Passeata reitera luta contra reabertura de manicômios no RS

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Passeata reitera luta contra reabertura de manicômios no RS

Mais de 250 pessoas participaram de evento ontem, em Lajeado

oktober-2024

Usuário do Centro de Apoio Psicossocial (Caps) desde os 11 anos, o lajeadense Eduardo Freisleben, 19, participou ontem da caminhada pela Luta Antimanicomial. O evento, preparatório ao movimento estadual organizado pelas entidades de apoio à saúde mental, reuniu cerca de 250 pessoas em Lajeado. O grupo percorreu as principais ruas, carregando cartazes e distribuindo folhetos em defesa dos deficientes mentais.

Crédito: Renata AgostiniDurante todo o dia, familiares, profissionais e usuários discutiram o fortalecimento dos grupos de apoio e a melhora do tratamento oferecido. “Não podemos retroceder e aceitar a exclusão dos pacientes”, enfatiza a integrante do Conselho Estadual de Saúde Mental, Sandra Leon. Segundo ela, o movimento repudia o possível corte de recursos estaduais à atenção básica e abertura de vagas em clínicas fechadas (antigos manicômios).

Nessa quarta-feira, houve um ato simbólico em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. A manifestação, conforme Sandra, está prevista para julho. Até lá, ocorrem outros eventos de fortalecimento dos grupos em diferentes regiões.

No Vale do Taquari, os profissionais da saúde mental demonstram apoio ao movimento. A secretária da Assistência Social de Lajeado, Ana Reckziegel, relata o trabalho realizado com as famílias desde 1996. Defende o tratamento em liberdade e acompanhamento individual de cada caso, eliminando a cultura da exclusão social.

Só em Lajeado, ocorrem 6,6 mil atendimentos mensais. Destes, cerca de 3,4 mil no Caps Adulto, 2,2 mil no Caps Álcool e Drogas e outros mil na unidade Infantil. Na região, há outros três Caps: um em Taquari, um em Encantado e outro em Estrela.

Busca por fortalecimento

Psicólogo faz 12 anos na área de saúde mental, Joelson Ferreira, enfatiza a necessidade de mais apoio dos governos estadual e federal ao serviço prestado. “Há recursos trancados neste ano na área da atenção básica.” Atuante em Encantado e Arvorezinha, relata os esforços municipais para a manutenção dos atendimentos.

No intuito de fortalecer o trabalho prestado, cidades como Encantado buscam recursos para a construção de sede própria do Caps. A Secretaria de Saúde pretende construir o prédio ao lado no novo posto de saúde no bairro Navegantes. Na semana passada, uma comitiva esteve em Brasília pleiteando R$ 200 mil à obra.

A 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) não participou da caminhada, devido à orientação do Piratini. Segundo o coordenador de Saúde Mental do Estado, Luiz Carlos Illafont Coronel, todos os serviços da área, assim como o financiamento e pagamento dos atendimentos, serão mantidos. “Nada foi cortado e nem vai ser cortado”, garante.

Coronel enfatiza a correção de falhas na rede de atendimento, como o maior controle dos leitos de saúde mental ocupados nos hospitais. Reconhece também a necessidade de capacitar os profissionais e equipar as entidades, para melhorar o funcionamento dos serviços.

Os pais precisam de ajuda”

Mãe de Eduardo, Márcia Freisleben elogia o trabalho feito pela equipe do Caps Adulto. A família descobriu o problema no filho quando ele tinha 5 anos. Com o apoio dos profissionais, ela relata a maior compreensão da deficiência e o aprendizado necessário para lidar com a situação.

“Antigamente não se tinha esse apoio. Os pais precisam de ajuda”, ressalta. Eduardo frequenta a unidade duas vezes por semana. Além de acompanhamento psicológico, tem aulas de violão e oficinas variadas.

A coordenadora do Caps Adulto, a psicóloga Adriana Rossetto Dallanora, reforça os direitos aos usuários. A mudança de lei garante o apoio técnico aos pacientes e familiares, sem a exclusão. Elenca o trabalho multifuncional das equipes, formadas por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, psiquiatras, nutricionistas e oficineiros.

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