Cesta básica é a segunda mais cara do país

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Cesta básica é a segunda mais cara do país

Alta nos preços dos alimentos impulsiona inflação. Carne e batata lideram índice

A cozinheira Maria da Cruz, 45, percebe a variação no preços dos alimentos todos os dias. Segundo ela, o valor cobrado pela comida tem aumentado gradativamente nos últimos meses, mas em janeiro foi maior que o esperado.

03“Causou aperto no orçamento familiar, porque o salário não acompanha o crescimento dos preços”, afirma. A cesta básica gaúcha é a segunda mais cara do Brasil, conforme levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Em média, os gaúchos pagam R$ 361,11 pela cesta. O crescimento no valor em relação a dezembro de 2014 foi de 3,6%. Hoje, para adquirir o conjunto de produtos considerados básicos, uma família precisa desembolsar quase 50% de um salário mínimo de R$ 788.

A dona de casa Zilda Costa de Almeida, 65, disse estar assustada com a elevação dos preços. “O dinheiro que gastava em um racnho não é mais suficiente”, relata. Para ela, o maior impacto está no valor da carne “Subiu mais do que esperava.”

A carne bovina apresentou alta de 4,3% entre dezembro e janeiro. O aumento é considerável se levarmos em conta o pouco tempo decorrido na variação. Mas foi a batata que subiu mais no período, com aumento próximo de 75%.

Mecânico aposentado, Paulo Roberto Santos diz que o valor gasto no mês em mercado dobrou em cerca de cinco anos. “Está tudo mais caro, principalmente comida”, frisa. Conforme o Dieese, o valor do salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria chegar a R$ 3.118,62. É quase quatro vezes mais do que o atual.

A Constituição estabelece que o salário mínimo seja suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Porém, com a constante alta de preços, a determinação está longe de se tornar realidade.

Estiagem influencia preços

O menor índice de chuvas registradas no país ao longo do ano passado é um dos principais responsáveis pela alta da inflação. Segundo o IBGE, a seca prejudicou tanto o abastecimento de energia quanto a produtividade das lavouras.

Com redução na oferta de alimentos, a alta nos preços do setor chegaou a 8%. Item que mais influenciou a inflação, com alta de 22,21% no ano passado, a carne foi prejudicada pelo pouco desenvolvimento do pasto, ampliando o custo para alimentar os rebanhos.

A seca também causa impacto no custo da energia elétrica. Sem chuva, os reservatórios das usinas ficam vazios, obrigando a utilização de usinas termelétricas, que geram energia mais cara. Com isto, o custo da produção também se eleva.

Inflação em alta

A inflação oficial do país teve alta de 1,24% em janeiro. O cálculo é medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e serve de parâmetro para as metas inflacionárias do Banco Central. Em dezembro do ano passado, o índice chegou a 0,78%.

O resultado aponta acúmulo de 7,14% nos últimos 12 meses. O índice está acima do teto da meta do governo para o IPCA, que é 6,5% ao ano. Em janeiro de 2014, a taxa subiu 0,55%. O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980. Refere-se a dez principais regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília.

Outros fatores que contribuem para a inflação são a alta do dólar e o aumento das exportações. O crescimento da demanda gerado pela elevação do emprego e da renda também tem impacto nos preços.

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