Apollo vira patrimônio do RS

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Apollo vira patrimônio do RS

Lei de incentivo facilita o acesso do grupo a recursos financeiros

oktober-2024

O Grupo de Canto Coral Apollo, um dos mais antigos do estado, teve o projeto de lei de incentivo à cultura aprovado, considerando a arte como patrimônio imaterial gaúcho.

Crédito: Ezequiel NeitzkeDe acordo com o especialista em Gestão Cultural e Negócios, Eduardo Gomes, a justificativa do projeto contempla os nove incisos da lei, facilitando o acesso a recursos financeiros disponíveis. “Isto permite que os artistas saiam da condição extrema de solicitante para profissionais do setor.”

Gomes afirma que registrar o canto coral da Sociedade de Canto Apollo como patrimônio imaterial é uma forma de divulgar a cultura e mostrar ao público a gigantesca riqueza folclórica desse grupo, cabedal musical do Rio Grande do Sul.

Para ele, há infinitas possibilidades na fusão da música erudita brasileira e a importância da obras feita na Região Sul na contínua transformação dos concertos.

“É uma forma de proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira, responsáveis pelo pluralismo da cultura.”

Hoje, o coral faz em média uma apresentação por mês. As atividades se resumem a ensaios semanais, apresentações em festas ou festivais de corais, concertos, atos públicos, cultos da comunidade e ainda atos fúnebres.

Entre os cantos, estão os folclóricos, festivos, sacros e do cancioneiro gaúcho.

Na trajetória do Coral Apollo, apresentações em várias cidades do estado e fora dele, inclusive no exterior, como nas cidade de Santa Rita e Santa Rosa Del Monday, no Paraguai.

Neste ano, o grupo fará turnê com dez apresentações pelo estado, o que anima os integrantes – uma vez que incentiva o ingresso de jovens na equipe.

Grupo está envelhecido

Segundo o presidente Hélio Rudi Krüger, uma das maiores preocupações é o envelhecimento da equipe de 20 pessoas. A maior parte do grupo está na faixa dos 70 anos e poucos jovens demonstram interesse em continuar a tradição.

À frente do coro faz seis anos, Krüger diz que há a oportunidade para jovens que querem exercitar a arte do canto. “Esta turnê irá reformular o grupo”, afirma. De acordo com o presidente, são cerca de 400 famílias associadas. A transformação do Canto Coral Apollo em patrimônio imaterial do estado se tornou um marco que pode trazer mais integrantes à equipe.

Uma história de vozes e cantos

Nascido na pequena Neu Berlim da Forqueta, hoje município de Marques de Souza, em 15 de agosto de 1886, o Coro Apollo foi idealizado pelos imigrantes alemães.

A Sociedade de Canto de Homens Apollo foi o primeiro sinal de vida comunitária organizada mesmo antes da fundação da igreja e da escola.

A distância entre os vizinhos e caminhos difíceis dificultava a locomoção levando assim à decisão do coro ser formado somente por homens, o que permanece até hoje.

Os estatutos de fundação do Apollo foram escritos em alemão com letra gótica e traduzidos em português. Esses documentos existem até hoje, comprovando os 129 anos do coral.

Em 1936, o coral suspendeu atividades devido à proibição de manifestações de imigrantes alemães durante a Segunda Guerra. As atividades foram retomadas em 1948.

Tradição do século XIX

O Coral Apollo é considerado um dos mais antigos do estado, com 129 anos, mantendo a tradição de seus antepassados, contribuindo com a preservação, memória e tradição.

Imigrantes alemães e italinos que povoaram a Região do Sul entre os séculos XIX e XX mantiveram as raízes culturais, artísticas, principalmente na música. Passaram de pai para filho, professora para aluno, a educação das crianças e dos adolescentes no manuseio de diferentes instrumentos e no canto coral.

Os jovens, com pequenos grupos musicais, animavam os kerbs e os bailes locais. Essa preservação musical dos alemães e italianos gaúchos representa um dos principais fomentos da multiplicidade cultural brasileira.

Ao lado do movimento tradicionalista, o canto coral reúne o segundo maior número de apreciadores e praticantes do estado: cinco mil. A média é de 23 cantores por grupo – o que representa 115 mil cantores diretamente ligados à arte. Com a participação indireta, de familiares e amigos, este número pode chegar a 500 mil pessoas, segundo a Federação de Coros do Rio Grande do Sul (Fecors).

Teutônia é o município com o maior número de coros. São 50 grupos que fazem jus ao registro de Capital Nacional do Canto Coral.

O canto coral do estado é um movimento tradicional, contemporâneo e integrador, representativo, baseado na comunidade. São diversos corais existentes do estado, de diversas etnias que ultrapassam as mais conhecidas como germânica e italiana, a exemplo do Coral Zemer, de Porto Alegre, no estilo melódico judaico.

Os grupos se formaram a partir da vontade de cantar e resgatar um pouco da trajetória heroica dos antepassados.

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