Vale do Taquari – A greve dos caminhoneiros continua e os efeitos nas entregas de produtos pelo Estado preocupam a sociedade. Ainda que poucos estabelecimentos do Vale registrem falta de combustíveis, caso o protesto continue, há risco de postos ficarem sem o produto a partir da próxima semana. Nas indústrias, além da falta de insumos que começa a ameaçar a produção, o estoque produzido fica parado.
Nessa sexta-feira, postos em Arroio do Meio tiveram falta de gasolina. Um posto do bairro Bela Vista ficou sem gasolina durante a tarde de ontem. Previsto para chegar ainda de manhã, o caminhão que traria 15 mil litros do combustível em espécie comum e aditivada não chegou até o fechamento da edição.
Segundo o gerente, Valderi Lanzen, a procura foi grande. O posto ofereceu gasolina só de manhã. Durante o resto do dia, dispunha apenas de diesel. Um morador de Capitão tentou reabastecer o carro. Teve que seguir viagem com o nível na reserva e abastecer na sua cidade, onde o preço é de R$ 3,78 o litro da gasolina comum.
Outro cliente, morador de Arroio Grande, quis abastecer o tanque da motocicleta e ficou desapontado com a falta do combustível e criticou o movimento dos caminhoneiros. O motociclista afirma que veio de uma viagem de Santa Cruz do Sul para Lajeado e havia pelo menos 30 pontos de bloqueios nas rodovias. Afirma que a cada acesso ou rótula havia caminhão e trator na pista. “Quem são eles para definir quem deve ou não passar? Só polícia pode fazer isto”, irrita-se.
Lajeado. Estabelecimentos tinham combustíveis em estoque. Funcionária de um estabelecimento na Av. Senador Alberto Pasqualini afirmou que as entregas chegaram como o previsto na quarta, quinta e nessa sexta-feira.
Encantado. Um dos postos ficou sem gasolina por duas horas na quarta e quinta-feira. De acordo com uma frentista, a venda de combustíveis foi duas vezes maior nesses últimos dias. “O movimento subiu muito porque as pessoas estão com medo de ficar sem gasolina.”
Conforme o Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), cerca de 60% dos postos no interior gaúcho estão sem combustíveis. A afirmação partiu do presidente, Adão Oliveira, em entrevista concedida à rádio Guaíba nessa sexta-feira.
Segundo ele, algumas distribuidoras não estão mais carregando os caminhões. As regiões mais afetadas pelo desabastecimento ficam nas Missões e Sul.
Indústria reduz atividades
A greve nas estradas começa a afetar a produção industrial no Vale. Na segunda-feira as atividades da fábrica de embutidos da Cosuel serão paralisadas. De acordo com o superintendente-executivo da cooperativa, Carlos Alberto Figueiredo, a fábrica ficará parada devido à falta de embalagens, temperos e especiarias.
“Caso a greve não encerre, logo teremos que parar também a produção de leite”, reforça. Segundo ele, os bloqueios nas estradas fazem com que os produtos fiquem trancados na cooperativa, uma vez que não chegam ao destino prevista. “Estamos apenas enviando para locais próximos.”
Nessa sexta-feira, 27 a Companhia Minuano de Alimentos suspendeu o abate de aves e parte dos funcionários foram liberados do trabalho em Lajeado. Na unidade de produção de Arroio do Meio não há alterações.
Na indústria BRF, o setor de suínos também foi paralisado na sexta-feira. Já o setor de aves segue.
Bloqueio em 75 pontos
No quinto dia de protestos nas rodovias do Estado, as polícias rodoviárias Estadual e Federal contabilizaram 75 pontos de bloqueio. No país, houve manifestações em 14 estados.
Na região, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o único ponto da BR-386 com barreira fica em Fontoura Xavier. Conforme a PRF, apesar de não haver caminhões parados na via, um grupo de manifestantes colocou fogo em pneus para fechar a rodovia.
As rodovias estaduais registraram três bloqueios. A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) de Cruzeiro do Sul registrou protesto no Km 10 da ERS-453, no trevo de Linha Palanque.
Na área de abrangência da PRE de Encantado foram duas barreiras, no Km 82 ERS-129, em Muçum, e no Km 62 da ERS 332, em Arvorezinha. Mais de 20 caminhões parados em cada um dos bloqueios. Na região atendida pela PRE de Teutônia não houve protestos.
Liberação na justiça
O governo conseguiu na Justiça a liberação das rodovias federais em 11 estados. Porém os caminhoneiros mantêm bloqueios em seis deles. Os juízes fixaram multas que variam de R$ 1 mil a R$ 50 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar as pistas. Porém as decisões se referem apenas às rodovias federais.
