Insatisfação  com o governo

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Insatisfação com o governo

Em todo o Brasil, mais de 2 milhões de manifestantes pediram, entre outras reivindicações, o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Palavras de ódio ao PT, pedidos por reforma política e melhorias nos serviços de saúde, educação e segurança pública também nortearam as passeatas. No Vale do Taquari, cerca de quatro mil pessoas foram às ruas em pelo menos quatro cidades. Um novo protesto pode ocorrer no próximo dia 12 de abril.

Vale do Taquari – “Fora PT, Fora PT”. A manifestação popular foi clara. O grande público que foi às ruas na tórrida tarde do domingo demonstra insatisfação e intolerância com o Partido dos Trabalhadores (PT), que hoje coordena o governo federal aliado a outras oito siglas partidárias. A Brigada Militar (BM) estimou em 3,5 mil pessoas o número de participantes em Lajeado, onde a mobilização para o evento iniciou no dia 19 de fevereiro nas redes sociais.

03Em cidades vizinhas, a movimentação foi menor. Mas a mensagem era a mesma. A maioria das pessoas que saiu às ruas em Estrela, Encantado e Muçum também pedia a saída da presidente Dilma Rousseff. Faixas e cartazes exigindo o impeachment após três meses de governo se destacavam sobre as demais reivindicações. Outros tantos pediam o fim da corrupção, mais investimentos em saúde, em educação e na segurança pública. O caso de corrupção na Petrobras foi lembrado.

Os lajeadenses iniciaram a movimentação antes mesmo das 15h, hora marcada para o início da caminhada. Ainda pela manhã, manifestantes organizavam faixas e carro de som. O encontro ocorreu no Parque Professor Theobaldo Dick. Um dos participantes chegou ao local com um cartaz pedindo “intervenção militar”, mas foi convencido a rasgar a proposta. “Pedimos e ele entendeu com tranquilidade”, diz o empresário Leandro Berwig, um dos organizadores.

As pessoas chegavam de todos os lados. A maioria vestia camisetas da seleção brasileira de futebol. Outros optaram por pintar o rosto com as cores verde e amarela, lembrando os “caras-pintadas” que em 1992 auxiliaram na queda do ex-presidente, Fernando Collor. “O povo unido, jamais será vencido”, entoavam no momento em que deixaram o Parque dos Dick. Ninguém portava bandeiras de partidos.

Havia pouco público para assistir à manifestação. Todo o comércio estava fechado no momento da caminhada – que durou cerca de 1 hora e 30 minutos –, com exceção de alguns bares e postos de combustível. Mesmo assim, manifestantes faziam bastante barulho com auxílio de apitos. As pessoas que apareciam nas sacadas das casas e apartamentos eram chamadas a participar. “Vem pra rua, Vem pra rua”, gritavam os participantes.

A marcha seguiu pela rua Júlio de Castilhos e depois pela Av. Senador Alberto Pasqualini. O grupo foi até a esquina com a Av. Acvat, onde iniciou o caminho de volta ao Parque dos Dick, passando pela Av. Benjamin Constant. No trajeto, alguns ensaiaram trechos do Hino Nacional. Mas os gritos contra o PT abafavam qualquer canto. “PT, Dilma e Lula – Saiam do Brasil e do planeta”, dizia uma das faixas.

Toda a passeata ocorreu de forma ordeira e com auxílio da BM e Departamento de Trânsito. Não foram registradas ocorrências. Os manifestantes respeitaram o silêncio próximo ao hospital e não interviram no trânsito da BR-386. “Se queremos respeito, precisamos respeitar”, afirmava Guilherme Cé, outro organizador da passeata.

Ministros e presidente falam

Após findar a manifestação na Av. Paulista, em São Paulo, nove ministros se reuniram com a presidente em Brasília. Durante mais de duas horas, Dilma conversou com Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Jaques Wagner (Defesa), Gilberto Kassab (Cidades), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) e Pepe Vargas.

Michel Temer, vice-presidente, participou do encontro. Mas só Rossetto e Cardozo atenderam à imprensa. O ministro da Justiça anunciou, para os próximos dias, um pacote de medidas de combate à corrupção e impunidade. A proposta, segundo ele, será encaminhada ainda em março ao Congresso Nacional. Ele não apresentou outros detalhes. Em algumas cidades, população realizou “panelaços” durante os pronunciamentos oficiais.

A presidente Dilma Rousseff concedeu entrevista só na tarde de segunda-feira. Culpa crise internacional para justificar problemas econômicos e garante que as correções em medidas sociais são necessárias. Por fim, enalteceu a luta pela democracia ao falar sobre as manifestações. “Nunca mais, no Brasil, vamos ver pessoas que manifestarem sua opinião, seja contra quem quer que seja, inclusive a presidência da República, sofrerem consequências.”

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