Ação inesperada: grupo reprime ladrão

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Ação inesperada: grupo reprime ladrão

Moradores forçam homem a devolver produtos furtados de um estúdio fotográfico

Teutônia – Aborrecidos com os constantes furtos e arrombamentos no bairro Canabarro, moradores decidiram agir. A invasão a um estúdio fotográfico na madrugada de segunda-feira motivou um grupo de pessoas a localizar o criminoso e fazê-lo devolver os pertences da vítima.

02Dez moradores se reuniram por volta das 22h dessa quarta-feira e iniciaram as buscas pelo autor dos crimes. Por meio de troca de informações na cidade, chegaram ao nome de um homem com idade entre 20 e 30 anos, um andarilho de Viamão, com estadia na casa de amigos em Teutônia.

Localizado, o homem foi amarrado pelos populares. Depois de ser repreendido, confessou as invasões aos estabelecimentos comerciais, inclusive ao estúdio. No entanto, não estava mais com os equipamentos. Havia vendido para moradores da cidade. O grupo forçou-o a listar o nome de quem teria comprado.

Ainda na noite dessa quarta-feira, os moradores foram até a casa dos suspeitos de receptarem os produtos roubados. Eles foram obrigados a devolver. “Um morador negou a história, mas quando o criminoso desmentiu-o, ele entregou a televisão que havia adquirido”, aponta um dos integrantes da ação. Em outro endereço, o comprador da mercadoria furtada foi ameaçado de denúncia à polícia. “Como ele sabia que responderia por isso, devolveu.”

Quando todos os equipamentos do estúdio fotográfico foram recuperados, o criminoso foi acorrentado em um poste da rede elétrica na rua Dom Pedro Segundo – em frente ao estabelecimento. “Queríamos deixá-lo lá até alguém chamar a polícia, como lição pelas suas ações, mas passados 30 minutos ele escapou.”

Os dez populares voltaram para casa por volta das duas horas da madrugada de ontem. Durante o dia, foram ao estúdio e devolveram os produtos para os donos.

“Não sei o que eu faria”

A proprietária Michele Pastorio, 28, ficou sem reação ao ver pessoas estranhas entrando no estúdio com os seus equipamentos de serviço: uma câmera digital, um televisor 32 polegadas e um notebook. “São minhas ferramentas de trabalho e não sei se conseguiria reerguer minha empresa.”

O crime ocorreu às 4h40min de segunda-feira. A ação ficou registrada em filmagens de uma câmera em um propriedade vizinha, contudo nas imagens é possível ver apenas vultos. Apesar disso, é possível ver o criminoso quebrando a vidraça do estúdio e entrando.

Michele foi avisada do furto às 5h05min, pela Brigada Militar (BM). De acordo com ela, o invasor revisou todo o estabelecimento, bebeu água e deixou uma folha de papel manchada com sangue. Agentes da Polícia Civil teriam alegado à proprietária, durante a tarde de segunda-feira, a dificuldade de conseguir reaver os equipamentos. “Eu não culpo nenhum órgão policial, compreendo suas limitações, mas isso provoca uma sensação de insegurança na comunidade”, relata.

Caso os produtos não tivessem sido devolvidos, Michele calcula que teria um prejuízo imediato de R$ 13 mil. Na máquina fotográfica estavam ainda 350 fotos relativas a dois trabalhos feitos no domingo. “Como eu não teria condições de trabalhar em minhas ferramentas, o valor seria o dobro.” Apesar disso, restou a ela uma conta de R$ 500, relativa ao vidro estilhaçado.

Polícia reconhece carências

Comandante da BM de Teutônia, tenente Marco Antônio Franck, desconhece a ação dos populares. Mas lembra que a sociedade tem o direito legal de dar voz de prisão a qualquer criminoso. “As pessoas podem, por exemplo, prender alguém em flagrante por furto. Nessas condições, o aconselhado é que a BM seja chamada para levar o indivíduo até a delegacia.”

Franck legitima a insatisfação da comunidade com os seguidos delitos e ressalta que a polícia não tem condições para dar suporte de forma ininterrupta. Como exemplo, cita a redução no efetivo a BM durante as últimas semanas e o corte de horas extras.

“As pessoas elegeram representantes e devem buscar com eles mais condições para a segurança pública. Não deixamos de fazer patrulhas por falta de vontade, mas porque não temos como.”

O tenente cita ainda uma peculiaridade do município: “nós temos três bairros enormes, cada um com um centro específico. São quase três cidades que precisamos monitorar.” Para isso, a BM dispõe de apenas uma viatura durante a noite.

De acordo com ele, a sociedade pode se precaver de criminosos, instalando grandes, câmeras de vigilância e sistemas de alarme. “Com isso, a comunidade estará afugentando os bandidos. Nenhum criminoso vai querer entrar em uma residência ou um comércio nessas condições. Ele vai buscar outro lugar.”

Além disso, Franck aconselha as pessoas a evitarem deixar a casa e veículos destrancados. Para ele, isto é uma questão cultura: “é uma cidade relativamente nova e que precisa aprender a se proteger.”

Apelo público

A ação do grupo de populares evidencia a inércia do poder público em oferecer segurança à comunidade, aponta o amigo de Michele e vereador do bairro Canabarro, Marcos Quadros. “As pessoas têm o direito de se proteger. Os moradores mostraram que juntos, conseguem superar as dificuldades e resolver os problemas.”

O parlamentar garante reforçar a cobrança por investimentos na segurança pública. De acordo com ele, há anos é debatido no município a necessidade de instalar sistema de câmeras de vigilância nas principais ruas, mas que nada saiu do papel.

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