Parlamentares citados fizeram 21,8 mil votos na região

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Parlamentares citados fizeram 21,8 mil votos na região

Cinco deputados federais do PP são investigados por suspeita de participarem do esquema de desvio de verbas da Petrobras

Estado – A divulgação da lista de políticos investigados pela Procuradoria-Geral da República e pela Polícia Federal atingiu a região sul do país. Após a quebra de sigilo judicial imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na semana passada, cinco deputados federais gaúchos do Partido Progressista (PP) surgiram como suspeitos de participação no ilícito esquema de desvio de recursos da Petrobras.

Jeronimo Goergen, Renato Molling, José Otávio Germano, Afonso Hamm e Luis Carlos Heinze foram eleitos em outubro de 2013 com auxílio expressivo de eleitores da região. Juntos fizeram mais de 21,8 mil votos.

Todos são investigados em inquéritos encaminhados ao STF pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com outros 45 políticos e empresários. Os nomes surgiram durante a delação premiada do doleiro, Alberto Youssef. Segundo o réu confesso no processo, “deputados do PP, cuja posição era de menor relevância dentro do partido, recebiam entre R$ 30 mil e R$ 150 mil.”

O doleiro enfatiza o nome de alguns. Diz, em um dos trechos da delação, ter “certeza que entre os envolvidos está Jerônimo Goergen”. Entre os deputados citados, foi ele quem mais votos fez no Vale do Taquari e nas cidades vizinhas de Mato Leitão e Boqueirão do Leão.

O deputado federal foi eleito com auxílio de 7.692 eleitores de 36 municípios. Seu índice mais expressivo foi em Arroio do Meio, onde conseguiu apoio de 1.311 eleitores (veja no gráfico).

Presidente do PP em Arroio do Meio, Gustavo Kasper avalia a situação. “Ele garante a inocência. Confiamos nisso. Houve esforço grande na campanha dele e com poucos recursos. Confiamos que ele não tem nada a ver com o esquema.”

Segundo o progressista, apesar do reflexo negativo para o partido, ele acredita se tratar de um “golpe político”. “Ele é da extrema-oposição, não faz sentido algum ele receber recursos do governo.”

Goergen solicitou desligamento do diretório estadual do PP. Em uma coletiva, chorou e jurou inocência. Chegou a declarar que o “partido estava acabado.” Outro com expressiva votação no Vale foi Renato Molling. Conquistou 6.095 eleitores, sendo 1.548 em Teutônia. Durante entrevista, reclamou de uma suposta conspiração. “Tenho certeza de que envolveram quase todo mundo para amenizar a situação de quem realmente se envolveu.”

O diretório estadual do PP no Estado confirmou que os seis políticos do partido citados nas investigações – há também Vilson Covatti, ex-deputado que não concorreu em 2014 – ofereceram os sigilos bancários, fiscal e telefônico à Justiça para colaborar com a apuração do esquema de corrupção na Petrobras.

Ex-diretor afirma que esquema vem desde 1997

Em depoimento à CPI da Petrobras ontem, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco reafirmou o testemunho dado à Polícia Federal durante as investigações da Operação Lava Jato. Frisou que começou a receber propina em 1997, ainda sob o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele também disse que o PT teria recebido até 200 milhões de dólares entre 2003 a 2013.

“Comecei a receber propina em 1997 e 1998. Foi uma iniciativa minha, pessoal. De forma mais ampla, com outras pessoas da Petrobras, a partir de 2003, 2004”, disse Barusco após ser questionado pelo relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-SP).

Barusco, porém, ressaltou que não daria detalhes do esquema. “Com relação a esse período eu não vou tecer maiores detalhes, existe uma investigação em curso que me dá o direito de não comentar esses detalhes.”

Ao ser questionado sobre como era dividido o montante desviado, Barusco disse que não sabe quanto era repassado ao partido, mas garantiu que um percentual da propina ia para o PT. “Cabia a mim uma quantia que eu recebi e ao PT outra quantia.

Barusco relatou à CPI que a propina paga pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos. Do total desviado, metade era destinada para o PT, por meio do tesoureiro João Vaccari, e metade para a “casa” (diretores da Petrobras envolvidos no esquema). Ele citou os nomes de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras; Jorge Luiz Zelada, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, e Roberto Gonçalves, que o sucedeu na Petrobras.

Nota oficial do PP

Logo após a divulgação dos nomes, o diretório central do PP no Estado lançou nota oficial à imprensa. Em resumo, a sigla lamenta a inclusão de parlamentares na lista de políticos investigados. Cita a ausência de compromisso com erros individuais e alerta para que ninguém seja incriminado de forma antecipada, pois “os parlamentares citados terão o direito de se defenderem e provarem a sua inocência”.

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