Homenagem relembra Nico Fagundes

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Homenagem relembra Nico Fagundes

De gaita e bumbo leguero, tradicionalistas foram às ruas celebrar obra do artista

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Vale do Taquari – Mais do que ídolo, um amigo. Era o que o artista tradicionalista Antônio Fagundes, conhecido como Nico, significava para José Lauriano e Armando Hoffman. A dupla decidiu homenagear o músico, que morreu nessa quarta-feira.

Tammy MoraesReunidos em uma calçada na rua Saldanha Marinho, em Lajeado, os músicos apresentaram em 30 minutos os sucessos de Nico e de Os Fagundes. A iniciativa reuniu curiosos, que cantavam junto e aplaudiam ao fim de cada canção.

Hoffman, que é conhecido como Armando Gaiteiro, conta que, apesar de ter nascido na capital, não pôde ir ao velório de Nico. Sua preocupação foi também com outro amigo, sobrinho de Nico e apresentador do programa de tevê Galpão Crioulo, Neto Fagundes. “Espero que ele consiga passar por esse momento difícil.”

A intenção da apresentação inusitada era representar o sentimento dos músicos tradicionalistas da região que não tiveram oportunidade de prestar homenagem, diz Hoffman. Apesar da tristeza, a iniciativa foi alegre, comenta, com intuito de agradecer o legado de Nico para os gaúchos.

Lauriano, apesar da voz rouca por conta da mudança de temperatura, não deixou de prestar a homenagem com o bumbo leguero. Segundo ele, Nico era um grande profissional, que nasceu com o “dom” da música gauchesca.

Por diversas vezes, Lauriano teve a oportunidade de dividir um tradicional churrasco com Nico no Parque da Harmonia, na capital. Para ele, Nico foi um herói gaúcho. Agora, é trabalho dos cantores tradicionalistas continuarem seu legado, comenta.

As colegas de trabalho Cecília Alves e Érica Ribeiro apreciaram o show da dupla e opinaram que poderia se repetir diariamente. Érica veio de Minas Gerais recentemente para morar na região. Apesar de ser de longe, ela conta que conhecia os trabalhos mais famosos de Nico. Já Cecília é gaúcha e diz que para a cultura tradicionalista a morte de Nico será uma grande perda.

Importância cultural

Luciana Hoy, coordenadora cultural do Piquete Armada Nativa, diz que a cultura gaúcha ganha agora um ícone representante do tradicionalismo. Ela conta que ele era, além de historiador, um grande incentivador apaixonado pela cultura do estado. “Ele foi a personificação do que é ser gaúcho.”

Segundo Luciana, Nico foi grande responsável por enriquecer a cultura, com poesias e músicas. Ela ressalta que no país o Rio Grande do Sul é um dos únicos estados a ter um programa de tevê dedicado somente à cultura local e que está no ar há 30 anos. A iniciativa do Galpão Crioulo só deu certo pela influência e dedicação de Nico, opina.

Agora, o responsável por continuar com o legado de Nico na tevê é Neto Fagundes, que já faz um trabalho exemplar, lembra Luciana. “O Galpão Criolo é importante também para difundir a cultura gaúcha por todo o país.”

Todo artista gaúcho tem a caracterista de sentir como um amigo próximo do público e isso é um diferencial. Nico não era diferente, diz a coordenadora. A proximidade é necessária, afinal, os gaúchos fazem parte de uma grande família, finaliza.

Um pouco de Nico Fagundes

Formado em Direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e mestre em Antropologia Social, Nico Fagundes foi reconhecido na cultura gaúcha e premiado diversas vezes como poeta, novelista, compositor, autor e ator de teatro, televisão e cinema.

É respeitado como autoridade em folclore gaúcho, história do Rio Grande do Sul, antropologia, religiões afro-gaúchas, indumentária do Rio Grande, cozinha gauchesca e danças folclóricas. Apresentou por mais de 30 anos o Programa Galpão Crioulo, foi o autor de O Canto Alegretense, uma das canções mais conhecidas em todo o sul do país.

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