Vale do Taquari – O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) confirma a intenção de aumentar os limites de velocidade em rodovias federais dentro do Estado. A preferência é por trechos duplicados, e a previsão é permitir que motoristas trafeguem a até 110 quilômetros por hora em locais com baixa densidade de moradores e empresas.
Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF) cobram e atestam a necessidade de aplicar a mesma medida na BR-386.
A discussão é antiga. Mas voltou à tona com a duplicação do trecho de 33 quilômetros da rodovia entre Estrela e Tabaí. No trajeto, o limite máximo é de 80 e o mínimo é 40 km/h. No fim da década de 60, quando a BR-386 foi construída e inaugurada, motoristas podiam trafegar a até 120 km/h em pontos de pista simples.
De acordo com o superintendente do Dnit no Estado, Pedro Luzardo, os estudos realizados pelo departamento em diversas rodovias federais devem ser apresentados nos próximos dias. Até o momento, nenhuma confirmação a respeito de trechos pré-definidos. “Só após a conclusão dos estudos contratados será possível afirmar quais rodovias terão alterados.”
A ideia do Dnit é ajustar o limite em pistas simples e duplicadas para 100 km/h e 110 km/h respectivamente. Não há prazos até o momento para iniciar as alterações. Em setembro do ano passado, a PRF se manifestou favorável ao aumento do limite na BR-386, mas a discussão não avançou. Em outubro do mesmo ano, o MPF cobrou os estudos que hoje estão em fase final de conclusão.
Em março deste ano, o MPF também instaurou outro procedimento para averiguar as possibilidades de alterações nos limites da rodovia federal, no trecho entre Pouso Novo e Bom Retiro do Sul. O procurador da república, Cláudio Terre do Amaral solicitou à PRF e ao Dnit algumas informações técnicas.
A última alteração na BR-386 ocorreu em fevereiro de 2012, quando o departamento autorizou aumentar de 60km/h para 80km/h o limite de velocidade no trecho duplicado de oito quilômetros entre os Lajeado e Estrela.
“A PRF concorda com os 100 km/h previstos para pista simples e os 110 km/h para duplicada, desde que os limites sejam para veículos leves apenas. Isso porque nossos maiores problemas envolvem os veículos pesados”, comenta o chefe da 4ª Delegacia da PRF no Estado, Adão Vilmar Madril.
Entre as cinco com mais multas
A BR-386 possui hoje o quarto pardal que mais multou no Estado nos últimos anos. A maioria das infrações decorre de flagrantes de veículos acima de 100 km/h. Localizado no município de Nova Santa Rita, em um trecho duplicado da rodovia, o aparelho registra 60.591 infrações desde a instalação. O limite de velocidade naquele local é 80 km/h.
O mesmo equipamento é o quinto do Estado que mais multa por mês, com uma média de 2.277. A BR-386 possui 22 controladores de velocidade. Mesmo assim o número de acidentes subiu de 1709 ocorrências em 2012 para 1917 em 2014. Em contrapartida diminuiu o número de mortes caiu de 89 para 78.
Outras rodovias
O Dnit anunciou em novembro do ano passado que quatro rodovias federais estariam aptas a garantir segurança aos motoristas após aumento do limite de velocidade: BR-158, BR-285, BR-290 (Freeway) e BR-472. Apesar disso, a primeira alteração deve ocorrer mesmo na BR-153, entre a BR-290 e a cidade de Bagé. O projeto para a mudança está aprovado.
Posto da PRF em Tabaí sob análise
A superintendência da PRF no estado voltou a discutir a possibilidade de fechar o posto rodoviário de Tabaí. Em uma reunião realizada na Assembleia Legislativa, sob intermédio da Comissão e Segurança e Serviços Públicos, policiais e parlamentares debateram a situação atual da corporação.
Segundo Jerry Adriane Dias Rodrigues, superintendente da PRF, haviam 804 policiais na ativa em 2014 e hoje são 731 agentes. Para ele, o número necessário seria o de 1249 policiais. Mesmo assim, garante que o possível fechamento de postos é uma decisão política da corporação.
Deolindo Paulo Carniel, presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais (SINPRF/RS), demonstra preocupação com essa política adotada pela direção da PRF de fechar postos rodoviários. Cita que foram fechados postos de fronteira nos municípios de Dom Pedrito e Pinheiro Machado, e que o número de guarnições – que já foi de 46 no estado – está próximo de chegar a 30.
Já Madril diz estar tranquilo em relação ao posto rodoviário de Tabaí. Afirma que quatro policiais se revezam no local. “É preciso mais 30% de efetivo. Mas o trabalho melhorou naquele posto. No passado tínhamos apenas um policial por turno. Por enquanto ele segue aberto quando há policiais, e fechado quando eles estão nas rondas ou atendendo ocorrências.”
Em todo trecho da 4ª delegacia – 243 quilômetros entre Canoas e Victor Gräef – são 51 agentes atuando.
O possível fechamento do posto gera intranquilidade em Tabaí. Moradores estão habituados a ligarem para os policiais para ocorrências urbanas. O pátio da PRF também é utilizado como estacionamento por civis, que costumam deixar os veículos no local durante o dia para se dirigirem de ônibus para trabalhar em outras cidades. Agentes já auxiliaram até na realização de partos na comunidade.
Mais fiscalização contra excesso de velocidade nas rodovias federais
A Hora – Quando serão finalizados os estudos por parte do Dnit?
Pedro Luzardo – Não há uma data definida para a conclusão dos estudos. E após os estudos é necessário fazer os projetos. O estudo faz o cruzamento de informações sobre o volume de tráfego nas rodovias, as condições de pista, a geometria da rodovia, pontos no perímetro urbano, se a rodovia é duplicada ou simples, entre outros.
– Os trechos duplicados da BR-386 terão os limites de velocidade modificados para 110 km/h?
Luzardo – Somente após a conclusão dos estudos será possível afirmar quais rodovias terão alterados os limites de velocidade e qual seria este limite.
– Haverá maior controle de velocidade nestas rodovias?
Luzardo – Mais equipamentos como lombadas eletrônicas e radares devem ser instalados nas rodovias. Os pontos estão em estudo. Serão implantados conforme a necessidade de cada rodovia.