Vale do Taquari – O Hospital Bruno Born (HBB) não receberá nesta semana os medicamentos necessários para o tratamento do câncer de pelo menos 13 pacientes. O Ministério da Saúde (MS) havia prometido a entrega até hoje, mas confirma que os remédios chegam ao Estado só a partir da próxima terça-feira. Atraso perdura desde fevereiro, e Secretaria Estadual de Saúde tenta agilizar a distribuição.
Diretor-executivo do HBB, Cristiano Dickel confirma que nenhum paciente do setor de oncologia recebeu os remédios prometidos para fevereiro. “Ainda estamos aguardando o envio por parte da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa)”, afirma com preocupação. No ano passado, a União chegou a ser multada em função de outros atrasos recorrentes pelo país.
Ontem, o Estado enviou nota aos hospitais e profissionais de oncologia da região. Segundo o texto, o Departamento de Assistência Farmacêutica recebeu um quantitativo de “Nilotinibe” para atender a demanda de março. Eles serão enviados entre terça-feira e quarta-feira aos hospitais do interior. Já as casas de saúde de Porto Alegre podem agendar a retirada com o setor a partir de segunda-feira à tarde.
Ainda de acordo com a nota, “alguns hospitais não receberão o quantitativo integral solicitado, mas ele será enviado logo em seguida.” Em relação ao medicamento “Desatinibe”, o Ministério da Saúde prevê a entrega para o início da próxima semana, mas o DAF não soube precisar quando ocorre o repasse aos hospitais do interior.
Daniela Pieresan, farmacêutica da Sesa, reitera que o erro foi da equipe do ministério, em Brasília. “A promessa era entregar nesta semana. Estamos aguardando.” De acordo com a oncologista, Viviani Fernandes, esses pacientes não podem ficar sem a medicação. “Há risco em casos de doenças graves com risco de morte, pois não se sabe qual a reação do organismo mediante o retratamento (sic).”
“Meu tipo de leucemia é fácil de voltar”
Aos 27 anos, uma paciente moradora de Lajeado espera que o atraso não atrapalhe o processo de recuperação. Ela enfrentou uma leucemia e hoje depende dos medicamentos para que a doença não retorne. “A medicação é de extrema importância. Meu tipo de leucemia é um dos mais fáceis de voltar. Tenho cromossomo “filadélfia positivo” e, o remédio é específico para impedir que o cromossomo positive de novo”, conta.
Ela aguarda pela medicação Tasigna (Nilotinibe), cujo orçamento feito por ela nesta semana variou de R$ 9 mil a R$ 14 mil. “Estou faz uma semana sem medicação.” O tratamento dela iniciou em 2008 e durou cerca de um ano. Desde então, ela toma a medicação todos os dias. “Tenho indicação para transplante de medula, mas não foi encontrado nenhum doador 100% compatível até agora.”
Entenda melhor
Até fevereiro, o HBB era responsável pela compra dos medicamentos. Com uma nova portaria do ministério, aprovada em 30 de janeiro passado, o governo federal passou a centralizar a distribuição dos remédios. O Estado enviou um quantitativo à União no início do ano, prevendo atender o primeiro trimestre, mas o governo federal enviou produtos referentes a um outro pedido solicitado em novembro do ano passado. Agora, a secretaria estadual aguarda nova remessa para repassar aos hospitais e pacientes.