Os cerca de 60 mil associados da Certel pagarão mais caro pela energia a partir desta sexta-feira, 26. O reajuste foi aprovado ontem pela Aneel e levou em consideração os custos da cooperativa ao longo dos últimos 12 meses.
O índice aprovado foi de 37% para a rede de alta tensão (industrial) e de 38,7% para baixa tensão (residencial). No ano passado, a cooperativa teve redução nas contas de luz, que ficou em média 6,6% menor em relação a 2013.
A empresa atua em 48 municípios dos vales do Taquari, Rio Pardo, Caí e Paranhana e na Serra Gaúcha. Além da Certel, outras sete cooperativas de energia tiveram reajuste autorizado pela Aneel, seis delas com atuação no Rio Grande do Sul.
De acordo com o presidente da cooperativa, Erineo José Hennemann, desse aumento, apenas 5,32% fica com a Certel. O restante é utilizado na reposição de encargos do setor e na compra de energia. “O valor que sobra para a cooperativa não cobre nem mesmo a inflação do período.”
Segundo o presidente, a Certel será obrigada a reduzir custos e rever despesas para a confiabilidade e a qualidade do sistema. Além do reajuste abaixo da inflação, a cooperativa ainda aguarda receber cerca de R$ 5 milhões da Eletrobrás, referentes a encargos em atraso desde outubro do ano passado.
Hennemann ressalta que os atrasos nos repasses reduzem a capacidade de investimento da Certel. Conforme o presidente, mesmo com aumento anunciado ontem, as tarifas da cooperativa continuam cerca de 30% mais baratas em relação às praticadas pelas distribuidoras privadas.
Bandeiras tarifárias
Os associados das cooperativas de energia ingressam no sistema de bandeiras tarifárias a partir de julho. Com isso, além do acréscimo de 38% nas contas, clientes da Certel poderão pagar até R$ 5,50 a mais para cada 100 quilowatts/hora (Kwh) consumidos.
O sistema foi implantado em janeiro na maioria das distribuidoras e prevê três faixas de cobrança, de acordo com as condições para geração de energia. A bandeira vermelha, com a maior tarifa, representa condições críticas para geração de energia, com uso de usinas termelétricas.
Quando as condições de geração são menos desfavoráveis, é utilizada a bandeira amarela, que acrescenta R$ 2,50 para cada 100 Khw consumidos. Já a bandeira verde representa condições favoráveis para geração e não implica acréscimo nas contas.
A cor da bandeira é anunciada pela Aneel no fim do mês anterior à cobrança. Desde o início do sistema, todas as cobranças foram em bandeira vermelha.
Distribuição no Vale
Além da Certel, o Vale do Taquari é abastecido pela cooperativa Cerfox, de Fontoura Xavier, e pela AES Sul. A empresa atende o maior número de clientes na região e neste ano já teve dois aumentos autorizados pela Aneel.
Em fevereiro, uma revisão extraordinária nas tarifas da concessionária resultou em aumento médio de 39,5%. O motivo para o acréscimo foi o aumento no custo de produção da energia devido ao baixo volume dos reservatórios das hidrelétricas.
Menos de dois meses depois, um novo aumento nas contas da empresa foi autorizado, desta vez de 5,4%. Na ocasião, a Aneel justificou o reajuste, dizendo que o acréscimo era a reposição anual, direito de todas as distribuidoras.
