Quatro títulos que valem um século

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Quatro títulos que valem um século

Nos últimos quatro meses, o Clube Esportivo Lajeadense arrebatou mais títulos do que nos 100 anos de história comemorados em 2011. A sequência de troféus transforma o clube em um dos maiores do interior gaúcho. Direção aposta em mais conquistas para 2015, e promete não medir esforços para manter o melhor momento do Alviazul desde a sua fundação

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“Expresso AlviAzul”. É assim que alguns jornalistas do Estado chamam o Lajeadense após a sequência de troféus dos últimos quatro meses. Em menos de 120 dias, conquistou a Taça Fernandão, a Copa Sul-Fronteira, a Supercopa Gaúcha, e domingo, diante do poderoso Internacional de Porto Alegre, papou a Recopa Gaúcha. Fundado em abril de 1911 pelos jovens Deodato Borges de Oliveira, Carlos Gravina, Álvaro da Costa Mello, Fritz Plein, Paulo Lima, o clube já tem sete títulos estaduais.

01A taça de domingo veio nos pênaltis. O jogo decisivo, válido também pela primeira rodada do Campeonato Gaúcho, terminou empatado em 1 a 1, com gols de Gilmar, para o Alviazul e Ernando, para o Colorado. Nas penalidades, destaque para o goleiro Luís Muller, que defendeu as cobranças de D’Alessandro e Fabrício, e viu o atacante Sasha acertar a trave. Rafael Gava, Márcio Goiano e Vinícius converteram para o time de Lajeado. Quase cinco mil pessoas assistiram ao confronto na Estádio AlviAzul.

A fúria do craque colorado D’Alessandro ao fim do jogo resume tudo. O Alviazul é uma pedra no sapato dos grandes clubes do Estado desde que voltou da falência há cinco anos, após passar quase uma década abandonado. O empate com o Inter mostrou um grupo organizado e aguerrido. Estava claro, desde os primeiros minutos, que a taça da Recopa Gaúcha – uma disputa entre o Campeão Gaúcho e o Campeão da Supercopa Gaúcha de 2014 – ficaria em Lajeado.

O meio-campo argentino sabia disso. Por isso ficou sem resposta diante do repórter da Sportv, quando questionado sobre as razões que levaram o milionário Inter a perder a taça. “Tu não viu o jogo? Tu não viu o jogo?”, retrucava o craque, visivelmente irritado com o resultado. Todo viram. Na primeira partida oficial sob comando do técnico uruguaio Diego Aguirre, o Colorado não conseguiu se impor ao esquema tático montado por Luís Carlos Winck.

“De igual para igual”

O Alviazul vive hoje o melhor momento de toda sua história. Dos sete títulos estaduais conquistados, quatro foram alcançados entre outubro de 2014 e janeiro de 2015. Um recorde difícil de ser batido. Além da sequência de troféus, o time costuma crescer diante da dupla Gre-Nal, e hoje já briga “de igual para igual” com a dupla Ca-Ju.

Desde que voltou à elite do Campeonato Gaúcho, em 2011, foram cinco jogos do Lajeadense contra o Inter, com três empates, uma vitória e uma derrota. Contra o Grêmio, são quatro jogos, com um empate, duas derrotas e uma vitória de 2 a 0 em pleno Estádio Olímpico. Em 2013, o clube também foi o vice-campeão Gaúcho, à frente do tricolor de Porto Alegre.

Folha salarial de R$ 162 mil

O elenco de 28 atletas representa menos de 25% do salário mensal do argentino D’Alessandro, do Inter. Dutra não quis expôr quem recebe mais no grupo, mas garante que os valores devem diminuir até 70% no segundo semestre. “Hoje, nossa receita com recursos da televisão e patrocinadores é próxima de R$ 200 mil mensal. Para o próximo semestre, como perderemos recursos, vamos baixar nossa folha salarial para cerca de R$ 50 mil”, adianta. Hoje, o clube conta com pouco menos de 300 associados.

Na presidência do clube desde o fim de 2011, quando substituiu o também vitorioso Nilson Giovanella, Dutra deve deixar o cargo em junho. “Fizemos um bom jogo contra a excelente equipe do Inter, e estamos aí com mais um título. Sei que hoje sou o dirigente mais vitorioso da história, já caiu a ficha. Mas vou sair em junho para tocar meus negócios próprios”, confessa o presidente.

Dutra tem como principal objetivo manter o Alviazul na elite do futebol gaúcho. Mas, diante de duas competições nacionais – Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro da Série D –, o dirigente admite o desejo de ver o clube levantando um troféu fora do Rio Grande do Sul. “O primeiro passo é ficar na elite gaúcha. Depois, com humildade e muito trabalho, vamos tentar beliscar algo mais”, finaliza.

Veranópolis é próximo desafio

O Lajeadense já se programa para o segundo confronto do estadual. Amanhã, a equipe encara o Veranópolis, a partir das 20h30min, no Estádio Antônio David Farina. O técnico do Alviazul, Luís Carlos Winck, destacou a importância de acabar com a “afobação por título.” “A taça da Recopa é passado. Agora temos que focar nos próximos jogos.” Ele considera a próxima partida complicada. Na primeira rodada, o adversário empatou com o Cruzeiro fora de casa, e também tem um ponto na tabela de classificação.

Entrevista com goleiro, Luiz Müller

A Hora – O que foi determinante para a conquista do título?

Luiz Müller – Foi o espírito e a confiança da equipe. Também fizemos tudo que o treinador pediu e isto ajudou. Tenho que ressaltar o trabalho do treinador de goleiros, o Zé Carlos. Estou muito feliz e muito agradecido por tudo que ele tem feito por mim.

Por ter sido contra o Internacional, o título vale mais?

Luiz Müller – Com certeza. A valorização é muito grande, pois faz mais de 15 anos que nenhuma equipe do interior consegue ganhar um título em cima do time principal da dupla Gre-Nal. O último foi o Caxias, em 2000.

O Lajeadense está fortalecido para a disputa do Gauchão?

Luiz Müller – Acho que as dificuldades aumentarão. As equipes virão de outra forma contra a gente, mais motivadas ainda. Por isto temos que nos preparar ainda mais e melhor. O Lajeadense se tornou uma equipe a ser batida e os adversários terão mais respeito e vontade de ganhar.

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