financeira do setor de carnes. Com o dólar em alta, cotado nesta semana em R$ 3,10, crescem os lucros do empresariado, de criadores e a arrecadação de tributos do governo federal. “Não resolve a crise enfrentada pela economia brasileira, pois todos os setores estão com dificuldades. Mas beneficia o segmento”, aponta o economista Strassburger.

Vendas retomadas

Ontem, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) publicou decreto reconhecendo o status sanitário do rebanho bovino brasileiro, liberando a importação de carne in natura ao mercado doméstico. A decisão põe fim a embargo de quase 15 anos na negociação entre os dois países e abrange, além do RS, outros 12 estados e o Distrito Federal – correspondentes a 95% da agroindústria exportadora.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mais de 40 mil toneladas anuais do produto devem seguir aos Estados Unidos. Para a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), tal volume tem condições de chegar em cem mil toneladas por ano até 2020.

No entanto, antes do início das compras, o departamento norte-americano avaliará a equivalência dos programas de sanidade do Brasil com os praticados no país. Segundo expectativa do governo brasileiro, os frigoríficos devem ganhar aval para exportar a partir de agosto.

Novos mercados

Os Estados Unidos não se tornarão um dos maiores compradores, adianta o Mapa, mas seu aval deve abrir portas para o Brasil em outros mercados que o têm como referência.

Diversos países ainda visados pela União se baseiam nas decisões dos norte-americanos em virtude da rigidez da legislação sanitária e fitossanitária.

O maior comprador continua sendo Hong Kong, que importou 144 mil toneladas entre janeiro e maio. Há um mês, a China também habilitou oito frigoríficos que estavam suspensos desde embargo imposto em dezembro de 2012. Ainda neste mês, a Argentina derrubou o embargo à carne bovina brasileira.

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