Dupla mata taxista por dívida de R$ 400

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Dupla mata taxista por dívida de R$ 400

Mulher de 27 anos e um menor confessaram o crime. Eles foram presos nessa quinta

Vale do Taquari – Operação da Polícia Civil (PC) prendeu uma mulher de 27 anos e apreendeu um adolescente de 17 anos. A dupla confessou ter assassinado o taxista arroio-meense, Valdir Antônio Pittol, 68. O crime teria sido cometido porque os autores precisavam de dinheiro para pagar uma dívida de R$ 400 a um traficante.

Renata AgostiniA investigação levou 22 dias. Na manhã dessa quinta-feira, 15 policiais realizaram mandados de busca e apreensão na residência da mulher, no bairro Novo Horizonte, em Arroio do Meio, e na casa do menor, no bairro Moinhos, em Lajeado.

Dentre os objetos apreendidos, está um cordão de metal supostamente usado para tentar estrangular a vítima no dia do crime. O material estava pendurado entre as paredes, servindo de varal improvisado. Roupas e calçados encontrados também passarão por análise. Segundo o delegado, Sílvio Huppes, o material genético coletado da dupla será confrontado com as quatro perícias feitas no interior do táxi.

“Ambos já confessaram o crime e confirmaram os fatos apurados pela polícia.” Conforme o delegado, o casal devia R$ 400 a um traficante de Lajeado. Com o crime, conseguiram cerca de R$ 300. Em depoimento, a dupla disse que não tinha intenção de matar, mas o taxista teria reagido.

A investigação identificou os suspeitos por filmagens de câmeras de estabelecimentos comerciais do Centro de Arroio do Meio. Uma delas registrou o momento em que o casal se dirigia ao ponto de táxi para realizar a corrida.

Depois de coletado o depoimento dos envolvidos, a mulher foi levada ao Presídio Estadual de Guaporé, onde aguarda julgamento. Segundo informações, ela está grávida do menor. Ele, natural de Santana do Livramento, seguiu para a Fase, em Porto Alegre. De acordo com o delegado Huppes, a dupla tem antecedentes criminais por furto e roubo.

Detalhes do crime

Morador de Arroio do Meio, Pittol foi morto no dia 23 de abril. Segundo a polícia, a dupla de criminosos solicitou a corrida por volta das 18h30min, com saída no centro da cidade até Lajeado. “O taxista inclusive teria comentado que seria a última corrida do dia”, diz Huppes.

Nas proximidades do Estádio do Lajeadense, em uma estrada vicinal, a mulher que estava no banco traseiro teria anunciado o assalto. Na sequência, ela tentou sufocar o taxista com um cordão de metal que arrebentou e foi substituído pelo cinto de segurança.

Foi então que o menor, no banco da frente, desferiu oito facadas contra Pittol. O corpo foi tirado do veículo, na rua Bernardino Pinto, e os bandidos se dirigiram até o bairro Conservas, onde abandonaram o táxi.

Segundo a investigação, a algumas quadras do local, a dupla se lavou e deixou as roupas sujas de sangue em casa de conhecidos, na Travessa Caixa D’Água. Minutos depois, chamara outro táxi e fizeram uma corrida para a av. Beira Rio. “O pagamento da corrida foi feita com um CD de música religiosa, gravado pelo menor”, relata Huppes. Do local, o casal pegou um ônibus até a rodoviária, onde rumaram para Arroio do Meio. Pittol era uma dos taxistas mais experientes e conhecidos da região. Pai da família, deixou a mulher e três filhos.

Morte no dia anterior

Um dia antes da morte de Pittol outro taxista foi assassinado em Paverama. Morador de Teutônia, José Guilherme Fell, 55, levou um tiro na nuca e duas facadas. O caso ocorreu por volta das 18h20min. O corpo do taxista foi encontrado às margens da estrada geral de Linha Brasil e o carro foi incendiado em Teutônia.

Apesar das semelhança entre os crimes, a Polícia Civil descarta a ligação entre eles. Segundo o delegado de Teutônia, Humberto Rohrig, só a evolução das investigações deve confirmar as suspeitas. Ele busca informações para identificar se o crime se trata de latrocínio ou homicídio.

Crimes causam mobilização

A morte dos dois taxistas em menos de 24 horas comoveu a classe. Uma carreata feita no dia 24 de abril chamou a atenção das autoridade para a busca pelos culpados. Desde 2010, seis foram mortos. O Sindicato dos Taxistas de Lajeado realizou abaixo-assinado para pedir a obrigatoriedade da utilização de cabines de segurança nos táxis.

Para prevenir crimes à classe, a Brigada Militar intensifica a fiscalização dos veículos. Comandante da 1ª Companhia do 22º Batalhão da Polícia Militar (BPM), capitão Luciano Johann, prometeu atenção especial aos taxistas. Reuniões para debater soluções devem ocorrer de forma mais frequente nos próximos meses.

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