O Centro Universitário Univates não recebe os valores referentes ao Fies desde dezembro de 2014. A dívida atual do governo com a instituição de ensino já é de R$ 18 milhões. Reitoria estima que o valor chegue a R$ 30 milhões ainda no primeiro semestre, caso a União não regularize os custeios. Obras previstas para 2016 podem ser proteladas.
Segundo o pró-reitor administrativo da Univates, Oto Moerschbaecher, também há outros valores referentes a 2014 que não foram pagos pelo Ministério da Educação (MEC). “Mas eram valores menores. O que causa impacto é o atraso de dezembro, janeiro e fevereiro”, afirma. Os recursos do Fies equivalem a 46% do caixa da universidade.
Moerschbaecher afirma que o Ministério não divulgou qualquer previsão sobre o pagamento. “Dizem que o problema do Fies está resolvido. Mas não é o que ocorre aqui”, sustenta. Com a falta de recursos, a Reitoria trabalha no contingenciamento do orçamento para controlar gastos.
Além disso, alguns investimentos podem ser protelados caso persista o atraso dos valores. Entre elas, a construção do novo prédio do Unianálise, previsto para o primeiro semestre de 2016. “O empreendimento será reavaliado. Mas ainda é cedo para qualquer avaliação neste sentido.”
Por outro lado, o pró-reitor garante a manutenção das obras do ambulatório previsto para o curso de Medicina. Também enaltece a conclusão e abertura recente do Centro Tecnológico de Pesquisa e Produção de Alimentos (CTPPA), integrado aoParque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), em março.
Apenas 69 novos Fies
As novas regras do Fies, impostas pelo governo federal em janeiro, dificultam a entrada de novos estudantes por meio do financiamento. Só 69 novos alunos já têm contratos finalizados, de um total de 143 aprovados para o primeiro semestre de 2014 que ainda possuem chances. No mesmo período de 2014, foram mais de 600.
Entre os estudantes que possuem o Fies e precisam renovar os contratos, cerca de 93% – ou 2.693 de um total de 2.889 previstos – estão com os contratos encaminhados. Destes, 1.815 alunos finalizaram o processo e outros 650 já estão sob análise dos bancos financiadores.
“Vamos negociar com o privado”
O pró-reitor considera uma “irresponsabilidade” sugerir os atuais financiamentos privados aos alunos que não conseguiram Fies. “São taxas e juros muito altos. Em alguns casos chegam a 2% ao mês. Isso criaria um problema para esses estudantes e seria irresponsabilidade ofertar isso a eles.”
Segundo ele, em conjunto com associações de universidades gaúchas e catarinenses, a Reitoria negocia com financiadores privados para tentar baixar os custos. “Já fomos a Brasília negociar taxas mais amenas. É uma saída”, comenta.
