Nenhum veículo da Brigada Militar pode ir para a oficina. A determinação foi repassada aos comandos nessa segunda-feira. A interrupção do serviço decorre do encerramento do contrato de manutenção. A corporação garante agilidade na solução ao impasse e formula novo edital. Até lá, veículos com eventuais estragos correm o risco de ficar parados.
Comunicado sobre o vencimento contratual foi repassado pela chefia estadual aos comandos regionais há cerca de uma semana. Ao início de cada mês, a corporação envia determinado valor para cada região, quantia administrada junto aos municípios a fim de garantir a manutenção e conserto periódico dos veículos até o novo repasse da verba.
No Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Taquari (CRPO-VT), o qual abrange 38 municípios, a suspensão do serviço não deve acarretar grandes transtornos. Na área de cobertura do 22º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Lajeado, por exemplo, as viaturas passam por manutenção preventiva e segundo o chefe do grupo, major Inácio Caye, todas estão em bom estado de conservação.
Em meio ao período de incertezas sobre quanto tempo o comando da BM levará para firmar novo contrato, o 22º BPM ampliou o pedido de cautela aos militares responsáveis por conduzir as viaturas. “Não teremos problemas se interrupção durar pouco tempo. Torcemos que a situação se resolva o quanto anos, mas não temos a informação de como está esse processo.”
A grande preocupação de Caye é com fatos atípicos, como acidentes de trânsito ou pane nos veículos. Na madrugada de ontem, por exemplo, um condutor embriagado colidiu um Chevette, de forma intencional, contra uma viatura estacionada em frente ao quartel de Lajeado.
O motorista era monitorado pelas câmeras de vigilância da cidade quando aconteceu o caso. Ele passou em alta velocidade pela av. Benjamin Constant, acessou a rua Júlio de Castilhos e ingressou pela contramão a rua Júlio May – via da sede policial – e atingiu o carro. Em seguida engatou marcha ré e subiu na calçada. Apesar dos estragos e da necessidade de reparos, a viatura continua rodando.
Comandante do 40º BPM de Estrela, major Marcelo de Abreu Fernandes, compartilha a posição do major Caye. Como o término do contrato é recente, não é possível precisar quais serão os impactos. “Isso tudo depende de quanto tempo levará para ser contratada uma nova empresa para executar esse serviço.”
Responsável por 11 municípios, o 40º BPM se antecipou a suspensão das atividades e ampliou as manutenções e consertos. Caso alguma das viaturas em uso sofrer algum contratempo, será possível utilizar as mais mais antigas, aquelas consideradas reservas pelo policiamento. Da mesma forma que no 22º BPM, a orientação aos motoristas é dobrar a cautela no trânsito.
Ajuda comunitária
Embora o comando da BM tenha interrompido o repasse de recursos, os comandos regionais têm como alternativa a eventuais estragos os Conselhos Comunitários Pró-Segurança Pública (Consepros). Tais grupos têm papel fundamental na cobertura de verbas para a polícia, incluindo compra de armamentos, reparos em quartéis e investimentos na frota veicular.
Em Lajeado, por exemplo, a Alsepro reinvestiu R$ 391 mil em segurança na região ao longo do ano passado. A associação lajeadense recebeu R$ 452 mil em 2014, dinheiro de penas alternativas, de ações do Banco SIM e do repasse de prefeituras.
Estado enviou 56 nova viaturas
Uma das vantagens da polícia militar frente à suspensão dos serviços é a qualidade dos veículos existentes. Nos últimos anos, o Estado enviou uma série de novas viaturas aos comandos regionais, reduzindo a quantidade de reparos necessários.
Desde 2010, o Vale do Taquari recebeu 56 novas viaturas, entre elas seis motocicletas e dois micro-ônibus. Além disso, sete caminhonetes S10, três Prismas, 27 Fiat Pálios, cinco Renault Sanderos, cinco Fiat Fiestas e um Renalt Dusters.
A última entrega ocorreu em março. Foram 13 Fiat Pálios para os municípios de Colinas, Coqueiro Baixo, Doutor Ricardo, Forquetinha, Imigrante, Lajeado, Muçum, Paverama, Poço das Antas, Pouso Novo, Putinga, Tabaí e Travesseiro.
A condição ameniza um problema antigo enfrentado pela polícia gaúcha. Até então, a BM dependia de veículos com quase 20 anos de uso, que apresentavam estragos de forma recorrente. As 56 viaturas entregues nestes cinco anos foram distribuídas entre os 38 municípios do CRPO.
