Falta de verba compromete Mais Educação

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Falta de verba compromete Mais Educação

Escolas recorrem a pais e municípios para manter programa do governo federal

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Vale do Taquari – Criado para proporcionar atividades em turno integral a alunos da rede pública, o Mais Educação sofre com a ausência de repasses do governo federal. Escolas participantes do programa não recebem recursos desde a metade do ano passado e precisam recorrer aos pais e municípios para manter a iniciativa.

Anderson LopesDe acordo com o coordenador da 3ª CRE, Nelson Paulo Backes, mais de 1,6 mil alunos participam do Programa somente nas escolas estaduais da região. Conforme Backes, das 31 escolas estaduais participantes do Mais Educação, apenas 17 receberam verbas.

“Nas escolas municipais, a situação é ainda pior, pois nenhum município recebeu verba para o programa”, relata. Os recursos federais são utilizados para o pagamento de monitores, compra de merenda, materiais pedagógicos e equipamentos.

Os alunos do programa entram de manhã e só saem ao fim da tarde. Eles recebem de quatro a cinco refeições e participam de oficinas lúdicas, esportivas e pedagógicas no turno inverso às aulas.

“A iniciativa é espetacular e não pode ser abandonada”, avalia o coordenador. Segundo ele, algumas escolas se viram obrigadas a encerrar as atividades diante da falta de recursos. Em outras, os pais se reuniram e decidiram ajudar com o pagamento dos monitores e outras despesas.

Auxílio municipal

A administração de Arroio do Meio repassa R$ 10 mil por mês para o pagamento dos monitores em sete escolas. Conforme a secretária de Educação, Eluise Hammes, o Executivo iniciou o programa deste ano apesar da falta de garantia das verbas da União.

Além da verba municipal, os Círculos de Pais e Mestres (CPMs) também auxiliam com contribuições espontâneas. O envio da verba começou em abril, após o projeto ser aprovado pela câmara de vereadores

Na escola Bela Vista, dois terços do custo do programa são pagos pelo município e o restante é custeado pelos familiares. De acordo com a diretora Veranisa Facchini, a escola participa do Mais Educação desde 2011, com mais de 400 alunos. Por ano, são disponibilizadas 120 vagas.

Coordenadora do programa no educandário, Maria Luiza Lazzari enfatiza o papel das atividades em turno inverso para o aprendizado dos alunos. “Por meio do programa, conseguimos suprir as dificuldades dos alunos que precisam de um tempo diferente para aprender.”

Maria Luiza acredita que o desempenho melhora devido à metodologia empregada. “O objetivo é ensinar de forma lúdica para que o aluno aprenda brincando”, diz.

Neste ano são oferecidas oficinas de Matemática, Letramento, Informática, Ética e Cidadania, Artes, Música, Teatro, Reciclagem e Taekwondoo. “As escolas têm liberdade para definir as atividades e a contratação de monitores dispensa burocracias, o que dá agilidade ao trabalho.”

Para a coordenadora, a maior contribuição do Mais Educação é o estreitamento dos laços com pais e familiares dos alunos. Segundo ela, eles assumiram a responsabilidade de construir o programa junto com o colégio desde seu início.

Em Lajeado, a secretaria de Educação ajuda a manter as atividades em 11 instituições de ensino.

Os colégios pagam os monitores com verba própria e o município disponibiliza dois servidores do quadro para reforços na alfabetização e matemática.

Caso o repasse da União não seja destinado neste segundo semestre, não está descartado o fim das atividades.

Estaduais em dificuldade

O governo do Estado não disponibiliza verbas para o Mais Educação. Com isto, as escolas estaduais têm mais dificuldade para manter o programa. Na Moises Cândido Veloso, no bairro Hidráulica, faz dois meses que a direção extinguiu as atividades.

A escola de Lajeado precisou dispensar os monitores após ficar quase um ano esperando por repasses. Segundo a diretora Simone Azambuja Chaves, a instituição manteve as atividades até o fim do ano passado com recursos próprios.

A escola Otília Correa Lima, no bairro São Cristóvão, enfrenta dificuldade para manter as atividades. De acordo com a diretora Maristela Secco, apenas o recurso para alimentação dos alunos foi recebido. “Está funcionando de forma precária.”

Conforme Maristela, a situação do programa foi apresentada aos pais em uma reunião no início do ano. “Eles ficaram apavorados e decidiram contribuir para manter as atividades”, lembra. Segundo ela, mesmo alunos de famílias que não têm condições de ajudar são atendidos.

O colégio promove oficinas de Violão, Danças Tradicionalistas, Flauta, Esportes, Artes, Informática, Reforço e Horta Escolar. Cerca de 70 alunos participam. “Se tivéssemos acesso ao recurso, poderíamos atender mais de cem crianças.”

Problema temporário

O coordenador da 3ª CRE acredita que a ausência de repasses para o Mais Educação é temporária. Para Paulo Backes, o governo federal não deve desistir de um programa que garante a manutenção das crianças na escola. “Imagina o problema social que isso causaria.”

Backes acredita que o governo precisa rever algumas situações relativas ao programa. Entre elas, a remuneração dos monitores, que considera muito baixa. “Recebem em média R$ 5 a R$ 6 por hora, o que dificulta a contratação de pessoas qualificadas.”

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