Vale do Taquari – Pedaços de madeira, cartazes e fitas bloquearam a rua da Divisa ontem por três horas e meia. Cerca de 20 moradores protestaram pedindo a pavimentação do trecho e mais atenção por parte dos Executivos de Lajeado e Cruzeiro do Sul.
Desde o processo de redefinição das fronteiras entre as duas cidades, famílias reclamam dos governos das duas cidades. Uma das moradoras postou um vídeo em uma rede social, mostrando o constante fluxo de veículos pesados no trecho. Em menos de 12h, o material tinha mais de 400 visualizações. A imagem ilustra a principal reclamação das famílias: o trânsito de veículos pesados e a poeira.
A dona de casa, Geci Rache, 46, mora no bairro Passo de Estrela. Devido à poeira, relata as constantes crises de bronquite da filha de 8 anos. “Tenho que manter a casa toda fechada, mas isso não resolve o problema.”
O pó que é levantado pelos veículos prejudica também atividades básicas, como estender a roupa no varal. Peças brancas ficam marcadas, diz. Nas casas, a camada de terra é visível em calçadas e pisos. “Limpamos três vezes por dia”, diz a faxineira Cerenilda Scherer, 44. Moradora do lado do bairro das Nações, enfatiza o constante pedidos das famílias feito aos dois municípios.
“Nas eleições todos os candidatos prometem. Depois nos esquecem”, reclama. Como a maioria dos moradores, defende o investimento na pavimentação. Caso nenhum dos municípios assuma a responsabilidade, o grupo cogita um novo bloqueio na próxima semana.
“Precisamos de uma parceria”
Os dois municípios alegam falta de recursos para investir na pavimentação do trecho. Segundo o secretário de Obras e Serviços Urbanos de Lajeado, Adi Cerutti, a rua pertence a Cruzeiro do Sul. Mesmo assim, reconhece a constante ocupação do percurso por caminhões de Lajeado.
Relata a obra de calçamento de parte da rua de divisa no ano passado, feita por Lajeado, e a colocação de sobras de asfalto. Medida descartada por ele no trecho bloqueado, devido ao fluxo de veículos pesados.
“Precisamos de uma parceria entre as duas cidades para fazer algo”, diz Cerutti. Defende a busca por recursos federais em conjunto para garantir o calçamento ou asfalto. De forma paliativa, sugere a colocação de quebra-mola, por parte da cidade vizinha.
Já o prefeito de Cruzeiro do Sul, Cesar Leandro Marmitt, propõe a colocação de cascalho ou outro material para reduzir a poeira. Como o secretário, acredita que projetos em parceria podem também a união dos dois municípios, na busca por soluções conjuntas.
Redefinição de fronteiras
A discussão sobre a redefinição da divisa entre Lajeado e Cruzeiro do Sul, iniciada em 2013, contribuiu para o atraso nas melhorias da rua. Os municípios temem começar alguma obra em trecho pertencente ao outro.
O pedido de mapeamento do local partiu da Administração Municipal de Lajeado, feito pela Divisão de Geografia e Cartografia (DGC) da Secretaria de Planejamento, Gestão e Participação Cidadã (Seplag) do Estado.
O estudo apontou erros da redação do trecho norte da lei que estabelece os limites de Cruzeiro do Sul. Uma proposta de correção foi apresentada à Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa e passa por análise.
Se aprovada, a rua da Divisa, atual limite entre as cidades, se torna propriedade de Lajeado. A nova divisória fica na rua Nossa Senhora de Fátima.
A saibreira está na “linha” que corta os dois municípios e pertencerá a ambos. Cruzeiro do Sul ganha parte do bairro São Bento e perde uma fatia do bairro Passo de Estrela. O bairro lajeadense Floresta aumentará.
