Governo corta mais verbas dos hospitais

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Governo corta mais verbas dos hospitais

Pagamento referente ao mês de maio foi 20% menor em relação aos anteriores

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Vale do Taquari – Um novo corte nos recursos de custeio pressiona ainda mais a rede hospitalar do estado. O pagamento referente aos serviços prestados em maio, depositado na sexta-feira, 19, foi 20% menor em relação aos anteriores.

De acordo com a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, dos R$ 70 milhões gastos pelas casas de saúde nos atendimentos de média e alta complexidade, apenas R$ 56 milhões foram repassados pelo Piratini. Não há previsão de pagamento para os outros R$ 14 milhões.

Conforme a Federação, outros incentivos de responsabilidade estadual ainda estão pendentes. Entre eles, o pagamento de programas de Urgência e Emergência, saúde mental, plantões e gestação de alto risco que, somados, superam os R$ 74 milhões.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Taquari e diretor do Hospital Ouro Branco (HOB) de Teutônia, André Lagemann, a queda nos repasses afeta os hospitais cuja gestão plena é feita pelo governo estadual.

Além da redução no último mês, desde o início do ano, o Estado deixou de pagar R$ 25 milhões mensais referentes ao co-financiamento do SUS. “A situação está cada vez pior”, ressalta. Segundo ele, as dificuldades enfrentadas pelo Piratini já eram conhecidas em outras gestões.

Porém, diante da crise financeira, acredita que o Estado deveria priorizar áreas de saúde, segurança e educação. “O governo alertou para o agravamento do quadro financeiro, mas estes são os setores mais importantes para a população.”

Lagemann lembra que a dívida do Estado com a rede hospitalar referente ao ano passado totaliza R$ 132 milhões. Com o corte do Incentivo Hospitalar (Ihosp) em 2015, outros R$ 300 milhões deixaram de ser repassados.

SFábio Kuhnfalta de recursos estaduais provoca atrasos em pagamentos de salários e fornecedores de medicamentos e materiais do HOB. Conforme Lagemann, o Estado deve mais de R$ 1 milhão ao hospital.

Desses, R$ 660 mil são referentes a serviços de outubro e novembro de 2014. Outros R$ 412,5 mil equivalem ao Ihosp deste ano. Com menos recursos, a administração do HOB reduziu o número de cirurgias eletivas e revisou contratos com prestadores de serviço.

Ajustes no quadro de pessoal e renegociação com bancos e fornecedores também foram realizados. Mesmo assim, a economia não foi suficiente para sanar os problemas financeiros. “Atingimos o limite.”

Conforme o diretor, ao mesmo tempo em que o hospital teve que absorver o reajuste coletivo no funcionalismo, em índices de 16% e 7,6%, os gastos com insumos, medicamentos, gases medicinais e energia elétrica tiveram acréscimos.

Lagemann estabeleceu prazo de 60 dias para que as medidas de contenção atinjam os objetivos. Caso não seja possível, novos cortes devem ser praticados. “Teremos que revisar o processo assistencial.”

Segundo ele, ações como os Dias D Municipal e Estadual, que alertaram a comunidade dos riscos de desassistência no atendimento médico e hospitalar, não foram suficientes para que o Estado se sensibilizasse quanto ao custeio da Saúde.

“Nesta semana, assistimos anúncios de hospitais em diferentes regiões que reduziram ou encerraram os serviços”, ressalta. Entre eles, estão as casas de saúde de Sobradinho, Passo do Sobrado, Cerro Branco, Farroupilha, Osório, Torres, Capão da Canoa, Santa Maria e Três de Maio.

Atendimentos em risco

O Hospital Estrela ameaça reduzir atendimentos caso o Estado não pague repasses atrasados. Desde outubro do ano passado, a instituição acumula um déficit que hoje supera R$ 1,4 milhão e prejudica a manutenção de equipamentos.

O governo propõe reduzir em R$ 240 mil o total contratado junto ao hospital. Hoje, cerca de R$ 140 mil mensais, referentes ao cofinanciamento, não estão sendo pagos. Com isso, a direção precisa priorizar o conserto de máquinas que estragaram. Um respirador de UTI e um aparelho de mamografia tiveram as placas queimadas, mas apenas o respirador será arrumado.

Caso o impasse com o governo do Estado não se resolva, o hospital prevê reduzir plantões e cortar gastos. Porém não há um plano estabelecido para isso, uma vez que o quadro de funcionários da instituição já é reduzido.

Investimentos previstos pela casa de saúde também estão parados. Entre eles, a elaboração de um novo Plano de Prevenção a Incêndios (PPCI) e a construção de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE).

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