A inadimplência dos motoristas, aliada à dívida gerada na administração do estacionamento rotativo obriga a Associação Pró-Menor Encantado (AME) a desistir do serviço. Sem outros interessados em assumir o sistema, a cobrança na área azul será suspensa a partir de amanhã. A decisão foi anunciada ontem, em reunião com o município e entidades locais.
“A cobrança será encerrada por prazo indeterminado”, diz o vice-presidente da AME e secretário da Assistência Social, Enoir Cardoso. Segundo ele, a entidade ficaria até o fim de maio. Porém o acúmulo de despesas antecipa a saída. Só neste trimestre, o sistema teve R$ 20 mil de prejuízo, somando encargos sociais e manutenções. Cardoso diz que o índice de inadimplência chega a 30%.
Sem parte do pagamento dos motoristas, o sistema se tornou insustentável. Cardoso reforça que a entidade, voltada a atividades com crianças carentes, não tem condições de arcar com despesas referentes ao rotativo. Todas as pendências devem ser quitadas pelo município.
Por enquanto a retomada do rotativo é incerta. Para que isso ocorra, o Executivo deve buscar outra entidade interessada em efetuar a cobrança ou abrir uma concorrência pública. Conforme o coordenador do Departamento de Trânsito, Getúlio Leonel Nunes, integrantes da administração municipal e Comtran devem se reunir nos próximos dias para ajustar a parte legal e alterações necessárias, como retirada de placas ou pinturas.
Comerciantes divergem
Presidente da CDL, Marcelo Peretti, participou da reunião realizada ontem. Sem posição definida quanto à continuidade do serviço, enfatiza a dificuldade de tornar o sistema autossustentável. “Tem muitas pessoas que se negam a pagar e tratam mal os atendentes”, diz.
A inexistência de multas agrava a situação. Devido a isso, concorda com a suspensão da cobrança, até a busca por uma solução ou modelo mais rentável.
Ao mesmo tempo, avalia o período de quatro anos do estacionamento rotativo como importante para garantir mais vagas aos clientes na área central. Espera que, mesmo sem o sistema, os lojistas mantenham o hábito de não estacionarem em frente as lojas, garantindo mais espaço aos consumidores.
Para alguns comerciantes, falta conscientização aos motoristas. Parte da classe vê a retirada do sistema como a volta da superlotação no centro e teme pela falta de espaço aos clientes, em especial pessoas de outras cidades.
Projeto estagnado
Com o encerramento das cobranças, o projeto de lei para a alteração das tarifas fica estagnado. Enviada ao Legislativo na semana passada, a proposta de aumento dos valores deve ser retirada pelo Executivo.
A mudança era uma das alternativas cogitadas pela AME e município para aumentar a arrecadação e tentar manter o sistema. Porém, sem interessados em manter a cobrança, inexiste motivos para a votação do projeto. As 280 vagas rotativas voltam à utilização normal a partir de sexta-feira.