Os municípios de Teutônia e Arroio do Meio estão entre as cidades mais igualitárias do país, de acordo com o Atlas da Exclusão Social no Brasil. Eles têm os melhores índices nos quesitos, emprego, renda, igualdade social, alfabetização, escolaridade, juventude e segurança.
Os dados são dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000 e 2010 e transformados em índices de 0 a 1. Quanto mais perto do zero, pior o resultado. O município só alcançaria 1 se toda população se encontrasse na mesma situação econômica e social.
Teutônia aparece no 19º lugar nesta avaliação com índice de 0,809. É o décimo no Estado, atrás de municípios da região da Encosta da Serra. Arroio do Meio é o 27º colocado, com índice de 0,802. O município com maior igualdade entre a população é Pomerode, de Santa Catarina, com 0,842.
Para o prefeito de Teutônia, Renato Altmann, esses resultados se somam a outros índices que mostram o trabalho da população e das empresas. “A busca constante pelo desenvolvimento está no DNA do teutoniense, por isso o reflexo está nos índices sociais.”
Norberto Lagemann, 58, e Neoli Buth, 56, trocaram o bairro Canabarro pela tranquilidade de Linha Harmonia, de onde veem a cidade crescer. Eles mantêm agricultura de subsistência para complementar a aposentadoria.
No mercado, o casal só compra arroz, erva-mate e sal. “É uma questão de escolha”, afirma Lagemann. “O município permite isso.” Segundo o aposentado, o crescimento da cidade é organizado e há diversificação na economia. “Sempre tem emprego e atendimento.”
Quem quiser trabalhar, diz, tem a opção das cooperativas, onde se encontra vaga para todos os tipos de instrução. “Não vejo razão para sair daqui.” Para Neoli, o ambiente familiar na cidade e no campo melhoram a qualidade de vida. Aponta a cultura de igualdade dos cidadãos como fator fundamental. “Todos se conhecem e se ajudam.” Os cinco irmãos de Neoli permanecem no município: cinco na cidade e um no interior.
Mão de obra familiar
De acordo com a economista Cíntia Agostini, os resultados de Teutônia e Arroio do Meio representam qualidade de vida, pois se referem a indicadores econômicos, sociais e de distribuição de riqueza. “Essas medidas refletem uma construção social diferenciada e aí tem a ver com a colonização, com a formação social histórica do Rio Grande do Sul.” “Os resultados estão muito mais na nossa história do que no presente.”
Para Cíntia, os municípios que se destacam têm algumas características comuns: são menores, com a característica da pequena propriedade e da mão de obra familiar, o que iguala relação. “Se tenho uma grande empresa e todos trabalham para ela, poucos concentram a riqueza. No entanto, se várias famílias produzem e dividem a riqueza de forma mais equilibrada, dentro da própria família e na relação com as outras famílias, o resultado é diferente.”
Segundo a economista, a distribuição de renda e a exclusão social talvez sejam os maiores desafios do país: cerca de 20% da população mundial concentra 83% da riqueza. No Vale do Taquari, segundo pesquisa da Univates, os 20% mais pobres têm apenas 5,8% da renda, enquanto os 20% mais ricos controlam 47,30%.
Vale do Taquari
A proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza diminui no Vale do Taquari. De 11%, em 2000, passou para 4,2%, em 2010. No entanto, o número de beneficiados pelo Programa Bolsa Família aumentou. Em 2008, eram 5.757 pessoas; em 2012, 6,850. Isso representa 1,48% de todos beneficiados do Estado. As 35 cidades apontadas com os menores índices de exclusão social ficam nos estados de Santa Catarina (13), Rio Grande do Sul (13) e São Paulo (9).
Encosta da Serra concentra melhores índices
Os municípios com os melhores índices em igualdade se concentram na região da Encosta da Serra. Vale Real é o segundo colocado no país, seguido por Picada Café, 3º; Dois Irmãos, 8º; Vila Flores, 10º, Feliz, 11º; Morro Reuter. 12º; Tupandi, 16º; Serafina Corrêa, 18º; São José do Hortêncio, 21º e Santa Maria do Herval, 30º. A região tem economia diversificada, com mais de quatro mil empresas de pequeno, médio e grande porte.
Desafio no país
De acordo com o Atlas, o Brasil não conseguiu superar a divisão regional nas últimas décadas. As regiões norte e nordeste ainda têm o maior índice de exclusão social que o Sul e Sudeste. Apenas 21% da população do norte e nordeste reside em áreas que apresentam padrão de vida adequado.
No Nordeste, 72% dos seus 2.290 municípios apresentam problemas de exclusão. No Norte são 13,9% desses municípios (318), seguida pelas regiões Sudeste, com 10,4% (239), Centro Oeste, com 2% (45 cidades) e a região Sul, com 1,6% (36).
Índice de igualdade
Teutônia – 19º
•Exclusão 0,809
•Emprego 0,756
•Pobreza 0,98
•Desigualdade 0,863
•Alfabetização 0,97
•Escolaridade 0,465Vale Real
•Juventude 0,676
•Violência 0,962
Arroio do Meio – 27º
•Exclusão 0,802
•Emprego 0,714
•Pobreza 0,963
•Desigualdade 0,859
•Alfabetização 0,976
•Escolaridade 0,468
•Juventude 0,71
•Violência 0,945
