Jornada de Saúde Mental aborda suicídio

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Jornada de Saúde Mental aborda suicídio

Evento começa amanhã. Organização espera mais de 400 participantes até sábado

A 2ª Jornada da Saúde Mental do Vale do Taquari inicia amanhã, com o tema suicídio. Voltada aos professores, profissionais de saúde e acadêmicos, o evento espera reunir mais de 400 participantes. A programação ocorre amanhã e sábado, no auditório 7 da Univates.

Crédito: DivulgaçãoOrganizada pelo Núcleo de Ensino da Clínica de Psiquiatra Avançada, a Jornada estimula a discussão sobre problemas recorrentes na sociedade, tratamentos, prevenção e estabelecimento de políticas públicas mais eficazes. Segundo um dos coordenadores, o psiquiatra Fábio Vitória, o evento educacional é um dos únicos da região sobre saúde mental, com aprofundamento científico.

Como diferencial, cita a presença de palestrantes reconhecidos internacionalmente e abordagens mediadas por conferências, mesas-redondas e exposições. Elenca a presença do professor e pós-doutor em Saúde Mental, o paulista Neury José Botega. O profissional lançará livro sobre o tema durante o evento. Palestra também o psiquiatra do Hospital de Pronto-Socorro de Porto Alegre, médico Jair Segal.

Segundo Vitória, o suicídio foi escolhido como tema pelo crescente número de mortes no país. Ao mesmo tempo, ressalta a necessidade de qualificar os profissionais da rede de saúde pública para prevenir e identificar os possíveis casos. “O evento será um momento de troca, fortalecimento dos grupos e apresentação de novas técnicas”, diz.

As inscrições para a Jornada ocorrem pelo site da Univates, com o pagamento de R$ 25, para estudantes da Univates, e R$ 80, para profissionais da área da saúde e acadêmicos de outras instituições. Informações pelo 3714-7000.

Apoio na saúde básica

Vitória ressalta os avanços no tratamento e serviços de saúde básica na rede pública, desde a reforma psiquiátrica. Ele frisa a necessidade de debater formas de prevenção, identificação e acompanhamento das pessoas que tenham algum transtorno mental, para evitar situações como o suicídio.

Dentre os principais espaços de apoio encontrados pelas famílias, estão os Caps. Na região, há mais de 12 mil atendimentos mensais nas seis unidades existentes. Só em Lajeado, ocorrem mais de 6,6 mil.

O Vale soma 28 oficinas terapêuticas, seis Núcleos de Apoio à Atenção Básica (Naab) e tem 70 leitos de saúde mental em hospitais. Apenas em última instância, os pacientes são encaminhados a clínicas de internação.

Médico alerta para prevenção

Um dos coordenadores da Jornada, o psiquiatra e mestre em Saúde Mental Fábio Vitória, fala sobre o tema. Ressalta a necessidade de qualificação dos profissionais da área da saúde para atuar na prevenção ao suicídio.

A Hora – Falar sobre suicídio é algo ainda bastante mistificado? Por quê?

Fábio Vitória – Sim, porque envolve o fato de tirar a própria vida. Tudo o que envolve saúde mental ainda é visto como subjetivo. As pessoas não conseguem entender muito bem que doenças psiquiátricas são doenças como qualquer outra. Geralmente são elas que motivam o suicídio. Falar sobre o suicídio, alertar a população às doenças psiquiátricas e prevenção é válido e necessário. É importante debater formas de prevenção, identificação e acompanhamento na saúde pública.

Como o senhor analisa a evolução das políticas públicas nos últimos anos em relação ao tratamento da saúde mental?

Vitória – A reforma psiquiátrica tem proposto uma melhora nos tratamentos de saúde pública da saúde mental. Estamos em um processo de habilitação e adaptação contínuas. Mesmo assim, muito precisa ser feito para ampliar os dispositivos para atender a demanda da rede pública. Infelizmente, ainda há quem ache que depressão é besteira, que as pessoas deprimidas ficam assim porque querem. Isso dificulta a compreensão e a própria aceitação das famílias.

Quais as formas de prevenir uma situação de suicídio?

Vitória – Primeiro, identificar as pessoas que estão adoecidas. Hoje se trabalha muito na qualificação da rede de atendimento da saúde básico. A ideia é tentar prevenir. Não adianta esperar chegar no pronto-socorro para ser atendido. É preciso ficar atento. Quem tem histórico na família ou doenças psíquicas, por exemplo, tem tendência maior a cometer suicídio. Tendência suicida é uma doença psiquiátrica, que precisa ser tratada. Ela muda a química do corpo.

Além das questões biológicas, a tendência suicida tem alguma relação com os valores, religiosidade ou contexto?

Vitória – Religiosidade protege, inclusive como comprovado no estudo do colega Rafael Moreno. Na sociedade atual, tudo passa muito rápido. O valor para a vida diminuiu junto com todos os outros valores da sociedade moderna. Crianças que tiveram uma infância adequada, com uma família capaz de promover afeto e cuidados adequados, são futuros adultos com risco muito menor de suicídio se comparado com crianças que vieram de situação traumática, como negligência e a violência psicológica. Na adolescência, a exclusão do grupo também é prejudicial.

Programação

Amanhã

19h – Abertura

19h15min – Palestra com a Secretaria Estadual de Saúde, ministrada por Marilise Fraga de Souza

19h45min – Palestra “Comportamento suicida: resultados de uma grande amostra pela internet”, com o psiquiatra Rafael Moreno

20h5min – Conferência sobre comportamento suicida no Brasil, com o professor da Unicamp, Dr. Neury José Botega

Sábado

8h30min – Mesa-redonda sobre tratamento biológico do comportamento suicida

11h – Mesa-redonda sobre aspectos biológicos do comportamento suicida

14h – Palestra “Vento norte: a história do suicídio no Brasil”, com Roberto Jung e Rafael Moreno

14h40min – Mesa-redonda Como eu trato? Pacientes com comportamento suicida e dependência química

16h30min – Palestra “Suicídio na terceira idade”, com o especialista Manoel Ernani Garcia Júnior

17h – Mesa-redonda sobre tratamento psicoterápico do comportamento suicida

18h30min – Encerramento, com festa às 22h

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