Vale do Taquari – Os 20 hospitais da região reduzem ou encerram atendimentos eletivos a partir de março, caso o Estado não proponha um cronograma para quitar a dívida de quase R$ 8,4 milhões. O prazo termina na sexta-feira, 27, durante assembleia da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos.
Os débitos de serviços pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são referentes a outubro e novembro de 2014 e de parte de janeiro. A dívida total no Estado chega a R$ 187 milhões.
Diretores dos hospitais, vereadores e prefeitos do Vale do Taquari se reuniram no Hospital de Estrela, nessa sexta-feira, para avaliar a crise financeira. Os mais prejudicados são os hospitais de Teutônia, Estrela, Arroio do Meio, Taquari, Encantado e Lajeado.
Parte do dinheiro provém da União, mas é retido pelo Estado, com a justifica de dívida de ao menos R$ 5,4 bilhões. O Hospital Bruno Born (HBB), devido à gestão plena, recebe os recursos federais por meio do município. No entanto, pela alta demanda de serviços, a pendência pelo SUS chega a R$ 3,8 milhões.
Para o presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Taquari, André Lagemann, a mobilização ocorre pelo descumprimento de um acordo com Estado. Em janeiro, só repassou parte do dinheiro devido. “Foi tratado que negociaríamos a dívida de 2014, mas que os repasses de 2015 fossem cumpridos. Até agora, não aconteceu.”
Para Lagemann, a população será prejudicada mesmo sem consenso pela paralisação. “Sem dinheiro, não há como manter todos serviços. Cortes serão inevitáveis.” No caso de hospitais comunitários, a crise financeira pode se agravar a ponto de fechar as portas. Diretores afirmam não ter alternativas de procurar recursos. Se limitam às operações bancárias.
Hospitais de Sobradinho e Santa Cruz do Sul já reduzem serviços. O maior problema pela interrupção da estrutura de atendimentos, segundo Lagemann, é a posterior retomada. “Se desmontar uma estrutura consolidada, a mobilização necessária para reergue-la será maior.”
O pagamento da dívida deve partir do governador José Ivo Sartori, com o poder do decreto. Apesar de o secretário estadual de Saúde, João Gabbardo dos Reis, dialogar com federação e sindicatos, diz não ter autonomia para ajudar.
Salários atrasados
Com mais de R$ 1,4 milhões a receber do Estado e um financiamento bancário de R$ 2 milhões, o Hospital de Estrela precisa adiar o pagamento a médicos, fornecedores e mantenedora. Os salários foram postergados após negociação com os funcionários.
De acordo com a administradora, Teresia Steffen, essa é a única forma de manter o hospital, por enquanto. A partir dos próximos meses, diz, não haverá opção. “Ou recebemos o dinheiro, ou paramos atendimentos.”
O que pode parar
Caso os hospitais restrinjam os atendimentos de urgência ou emergência, com evidente risco de morte, milhares de pessoas serão prejudicadas na região. Para resolver o problema de uma hérnia de disco, por exemplo, o paciente não terá acesso à cirurgia corretiva pelo SUS. Sequer poderá realizar a consulta prévia.