Caminhoneiros retomam protestos hoje

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Caminhoneiros retomam protestos hoje

Categoria exige a criação de uma tabela nacional com preço mínimo para o frete

Em meio à safra recorde de soja, produto mais exportado em março, caminhoneiros prometem retomar os bloqueios nas rodovias pelo país. “O Brasil vai parar”, gritaram representantes da categoria, ontem, após reunião na sede da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Crédito: Anderson Lopes/ArquivoNo encontro, o governo federal se recusou a criar uma tabela do preço mínimo do frete, apontada como a maior reivindicação da categoria. Ministros da Secretaria-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, e dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, julgaram a proposta inconstitucional e sugeriram a criação de uma tabela referencial.

Líderes de sindicatos recusaram a ideia e definiram retomar as paralisações a partir de hoje. Além do baixo preço do frete, os caminhoneiros reclamam dos aumentos do preço do óleo diesel e da manutenção dos veículos.

Protestos em fevereiro e no início de março afetaram a movimentação de cargas no país e ocasionaram desabastecimento em alguns setores. Frigoríficos de aves e suínos foram os mais prejudicados, com prejuízo estimado em R$ 700 milhões.

Após uma semana de protestos nas estradas gaúchas, as polícias rodoviárias Estadual e Federal contabilizaram mais de 80 pontos de bloqueio. No Vale do Taquari, fábricas paralisaram a produção por falta de insumos e pelas dificuldades na distribuição dos estoques.

Os caminhoneiros suspenderam as manifestações no início de março após o governo anunciar uma série de medidas, como a aprovação da Lei do Caminhoneiro, que reduziu custos em rodovias com pedágios e cancelou as multas por excesso de peso dos caminhões nos últimos dois anos.

Indústrias que contratam serviços de transporte, contrárias a um tabelamento, sugerem a criação de uma bolsa de fretes para dar transparência ao setor. Para o governo, estipular o preço mínimo, além de ser inconstitucional, contraria a livre concorrência e a livre iniciativa, e poderia elevar a inflação.

Categoria se mantém mobilizada na região

Líderes do movimento na região descartam protestos para hoje, mas reiteram a necessidade de a categoria permanecer unida. Na região, os movimentos mais intensos ocorreram em Arvorezinha, Muçum e Venâncio Aires.

De acordo com o presidente do Conselho Comunitário das Rodovias Pedagiadas (Corepe), de Venâncio Aires, Luciano Naue, não há previsão de novas paralisações. Apesar disso, considera importante que a categoria se mantenha mobilizada.

Segundo Naue, a mobilização de fevereiro surtiu efeito, pois resultou aplicação de uma lei. “Mas ainda há demandas a serem atendidas.”

De acordo com o empresário Jorge José Botassoli, 63, de Muçum, nenhum protesto está programado. No entanto o sindicato dos motoristas deve se reunir até o fim de semana para avaliar necessidades de novos protestos.

Lei é insuficiente

De acordo com o professor de Logística da Unisinos, Rafael Bassani, a aprovação da Lei dos Caminhoneiros é insuficiente para resolver os problemas do setor. Ele reitera a necessidade de um avanço em várias discussões de melhorias, como a apresentação de um planejamento para o setor, de segurança jurídica para investidores e agilidade ao acesso ao financiamento para os empresarios interessados em investir nesse segmento de mercado.

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