A segunda rodada do 27º Campeonato Piá também será comandada por uma liga da cidade de Osório, no litoral norte. O contrato emergencial com a Liga Osoriense de Árbitros (LOA) foi assinado após a administração municipal atrasar a abertura do edital de licitação para os “serviços técnicos profissionais de arbitragem para os eventos esportivos da secretaria”.
O pregão presencial com as propostas estava agendado para sexta-feira. No entanto um dos principais torneios de futsal para categoria de base do Estado iniciou no dia 12, cinco dias antes. A licitação acabou suspensa após pedido de impugnação da própria Liga Osoriense, que agora terá seu contrato emergencial protelado pela Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel).
Conforme o setor de compras da Secretaria da Fazenda, há um contrato de R$ 4,4 mil para custeios de arbitragem firmado com a liga de Osório. Ele é válido até o fim do processo licitatório, segundo o presidente da Comissão de Licitação, Émerson Grunewald. “Ele vale para as primeiras rodadas do campeonato.”
Uma nova licitação deve ser aberta nas próximas semanas. De acordo com Grunewald, o pregão presencial reunirá seis itens: arbitragem para Campeonato Piá; para torneios de vôlei; torneio de vôlei no Parque dos Dick; torneio de futebol de areia; minifutebol interbairros; e Cafusal. A contratada será responsável por todos, e o custo orçado é próximo de R$ 89 mil. Só a Copa Piá já iniciou.
Grunewald diz que o pedido de impugnação questionava “uma dubiedade de interpretação” no edital. “Não estava claro a forma de julgamento, que será global, conforme exigência da Secretaria de Esporte”, comenta. Duas concorrentes foram ontem à prefeitura solicitar mais esclarecimentos sobre o processo suspenso.
Vereador faz acusações
Na sessão de terça-feira da câmara de vereadores, Djalmo da Rosa (PMDB) criticou a forma como a Sejel conduz a questão da arbitragem do torneio. “Havia árbitros despreparados. Muitos não usavam uniforme e nunca apitaram”, disparou. Reclamou do atraso na abertura do processo licitatório e questionou a contratação da liga de Osório.
Ontem, durante entrevista à Rádio Independente, Rosa fez mais acusações. “Houve pagamento com dinheiro em espécie no sábado, lá no Parque do Imigrante. Em outros anos, isso só ocorria após licitação, homologação, assinatura de contrato e empenho”, diz.
Rosa também cita uma possível terceirização de serviços por parte da liga com sede em Osório. Segundo o vereador, um irmão de um assessor do secretário da Sejel, Paulo Adriano da Silva, teria atuado como árbitro na rodada do sábado passado. “Tem coisas erradas, mas é preciso prosseguir com o campeonato em respeito às famílias.”
Segundo relato de pessoas ligadas à Sociedade Lajeadense de Árbitros (Solar), os árbitros que atuaram na primeira rodada da competição cometeram erros de arbitragem “constrangedoras”. Um deles teria confirmado um gol, mas no momento de reiniciar a partida deu a posse de bola para a equipe que havia alterado o escore.
“O vereador está mentindo”
O secretário da Sejel rebate as acusações. “O vereador não veio solicitar qualquer informação aqui na secretaria e tampouco no setor de compras. Infelizmente, não está preparado para exercer a função legislativa”, dispara, negando também qualquer pagamento realizado no sábado por parte da prefeitura. “Não assinei nada. O vereador está mentindo.”
Segundo Silva, Djalmo da Rosa estaria reclamando por “causa própria”. “Ele trabalha como árbitro para uma empresa de Lajeado. E eles realizam esse serviço faz anos. Sempre ganharam as licitações e já assinaram contratos emergenciais em função de atrasos semelhantes. Acho estranho só agora eles reclamarem desse tipo de trâmite”, afirma.
Sobre o atraso na abertura da licitação, Silva cita o excesso de processos dentro da prefeitura. “Encaminhamos protocolo já em janeiro para lançarem o edital. Não depende da nossa secretaria. Se eles tiveram outras prioridades que atrasaram o trâmite, não é nossa responsabilidade.”
Silva também se isenta da contratação da liga de Osório. Afirma que tudo foi resolvido pelo setor jurídico da prefeitura. “Não escolhemos empresas. Se ela não realizar um bom serviço, vamos notificar. E não chegaram reclamações até a Sejel.” De acordo com o setor de compras da prefeitura, a indicação da Liga Osoriense de Árbitros partiu da Sejel.
saiba mais
• Em 2014 o município pagou R$ 23 mil pelos serviços de arbitragem da Solar na Copa Piá. Em 2015, o valor orçado para a competição é de R$ 36 mil;
• De 2011 até novembro do ano passado, a Solar assinou cinco contratos com o Governo de Lajeado, recebendo R$ 145 mil no período;
• O edital suspenso ontem previa R$ 36 mil para a Copa Piá; R$ 7,5 mil para Torneio de Vôlei; R$ 4,8 mil para Torneio de Vôlei no Parque dos Dick; R$ 3,6 mil para Torneio de Futebol de Areia; R$ 4 mil para Interbairros; R$ 30,6 mil para Cafusal;
