Vale do Taquari – O Hospital Bruno Born (HBB) comunica atraso no recebimento de alguns medicamentos para tratamento contra o câncer. Pacientes aguardam faz mais de uma semana pela remessa de remédios pagos pelo SUS e que chegam a custar até R$ 20 mil. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) culpa o Ministério da Saúde pela falha e garante que tudo deve ser normalizado até o fim da próxima semana.
Uma das pacientes realiza tratamento preventivo para evitar a volta da doença. Se recupera de uma leucemia e faz anos que recebe medicamento do governo federal. A dose mensal custa em torno de R$ 20 mil. Na semana passada, foi ao HBB, mas, assim como outros pacientes, não pôde retirar os remédios.
A coordenadora do serviço de quimioterapia do HBB, Cristiane Siqueira, lamenta a situação. “São produtos necessários. A falta deles pode complicar o tratamento.” Ela diz que tudo mudou após a divulgação de uma nova portaria do Ministério da Saúde, aprovada em 30 de janeiro passado. Com a mudança, o governo federal passou a centralizar a distribuição dos itens. Antes o hospital comprava e depois repassava a conta ao SUS.
“Até o mês passado, éramos responsáveis pela compra e distribuição. Agora perdemos essa gerência e, lamentavelmente, houve atraso por parte do governo”, comenta a coordenadora.
Confirma que 13 pacientes aguardam desde o mês passado por dois medicamentos. “Fornecemos ao Estado já em janeiro a relação dos pacientes que usa a medicação. A promessa agora é receber os remédios na próxima semana.”
O diretor-executivo do HBB, Cristiano Dickel, também reclama da situação. Segundo ele, toda distribuição dos remédios ocorria de forma plena antes da nova portaria ser aprovada em janeiro. “Agora dependemos deles (Estado e União). Lamentamos pelos pacientes que dependem disso.” Conforme o diretor, a resposta do Estado é que não há previsão de quando os produtos chegarão ao hospital.
“União já deveria ter repassado”
O setor farmacêutico do governo do Estado admite o atraso no encaminhamento dos remédios. Eles deveriam ter sido entregues na quarta-feira da semana passada e não há nenhuma confirmação oficial de quando eles chegam ao HBB. Daniela Pieresan, farmacêutica da Secretaria Estadual de Saúde, comenta que o erro foi da equipe do ministério, em Brasília.
Segundo ela, o Estado enviou um quantitativo de medicamentos no início do ano, prevendo o primeiro trimestre. “No entanto o governo federal enviou produtos referentes a um outro quantitativo, entregue em novembro do ano passado. Com isso, o número que chegou até nós foi insuficiente”, lamenta.
Daniela aguarda para a próxima semana o envio dos produtos. Mas não garante. “A esperança é receber, mas não há qualquer confirmação por parte da União. Assim que os medicamentos chegarem vamos avisar rapidamente os hospitais para que seja regularizada toda a situação”, diz. Para a farmacêutica, o imbróglio causado pelo Ministério da Saúde tende a normalizar a partir do segundo trimestre.
