Santa Flor esbarra na falta de recursos

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Santa Flor esbarra na falta de recursos

Com pouco apoio e medo de aperto financeiro, município protela evento para 2016

A terceira edição da festa das flores, a Santa Flor, foi transferida. Marcada para os dias 17 a 20 de setembro, a maior feira do município foi prorrogada para 2016. Comissão organizadora e governo justificam a medida devido a dificuldades financeiras, tanto no setor público como privado.

Crédito: Estevão Heisler/ArquivoO Executivo precisaria desembolsar pelo menos R$ 150 mil para cobrir as despesas do evento, cujo orçamento estava previsto em R$ 400 mil. O restante seria pago pelos patrocinadores e com o dinheiro arrecadado na venda dos estandes.

Mas grande parcela dos empresários desistiu de apoiar o custeio da festa alegando contenção de gastos. Assim, a dependência da Santa Flor sobre o município cresceu e demandaria contrapartida ainda maior. “Como os recursos federais e estaduais estão reduzindo, não podemos nos arriscar. É melhor adiar a feira do que deixar faltar remédios no posto ou alguma criança ficar sem vaga na escola”, ressalta o secretário da Administração, Eduardo Johann.

Apenas em Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) o governo municipal deixou de receber quase R$ 200 mil desde o início do ano. “Essas são verbas da União que têm um impacto grande nas contas de cidades pequenas”, observa o prefeito Fabiano Immich.

Outra dificuldade apontada pelo Executivo é a inconstância com que os governos federal e estadual têm enviado recursos ao município para manter serviços e programas criados por eles, inclusive de atenção básica. Immich lamenta que a administração municipal precise tirar dinheiro dos cofres públicos, que poderia ser usado para realizar obras, para cobrir essas despesas. “O Estado e a União criam os programas e depois jogam a responsabilidade de custeio aos municípios.”

Até o momento, o governo municipal necessitou completar cerca de R$ 660 mil para manter serviços na Educação e na Saúde, que são os setores mais prejudicados com a falta de repasse. “Por isso, preferimos adiar a SantaFlor em vez de interromper programas como o turno integral, por exemplo”, enfatiza Immich. Embora o momento seja de incertezas financeiras, o prefeito salienta o esforço do Executivo para manter os serviços à população.

Dinheiro para investimentos

O prefeito lastima o fato de a comissão organizadora ser forçada a transferir a Santa Flor. “Trata-se do maior evento do município, que mostra as potencialidades locais e permite novos negócios, porém temos que priorizar o atendimento aos moradores.”

De acordo com o gestor, o Executivo precisa manter investimentos como pavimentações asfálticas, construção do parque multiesportivo, colocação de ciclofaixa na ERS-413.

Mesma opinião tem o presidente da feira, Gilmar Neumann. Empresário do ramo madeireiro e da construção civil, atesta que as mesmas dificuldades enfrentadas pelos órgãos públicos são percebidas no setor privado. “Sentimos que teríamos dificuldades para conseguir patrocinadores para o nosso evento, pois a crise atual também afeta as empresas e outros potenciais investidores”. Na avaliação de Neumann, trata-se de um cenário que exige a transferência da feira até que a situação se normalize.

Demais cidades cancelaram festas

As dificuldades financeiras não são exclusivas de Santa Clara do Sul. Ainda em 2013, a Administração Municipal de Marques de Souza anunciou a transferência da quinta edição da ExpoMarques para este ano. A decisão foi motivada pela falta de recursos, decorrente de redução na arrecadação financeira, em especial pelo fechamento da praça de pedágio em Picada May.

Ainda com problemas no caixa da prefeitura, o prefeito Ricardo Kich descarta a realização da ExpoMarques para este ano ou para 2016. “Não temos condições financeiras e precisamos economizar.”

Em Forquetinha, o governo adotou, em março deste ano, uma série de mudanças na administração municipal para conter despesas a fim de se prevenir a uma futura crise. Entre os cortes, a quinta edição da Forquetinha Expofest prevista para novembro. O evento foi cancelado.

Bom Retiro do Sul adotou medida semelhante. A Expobom 2015, programada para este mês, foi adiada devido a dificuldades na captação de recursos. A organização da feira pretende realizá-la no segundo semestre, mas não tem data nem local definido. Este foi o terceiro adiamento desde o ano passado.

Feira passada demandou R$ 100 mil

A edição anterior da Santa Flor, realizada em setembro de 2013, atraiu cerca de 40 mil visitantes às dependências do ginásio municipal de esportes. Foram quatro dias de festividade. Na época, o município precisou repassar R$ 100 mil para viabilizar a realização do evento.

Um dos destaques foi o pavilhão de 900 metros quadrados instalado no campo do Santa Clara FC, com espaço para 49 expositores. Na edição passada, a área era 33% inferior. Toda a estrutura foi coberta.

Criada em 2011 para divulgar as potencialidades do município, a feira retrata o fortalecimento da floricultura, que virou uma alternativa para diversificar a economia, antes dependente do setor calçadista.

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