Estado – Em resposta às ameaças de suspensão de serviços pelos hospitais, o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis, apresentou balanço que aponta aumento de 658% nos repasses em cinco anos: R$ 153 milhões em 2010; R$ 290 milhões em 2011; R$ 443 milhões em 2012; R$ 746 milhões em 2013 e R$ 1.16 bilhão em 2014.
Reunido com diretorias dos hospitais, nessa quarta-feira, na Assembleia Legislativa, Gabardo sugeriu que a origem da crise financeira das instituições está no modelo de gestão, o que provocou vaias.
Em 2010, 29% do orçamento da Saúde do Estado foi direcionado aos hospitais, enquanto em 2014 passou para 68%. O levantamento aponta que os valores transferidos pelo Ministério da Saúde para custear a Média e Alta Complexidade, entre 2010 a 2014, registraram um acréscimo de 33%, ante a variação da inflação de 27%.
A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos busca solução para crise. Na próxima terça-feira, faz um último apelo ao governador para a retomada dos investimentos.
O presidente da federação, Júlio Dornelles de Matos entregou aos deputados uma carta para reivindicar R$ 40 milhões mensais do Estado para Secretaria Estadual de Saúde manter os contratos firmados com os hospitais nos mesmos patamares de 2014. Também pede o pagamento de R$ 132,6 milhões, referentes a outubro e novembro do ano passado.
A rede totaliza 245 instituições, localizadas em 197 municípios. Das 750 mil internações pelo SUS realizadas por ano, 550 mil são efetuadas nessas instituições, que empregam 65 mil trabalhadores. O Vale do Taquari tem 19 hospitais filantrópicos.
Para o deputado Pedro Pereira (PSDB), os hospitais estariam fechados sem ajuda de prefeitos e comunidades. Argumenta que a União repassa menos do que os 10% necessários para a saúde. Para o deputado Tarcísio Zimmermann (PT), a incerteza em relação aos pagamentos é o pior aspecto do problema.
“Declaração infeliz”
A declaração do secretário estadual foi infeliz, de acordo com presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Taquari, André Lagemann. “É momento de se sentar à mesa e buscar solução.”
Hospitais começam a suspender serviços. O de Candelária já não atende mais pelo SUS, enquanto o Hospital Tacchini, de Bento Gonçalves, está fechando a UTI pediátrica. Para Lagemann, o único ponto positivo do encontro foi a promessa de audiência com Sartori, nesta terça-feira.
“Todos itens que pedimos são justos. Compreendemos que o Estado passa por momento difícil, mas defendemos as 7 milhões de pessoas que precisam de atendimento.” Segundo ele, ainda não há previsão de corte nos serviços na região. No entanto, diz, a medida será inevitável, caso nenhuma das reivindicações seja atendida.
