Prefeito gasta R$ 7 mil para ganhar prêmio

Você

Prefeito gasta R$ 7 mil para ganhar prêmio

Mallmann afirma que o dinheiro foi destinado para um curso de qualificação

CCR-aviso-ponte

Estrela – O município gastou R$ 8,5 mil para o prefeito Carlos Rafael Mallmann (PMDB) receber o Prêmio Juscelino Kubitschek, supostamente voltado para os 50 melhores prefeitos do país.

Anderson LopesA conta inclui hospedagem, troféu, palestras, alimentação e as passagens aéreas para Mallmann e o chefe de Gabinete, Cliver André Fiegenbaum. A inscrição custou R$ 7.180 e as passagens, R$ 1.341.

A empresa Premium Brasil Group organizou o evento, realizado no Wish Resort Golf Convention, em Foz do Iguaçu, entre 26 e 29 de abril. Na ocasião, notícias sobre o evento indicavam ser um dos mais importantes do país.

O esquema, apurado pela Rádio Gaúcha, e divulgado ontem, aponta que a empresa catarinense escolhe prefeitos pelo país e envia convites. O material recebido por e-mail diz que o gestor foi selecionado para receber a distinção. No site, a empresa diz usar “critérios subjetivos, do resultado prévio de breve pesquisa feita nos meios de comunicação.”

Ontem à tarde, por nota oficial, o prefeito afirmou: “Se, por acaso, por má-fé, fomos induzidos ao erro, peço desculpas à comunidade. Nosso governo é feito com seriedade, transparência e diálogo e sempre está disposto a corrigir qualquer descaminho.”

Durante o evento, palestraram o professor de Administração Pública, Delcio do Carmo Lima, o engenheiro mecânico e doutor em Educação, Walter Antonio Bazzo, e a pós-doutora em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Bernadétte Beber.

Santa Clara do Sul recusou convites

Prefeito de Santa Clara do Sul, Fabiano Immich recusou a oferta devido a exigência do pagamento. “Se não é de fonte governamental, peço para a assessoria nem me mandar, pois já fico com um pé atrás.”

Esquema conhecido

Faz pelo menos cinco anos o Prêmio JK é questionado, pois a maioria das cidades premiadas tem baixos índices de desenvolvimento. Na edição de 2015, foi agraciado o prefeito de Babaçulândia, Tocantins, 3.254º lugar no ranking de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

Há outros exemplos de legislativos municipais questionando os gastos públicos e a falta de critérios para entrega desse prêmio. Surgiram suspeitas sobre outras distinções entregues a gestores públicos, como o Gestor Nota 10 e o troféu Os 100 melhores Prefeitos do Brasil.

Em 2010, a empresa oferecera quatro pacotes. O primeiro, no valor de R$ 4,9 mil. Previa hospedagem, refeições, convites para jantares e baile da entrega do prêmio e troféu.

Mallmann nega compra de prêmio

Com o livro de um dos palestrantes em mãos, Mallmann justifica que o dinheiro público foi investido em um evento de qualificação, e não na compra do prêmio. Não vê irregularidades no caso. Ontem à tarde, no gabinete, o prefeito concedeu entrevista ao A Hora.

A Hora – O senhor comprou o prêmio?

Mallmann – Em nenhum momento, compramos o prêmio. Estrela, desde o início da nossa gestão, vem sendo reconhecida. Sistematicamente, vínhamos recebendo prêmios pela boa gestão. Quando nos chegou esse convite, nossa assessoria avaliou.

Esse foi o 13º encontro promovido por essa empresa. Nos foi passado que o município seria homenageado em função de alguns índices, como Índice de Desenvolvimento Municipais, e outros de gestão. Então a assessoria entendeu por bem participarmos do evento.

Não foi a premiação, mas um curso de gestão com os palestrantes de mais alto nível, um deles doutor da UFSC, que publicou vários livros. Uma boa palestra com uma doutora, sobre gestão de pessoas.

Participamos de um curso de qualificação, de um congresso, e no, fim desse evento, recebemos o prêmio que sabíamos que iríamos receber. Então, em nenhum momento, nós pagamos pelo prêmio, e, sim, tivemos as despesas de inscrição do curso, do material, da hospedagem e da alimentação, durante os três dias que estivemos lá.

A participação de municípios com índices abaixo da média causou alguma dúvida sobre a credibilidade do prêmio?

Mallmann – Não tive como saber. Só fomos informados sobre o nosso município. Soubemos dos outros no local.

Frente ao investimento, o resultado foi satisfatório?

Mallmann – Eu primo pela qualificação. Fiz minha pós-graduação em Gestão Pública, e sempre busquei novos conteúdos, aprender cada vez mais para melhorar a gestão do município. O curso teve material didático de primeiro nível, que recebemos durante o evento. Considero positiva a ida para lá. Muito embora tenha essa questão.

O prêmio para nós pouco importa. Avaliamos a questão do curso. E também do reconhecimento, não do prefeito, do município. Temos os índices, o Índice de Desenvolvimento Municipal de 082, considerado alto, o que só 6,7% dos municípios do país têm. Estamos acima da média estadual. Estamos entre os 20 do estado que mais geraram empregos.

O que me surpreende é que depois do 13º evento, quando Estrela é premiado, a credibilidade da empresa é posta em jogo. Nós também vamos avaliar isso agora. Até então, nada tinha contra essa empresa.

O que causa estranheza. Nós recebemos, da Isto É, uma revista de credibilidade, a indicação do mesmo prêmio que recebemos dessa empresa. Lançará um anuário, em julho, com as melhores cidades do Brasil. Estrela está entre as 50 melhores.

Estrela participará do evento da revista?

Mallmann – Agora vamos avaliar. A entrega deste prêmio será em São Paulo, mas não vou lá buscar, vou esperar aqui. Se o grande problema é buscar o prêmio, vou esperar ele em casa. Agora eu coloco esse prêmio em dúvida.

Qual a importância desses prêmios. É para divulgar a gestão?

Mallmann – É para divulgar a cidade. O povo nos avalia no dia a dia.

Acompanhe
nossas
redes sociais