Pela América de Kombi

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Pela América de Kombi

Grupo desbrava países latino-americanos em três veículos, entre eles, uma Kombi 1977, que se revelou a mais forte da frota. Entre as manutenções e pneus furados, uma Escosport teve de ser guinchada e trazida de volta pelo seguro.

oktober-2024

Vale do Taquari – Há exatos 12 anos estreava no SBT o reality show O Conquistador do Fim do Mundo – competição com provas de aventura que se passavam na Patagônia, Argentina e Chile, expondo o clima hostil e as belas paisagens da região.

03O programa despertou no eletricista Guilherme Pochmann, que na época tinha 13 anos, o sonho de conhecer esses lugares. Fascinado, não deixou esmorecer a vontade, compartilhada, mais tarde, com colegas no Ensino Médio. “Eu e meu amigo Antônio Augusto Soares desenhávamos como seria o interior da Kombi que nos levaria ao ‘fim do mundo’”, lembra.

Ao completar 18 anos, Guilherme comprou a Kombi 77. “Era o que meu pouco dinheiro permitia.” Depois de muitas reformas e consertos, deixou-a em dia e funcionando.

O grupo de amigos se reuniu para assistir a programa de TV que mostrava cenas do “fim do mundo”. Decidiram viajar e marcaram a data: janeiro de 2013. “Em dois anos partiríamos para realizar o sonho.”

Começaram viajando para lugares mais próximos como Caxias do Sul, Vacaria, depois São Paulo, Blumenau, Foz do Iguaçu e até Patagônia. Devido ao sucesso, fizeram a primeira grande viagem completando dez mil quilômetros. O destino: Machu Picchu.

As manutenções

Nesta viagem a Machu Picchu – a primeira grande prova da Kombi – um dos cabeçotes se soltou. Devido à péssima qualidade da gasolina dos países vizinhos, o fluxo de combustível entupiu. As velas foram danificadas e foi preciso trocá-las. “O motor perdia a força e tivemos que trocar também o filtro”, conta Pochmann.

Para ele, andar dez mil quilômetros em 20 dias com uma Kombi de quase quatro décadas é coisa normal. “Apenas fiz as revisões necessárias e trocas de óleo. Qualquer motor em boas condições pode aguentar.” E aguentou. Os veículos que deram mais preocupações foram as Ecosport anos 2004 e 2005. Nesta última viagem, por exemplo, durante a volta para casa, no Pantanal Mato-Grossense, uma delas colidiu em um veado e ficou sem condições de andar. O dono acionou o seguro que a trouxe de guincho para casa.

Durante os dez mil quilômetros, apenas um pneu da Kombi furou. A Ecosport furou dois e apresentou problemas na temperatura. “Vínhamos repondo periodicamente a água do radiador, que aquecia devido a problemas na ventoinha. Em todos os carros, trocamos o óleo quando necessário.”

Estradas, acolhidas e propinas

Na ida, na cordilheira boliviana, a estrada de chão entre as cidades de Camiri e Cochabamba foi a pior, sem contar as percorridas na volta ao Brasil. Entre as melhores, estão as da Argentina. “Asfalto bom e bem sinalizado”, diz Pochmann.

O grupo acampava sempre que possível e apenas em dias de chuva procurava hotéis. Os acampamentos normalmente eram em postos de combustíveis, para usoar banheiros com chuveiros.

Segundo os aventureiros, o atendimento foi bom de uma forma geral. O percalço maior foi com a polícia paraguaia. Segundo eles, havia alguns policiais corruptos que cobraram propinas para deixá-los seguir viagem. “Isto afasta os turistas e é repudiado pelos próprios paraguaios, que perdem com isto.”

Porquinho-da -índia assado

O grupo, nos primeiros dias, preparava a própria comida, mas isto fazia perderem tempo. Então resolveram comer em restaurantes. Com bons cardápios, havia opções parecidas com as comidas brasileiras, mas com uma ressalva: carregadas de pimenta.

Entre as mais exóticas que experimentaram, citam a “Cuy al horno”, espécie de porquinho-da-índia assado inteiro no forno. Carnes de alpaca e truta são comuns e saborosas nessas regiões.

Viajantes: Guilherme Pochmann, Arthur Bernardo Henz, Rodrigo Alex Kronbauer, Paulo Eduardo Caye, Ana Paula Martins, Edinei Jantsh, Vinicius Merlo da Silva, Denise do Couto, Rafael Egewarth, Daniela Pochmann Egewarth, Ana Carolina Egewarth, Maria Luisa Egewarth, Fernando Schneider, Emanuel da Silva, Michel Kich.

40ºC de diferença

No norte da Argentina, o grupo enfrentou temperaturas elevadas, com sensação térmica de 50ºC. A vegetação composta por cáctus e árvores espinhentas dava a noção de deserto. Na Bolívia, devido à altitude, as temperaturas foram bem mais amenas, incluindo muita neve. Foi a primeira vez que Pochmann e o grupo conheceram o fenômeno dos países frios.

Certo dia, acamparam por volta das 23h em um paradouro à beira da estrada. O céu estava estrelado. Por volta das 4h, um temporal com muita chuva e vento pegou todos de surpresa. Molhou tudo e a temperatura despencou. Uma hora depois, a água toda se transformou em gelo e a chuva virou neve.

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