Abandono de cães provoca transtorno

Você

Abandono de cães provoca transtorno

Moradores se empenham para cuidar dos animais de rua. Governo avalia medidas

Bom Retiro do Sul – À procura de comida, animais de rua se concentram em áreas movimentadas do centro. Fragilizados pela falta de cuidados, desnutridos e com ferimentos, muitos cachorros sensibilizam populares e recebem apenas atenção temporária. Moradores cobram alguma iniciativa do governo e pedem políticas públicas capazes de amenizar o número de abandonos.

03Uma das maiores concentrações de cachorros ocorre nas imediações do Centro Administrativo. Na tarde de ontem, pelo menos 13 animais perambulavam pelas ruas do entorno, alguns com feridas expostas e alguns estão doentes.

Com recorrência, eles acompanham pedestres em busca de alimento. Inquieto com a condição dos cães, o morador Antônio Fernandes, 52, decidiu adotar quatro há alguns meses. Todos passaram por tratamento veterinário. “É triste ver eles abandonados, virados em pele e osso. Mas infelizmente não tenho condições de cuidar de todos.”

Fernandes relata ter contatado representantes do governo em busca de diálogo para encontrar uma solução ao problema, mas recebeu pouca atenção. O morador se propôs a ajudar no trato dos animais. “Às vezes chega a ter uns 20 cachorros em frente à prefeitura. Alguns funcionários se importam, mas o município deveria tomar uma atitude.”

Dono de um imóvel a uma quadra do centro administrativo, o empresário Jorge Lipp, 58, se diz frustrado pela falta de apoio da comunidade em cuidar dos animais abandonados. Duas vezes por dia, ele leva ração aos cachorros. “Não consigo ver esses bichos morrendo de fome, doentes e sem atenção.”

Há cerca de 15 anos, Lipp chegou a ter 39 cães em casa. Na época, construiu um canil para abrigar os abandonados. Havia, inclusive, uma associação de voluntários na cidade que protegia os animais de rua. “Mas muitas pessoas começaram a nos criticar, ainda hoje fazem isso, achando que eles estão largados por culpa nossa. Apenas cuidamos para não sofrerem.”

Lipp pede apoio da administração municipal para encontrar uma solução, em especial tratar os cachorros de rua devido à propagação de doenças. É uma questão de saúde pública, reforça. O empresário planeja reativar a ONG.

Animais são mortos

De acordo com Lipp, havia 13 cachorros que frequentavam a propriedade em busca de comida. Três deles acabaram mortos nos últimos meses. Um por velhice, outro por envenenamento e o terceiro atropelado.

Casos de cães envenenados acontecem também em propriedades particulares. Em março do ano passado, uma moradora do bairro São Francisco registrou na polícia que sete dos seus 14 cães foram mortos – a maioria era recolhido da rua.

Município estuda opções

O prefeito Pedro Aelton Wermann se diz decepcionado ao ver pessoas abandonando animais na rua e cobra mais responsabilidade da população. “É uma total falta de respeito do ser humano. É tão bonito ter um bicho e quando ele não serve mais, pensam que a solução é jogá-lo para o abandono”, lamenta.

Para o gestor, a comunidade deve ser parceira do município em resolver esse tipo de situação. De nada adiantaria o governo tirar os cachorros da rua, se a prática de abandono persistisse. “Antes de tudo deve haver uma conscientização. Não podemos mais aceitar esse tipo de atitude. Precisamos nos unir.”

De acordo com o prefeito, os responsáveis pelo Meio Ambiente e setor de finanças do governo avaliam uma maneira de solucionar os problemas, em especial evitar a procriação dos animais de rua. “Estamos em análise. Um dos entraves é o custo dos procedimentos, pois queremos contratar profissionais de qualidade para atuar nesse trabalho.”

Exemplo positivo em Lajeado

O vereador Carlos Eduardo Ranzi (PMDB) sugere a criação de áreas exclusivas para animais domésticos em praças e parques do município, os chamados “cachorródromos”. “Temos muitas áreas verdes, mas não há locais onde possamos levar nossos animais de estimação para passear e soltá-los.”

Dentre os benefícios apontados pelo parlamentar está o controle de peso dos animais, preparo físico e melhorias na saúde psicológica e social. Solicita à Secretaria de Planejamento que esses espaços sejam incluídos na revisão do Plano Diretor e, à Secretaria de Agricultura e Urbanismo, que seja instalado “cachorródromo” no Parque Professor Theobaldo Dick.

Ranzi aponta que cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Porto Alegre já têm tais espaços, que são cercados, contam com bebedouros acessíveis para cachorros de todos os tamanhos, além de lixeiras. Observa que além do setor público, muitos condomínios estão incluindo-os em empreendimentos habitacionais.

Para manter a harmonia nos “cachorródromos”, o vereador aponta que algumas regras devem ser seguidas. Entre elas, cães mais agressivos devem receber focinheira a fim de não machucar outros animais ou pessoas. Os dejetos precisam ser recolhidos de imediato pelos donos e jogados em lixeiras especiais a fim de contribuir com um local limpo.

Acompanhe
nossas
redes sociais