Estado amplia cortes e hospitais ameaçam interromper serviços

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Estado amplia cortes e hospitais ameaçam interromper serviços

Ao contrário da promessa, repasses de janeiro não serão pagos

oktober-2024

Vale do Taquari – A dificuldade financeira das santas casas e hospitais filantrópicos chega ao extremo. Além dos rombos deixados pelo governo de Tarso Genro, sucessivos cortes por parte de José Ivo Sartori ameaçam a manutenção dos atendimentos.


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O Estado comunicou às direções hospitalares, ontem à tarde, que não tará dinheiro para saldar as despesas com a média e alta complexidade relativas a janeiro. Na região, instituições de quatro cidades são prejudicadas: Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul, Estrela e Teutônia.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Taquari, André Lagemann, são afetados com a medida hospitais cuja gestão plena é feita pelo governo estadual.

O dinheiro provém da União e o repasse é feito pelo Estado. “Contudo, o governo usou os recursos para pagar passivos relativos a dezembro com outros hospitais.” Apenas no Ouro Branco de Teutônia, onde Lagemann é diretor executivo, o prejuízo chega a R$ 360 mil.

“A situação realmente começa a colocar em dúvida a prestação de serviços à comunidade”, aponta o presidente. O sindicato convoca hospitais da região para debater medidas emergenciais. Audiência deve ocorrer na próxima semana. Lagemann se diz frustrado com o governo. “Há duas semanas, prometeram pagar em dia e agora anunciam mais cortes.”

A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul havia agendado assembleia geral para o dia 27, para debater a suspensão dos atendimentos no Estado. Mas, diante dos fatos desta semana, o encontro deve ser antecipado.

Em paralelo, sindicatos regionais e federação buscam uma audiência com a alto escalão do governo gaúcho. “Precisamos mostrar ao governador e demais chefias a gravidade do cenário. Da forma como está, é inviável manter os hospitais”, aponta Lagemann. Também será apresentado a Sartori e ao secretário da Fazenda, Giovane Feltes, uma lista de pacientes a serem excluídos do processo assistencial, caso os cortes persistam.

Dívidas e menos recursos

Reunião entre a diretoria da federação e o secretário estadual da Saúde, João Gabbardo, nessa segunda-feira, terminou com decepção para os representantes da entidade. De acordo com o presidente Júlio Dornelles de Matos, o Estado anunciou corte de 30% dos recursos da secretaria – redução de R$ 103 milhões por mês para R$ 70 milhões.

Matos ressalta a dificuldade de os hospitais operarem, visto a dívida de R$ 255 milhões referente a serviços prestados em outubro e novembro do ano passado. “Daqui pra frente, a ordem da área econômica do governo é para que santas casas, hospitais, prefeituras e outros prestadores se organizem para trabalhar com 30% a menos de recursos.”

Conforme Matos, se antes já havia um déficit anual dos hospitais filantrópicos superior a R$ 400 milhões na prestação de serviços ao SUS, agora não haverá opção que se possa fazer a não ser reduzir leitos, demitir trabalhadores, rescindir contratos médicos, fechar agenda de atendimentos e, ao fim, fechar hospitais. “E os pacientes? Quem vai assisti-los? Quem responderá pelas mortes inevitáveis que acontecerão? A população usuária do SUS (sete milhões de gaúchos) precisa urgentemente ser informada disso”, aponta o presidente.

Hospitais de Ijuí, Sobradinho, Candelária, Triunfo, Uruguaiana, Passo Fundo e diversas instituições do Vale do Rio Pardo e da Região Noroeste já suspenderam atendimentos ou estão na iminência de fazê-lo.

HBB tem passivo de R$ 3,8 milhões

A direção do Hospital Bruno Born (HBB), de Lajeado, busca opções para evitar cortes nos atendimentos. Apenas em relação a programas e serviços prestados por meio do SUS, a pendência soma R$ 3,8 milhões.

Destes, R$ 1,1 milhão se refere ao convênio firmado com a administração municipal e R$ 2,7 milhões de atrasos por parte do Estado. Os percalços com o município se arrastam desde maio do ano passado.

Reunião com o secretário da Saúde de Lajeado, Glademir Schwingel, nessa terça-feira, não resultou em solução. “A administração não tem perspectiva de pagar. Faremos uma reunião interna para ver medidas a serem adotadas em curto e longo prazo”, diz o diretor-executivo do hospital, Cristiano Dickel.

Diante do anúncio de novos cortes no envio de recursos por parte do Estado, Dickel se diz preocupado. “Não sabemos o tamanho do impacto, mas certamente faremos mudanças. É inviável prestar um serviço e não receber por ele.”

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