Infestação de ratos assusta comunidade

Você

Infestação de ratos assusta comunidade

Duas pessoas estão com suspeitas de leptospirose. Desde 2008 foram 189 casos

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Moradores do bairro Languiru, em Teutônia, estão perplexos com o surto de roedores nos últimos três meses. A aplicação de raticidas em locais estratégicos tem sido paliativo.

04Desde o dia 1º de abril, duas pessoas estão internadas no Hospital Ouro Branco com suspeita de leptospirose. Os sintomas de ambos os casos são semelhantes: febre alta, dores no corpo, vômito e diarreia.

A empresária Tatiana Bradão Furtado, 38, suspeita ter contraído a doença em Cruzeiro do Sul, ao descer em um barranco para ver o Rio Taquari. Afirma que o local é repleto de entulhos em meio a vegetação. “Devo ter pisado descalça num lugar contaminado. Estou com a imunidade baixa”, diz.

Outro caso é o de Leandro Barbosa Rodrigues, 41, que tem paralisia cerebral. Segunda a mãe, Terezinha Santana Barbosa, 68, este é o primeiro caso na família. Há 13 dias o filho apresentou os primeiros sintomas.

Sentada ao lado da cama, Terezinha conta que Leandro foi ao hospital no último dia 26, onde recebeu soro e injeção e depois foi liberado. Uma semana depois, os sintomas ficaram mais intensos e o rapaz deu baixa e iniciou o tratamento contra a doença.

A aposentada suspeita que o filho tenha contraído a doença em um pátio baldio, tomado por lixo e matagal, ao lado da casa. “Ele tem o costume de limpeza, então passou a recolher o lixo sem luvas e entrou no mato só com sandálias”. Para ela, é preciso maior conscientização dos proprietários dos terrenos. “Eles precisam limpar os espaços.”

Moradora do bairro Languiru diz que a infestação iniciou faz três meses e mesmo com a aplicação de venenos os roedores voltam. Acredita que ao lado de casa, um terreno baldio tomado pelo mato tem contribuído para servir de esconderijo. “Já matei vários, mas parece que não adianta.”

Doença é contraída no toque

Conforme o coordenador da Vigilância Sanitária de Teutônia, Nelson Lameiro Cardoso, os casos de suspeita de leptospirose que estão em tratamento na casa de saúde aguardam resultado do exame de sangue enviado ao Laboratório Lacem, em Porto Alegre. “É preocupante o elevado número de suspeitas dos últimos anos.”

Faz 37 anos que trabalha na área e está à frente da pasta desde 2008, e afirma que nos últimos cinco anos, o município contabilizou 189 casos confirmados e uma morte, ocorrida há cerca de três anos. Afirma que o contato direto a urina do animal peçonhento pode ser determinante para contrair a doença. “Não precisa ter ferimento, o contágio se dá pelos poros.”

Segundo Cardoso, todas as semanas a equipe de epidemiologia verifica os protocolos de atendimento no Hospital Ouro Branco. Nos casos de suspeita, visita os familiares observa as condições de higiene nas residências.

Lembra que os pacientes com suspeita da doença recebem o tratamento adequado antes mesmo de confirmados os casos, pois não há tempo para esperar os laudos da capital. Para ele, o que mais atrai os ratos nas casas é o lixo e a criação de animais no pátio. Restos de comida, ração e água mantém os roedores. No caso de terrenos baldios tomados pelo matagal, é preciso acionar os agentes da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente para exigir a limpeza do terreno.

Mortes em Poço das Antas

Há 15 anos, depois da enchente ocorrida em outubro, quando diversas cidades da região foram atingidas, deixando centenas de famílias desabrigadas, Poço das Antas foi invadida por ratos. Duas pessoas morreram após contrair a doença.

O secretário de Saúde, Adriano Stiehl, afirma que no ano passado, outras duas pessoas foram diagnosticadas com os sintomas. O principal fator para salvá-las foi a rápida identificação e tratamento da doença, diz.

Cuidados

-Destruir esconderijos, recolher entulhos;

-Eliminar restos de comida e água no terreno;

-Evitar a criação de galinhas em perímetro urbano;

-Efetuar as limpezas necessárias munido de botas, luvas e máscaras.

Acompanhe
nossas
redes sociais