Vale do Taquari – A chegada do inverno, associada à previsão de chuvas contínuas nos próximos meses, obriga municípios banhados pelo Rio Taquari a se preparar. Em Lajeado, a Defesa Civil (DC) promove reuniões com a comunidade ribeirinha para alertar sobre essa possibilidade.
Ontem à noite, reunião do Núcleo da DC no bairro Praia, integrantes da instituição e do Centro de Informações Hidrometereológicas (CIH) da Univates, palestraram sobre fenômenos naturais e abrigos temporários.
Na primeira parte do encontro, foi abordado o impacto dos fenômenos El Niño e La Niña na região. Na sequência, os moradores conheceram algumas técnicas para manter a higiene e cuidados necessários com a saúde, quando precisam ficar em abrigos temporários.
Conforme o coordenador da DC de Lajeado, Gilberto Schmidt, a iniciativa faz parte de uma série de ações com o propósito de repassar informações à comunidade. “Estamos agindo com antecipação. Sabemos que a cheia virá, se não neste ano, em outro. Mas estar ou não preparado fará a diferença. Queremos diminuir as perdas das pessoas atingidas.”
Pelas análises da Metsul Metereologia, a América do Sul sofre neste ano pela incidência do El Niño. Diferentemente de outros períodos, a influência atual tem trazido menos chuva à região do que o esperado. As precipitações estão acontecendo de maneira esparsas, concentradas na parte Norte e Noroeste do Estado. O fenômeno é causado pelo aquecimento da água no Oceano Pacífico
Áreas de risco
Pesquisa do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com as coordenadorias da DC, mapeia os locais propensos a terem desastres ambientais. O levantamento serve de base para formação de uma estratégia integrada de prevenção e será incluso ao Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres Naturais.
As análises contemplam mais de 120 cidades que compõem a bacia hidrográfica Taquari-Antas. Os pesquisadores verificam condições sociais das comunidades ribeirinhas, vazão dos rios, elaboram uma estimativa de riscos e medidas que devem ser adotadas nos casos de enchentes.
Um estudo elaborado em 2012 pelo Ministério de Minas e Energia aponta a presença de mais de dez mil pessoas em situação de risco na região.
Outro levantamento, este feito pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), detalha as áreas do Estado que são mais atingidas por desastres naturais. Estações de monitoramento do Rio Taquari foram instaladas de Encantado, passando por Estrela, chegando em Cruzeiro do Sul. Um sensor no fundo do rio repassa informações sobre o nível, passando uma projeção do fluxo e a profundidade.
Consórcio entre municípios
Como os desastres não acontecem de forma isolada, atingindo diversas cidades, o Consórcio Intermunicipal de Saúde (Consisa) debate a criação de uma câmara setorial da Defesa Civil. A ideia é aproximar o contato entre os coordenadores municipais e também desenvolver projetos para resolução dos problemas comuns no Vale do Taquari.
“Para conseguirmos a homologação da situação de emergência, a cidade precisa comprovar danos de 2,7% do orçamento líquido na administração municipal. Isso é muita coisa. Abaixo disso, todo o prejuízo fica para o Executivo”, frisa Gilberto Schmidt. De acordo com ele, a integração pode agilizar a resposta quando for necessária a intervenção devido a algum desastre.
Central meteorológica
Para Schmidt, uma das necessidades da região, não só para prevenção de enchentes, como para áreas como agricultura e ambiente, é a instalação de uma centra meteorologia. “Sabemos que não é fácil, pois demanda um alto investimento, mas esse é um projeto que pode ser elaborado dentro do Consisa.”
Com a instalação de aparelhos, se pode ter uma varredura em um raio de 250 quilômetros, prevendo as condições meteorológicas, riscos de chuvas e quantidade das precipitações.
